Conteúdo

  1. Prólogo da Ordem Final
  2. Prefácio da Quinta Edição
  3. Introdução
  4. A Evidência
  5. Objeções diretamente relacionadas com a forma e as circunstâncias da ordem final
    1. 1.  “A carta, 9 de Julho claramente insinua que somente se aplicava enquanto Çréla Prabhupäda estivesse presente.”
    2. 2.  “A carta não diz especificamente que ‘este sistema deverá continuar após a partida de Çréla Prabhupäda’; portanto, foi correto parar o sistema åtvik quando Çréla Prabhupäda partiu.”
    3. 3. “Certas instruções obviamente não podem continuar depois da partida de Çréla Prabhupäda, e assim está entendido que a intenção de Çréla Prabhupäda era que fossem seguidas somente durante  a sua presença; por exemplo, alguém podia  ter sido apontado para dar a Çréla Prabhupäda sua massagem cotidiana “daqui para frente”. Pode ser que a ordem åtvik seja do mesmo tipo?”
    4. 4. “O fato de que a ordem fora ‘apenas’ emitida  numa carta, e não num livro, nos dá a licença para interpretá-la  indiretamente.”
    5. 5. “Talvezhouvesse alguma condição especial envolvendo a emissão da ordem que prevenha sua aplicação depois da partida de Çréla Prabhupäda?
    6. 6. “A ‘fita da nomeação’ contém informação relevante que claramente estabelece que a ordem do dia 9 de Julho seria aplicada somente enquanto Çréla Prabhupäda estivesse fisicamente no planeta, não?”
    7. 7. “Çréla Prabhupäda declarou muitas vezes que todos os seus discípulos deveriam se tornar gurus. Certamente isso prova que Çréla Prabhupäda não tinha a intenção que o sistema åtvik fosse permanente.”
    8. 8. “Não haverá  algum princípio  sástrico, nos livros de Çréla Prabhupäda que proíba a concessão de dékñä quando o guru não está no mesmo planeta do discípulo?”
    9. 9. “Uma vez que esta instrução levaria a um sistema que não tem precedente nem base histórica, ela deve ser rejeitada.”
    10. 10. “Uma vez que não há menção especifica do sistema åtvik antes do dia 9 de Julho de 1977, não é possível ter sido a intenção de Çréla Prabhupäda que tal sistema continuasse depois do desaparecimento de seu desaparecimento.”
  6. “A Fita da Nomeação”
  7. Objeções Relacionadas
    1. 1. “Çréla Prabhupäda não mencionou o uso de åtviks em seus livros.”
    2. 2. “Como  pode parikñä (mútua análise entre o guru e o discípulo), um elemento essencial em dékñä, ser possível sem contato físico?”
    3. 3. “Nós poderemos aceitar Çréla Prabhupäda, mas como nós saberemos que ele nos aceitou como seus discípulos, mesmo na sua ausência física?”
    4. 4. “Somente se a iniciação, dékñä, tiver ocorrido antes de o guru deixar o planeta é possível continuar aproximando-se, inquirindo  e servindo-o em sua ausência física.”
    5. 5. “O que vocês estão propondo soa suspeitosamente como Cristianismo!”
    6. 6. “Os åtviks dão um tipo de dékñäÇréla Prabhupäda é apenas nosso siksa guru.
    7. 7. “Se Çréla Prabhupäda é o sékñä guru de todos, então como ele pode também ser o dékñä guru?”
    8. 8. “Você  está dizendo que Çréla Prabhupäda não fez nenhum devoto puro?”
    9. 9. “Enquanto um guru estiver seguindo estritamente, não importa quão  avançado ele seja, eventualmente ele irá se tornar qualificado e levar discípulos de volta para o Supremo.”
    10. 10. “O sistema åtvik por definição significa o final da sucessão discipular.”
    11. 11. “O sistema åtvik significa o fim da relação guru-discípulo, a qual tem sido a tradição  por milhares de anos.”
    12. 12. “Åtviks não são o meio  regular para conduzir se a sucessão discipular. A maneira apropriada  para fazer isso é ter um guru ensinando o discípulo tudo o que ele necessite para saber sobre Kåñëa, enquanto fisicamente presente. Uma vez que o guru abandone o planeta, é deverde todos os seus discípulos estritos imediatamente começar a iniciar seus próprios discípulos, assim levando adiante a sucessão discipular. Este é o modo regular de fazer as coisas.”
    13. 13. “Se nós adotarmos o sistema åtvik, o quê iria imperdir-nos de aceitar iniciação de qualquer äcärya anterior, como por exemplo Çréla Bhaktisiddhänta?”
    14. 14. “Para alguém ser o elo corrente ele deve estar presente fisicamente.”
    15. 15. “Todos os irmãos espirituais de Çréla Prabhupäda se tornaram äcäryas iniciadores após o desaparecimento de Çrila Bhaktisiddhänta, então o que está errado se os discípulos de Çréla Prabhupäda fazem o mesmo?”
    16. 16. “Quando  Çréla Prabhupäda disse que eles não deveriam ser äcäryas, ele quis dizer com  um “A” maiúsculo. Ou seja, um äcärya que dirija uma instituição.”
    17. 17. “É comumente compreendido que há três tipos de äcäryas. Todos na ISKCON aceitam isso.”
    18. 18. “Isso parece um pequeno ponto, então como estas idéias sobre os äcäryas poderiam ter causado algum significativo efeito adverso na ISKCON?”
    19. 19. “De acordo com  o Jornal da ISKCON de 1990, alguns irmãos espirituais de Çréla Prabhupäda eram de fato äcäryas.”
    20. 20. “Çréla Prabhupäda algumas vezes falou bem de seus irmãos espirituais.”
    21. 21. “Nós sabemos que os äcäryas fidedignos não têm que ser tão avançados, porque algumas vezes eles caem.”
    22. 22. “Mas äcäryas anteriores inclusive descrevem o que alguém deve fazer quando o mestre espiritual se desvia.”
    23. 23. “Mas o que está errado em consultar äcäryas anteriores?”
    24. 24. “Por que Çréla Prabhupäda não explicou o que fazer quando um guruse desvia?”
    25. 25. “Assim que os discípulos de Çréla Prabhupäda alcançarem a perfeição, o sistema åtvik se tornará redundante”.
    26. 26. “Os proponentes do sistema åtvik apenas não querem se render a um Guru.”
    27. 27. “Mas quem  irá oferecer orientação e dar serviço para os devotos se não houver dékñä gurus?”
    28. 28. “Em três ocasiões Çréla Prabhupäda disse que você precisa de um guru físico, e ainda assim toda a sua posição baseia-se da idéia de que não.”
    29. 29. “Não pode o dékñä guru ser uma alma condicionada?”
    30. 30. “Çréla Prabhupäda colocou o GBC na cabeça da Sociedade para administrar tudo e essa é a forma que eles escolheram para as iniciações .”
  8. Conclusão
  9. O Que é Um Åtvik?
  10. Dékñä
  11. O Guru Deve Estar Fisicamente Presente?
  12. Siga As Instruções, Não o Corpo 
  13. Os Livros São o Suficiente
  14. O Çréla Prabhupäda é o Nosso Guru Eterno
  15. APÊNDICES
    1. 09 de Julho, 1977 Carta: “Para Todos GBC e Presidentes de Templo”
    2. 10 de Julho, 1977 Carta 
    3. 11 de Julho, 1977 Carta 
    4. 21 de Julho, 1977 Carta 
    5. 31 de Julho, 1977 Carta
    6. Declaração de testamento de Çréla Prabhupäda (4 de Junho, 1977) & Codicilo (5 de Novembro, 1977)
    7. Conversa no Quarto, dia 22 de Abril, 1977, Bombay
    8. Conversa no Quarto, dia 27 de Maio, 1977, Våndävana
    9. Conversa no Quarto, dia 28 de Maio, 1977, Våndävana*
    10. Conversa no Quarto, dia 7 de Julho, 1977, Våndävana
    11. Conversa no Quarto, dia 19 de Julho, 1977, Våndävana
    12. Conversa no Quarto, dia 18 de Outubro, 1977, Våndävana
    13. Conversa no Quarto, dia 2 de Novembro, 1977, Våndävana
    14. Confissões de Tamäla Kåñëa na Casa da Pirâmide, 3 de Dezembro de 1980





Prólogo da Ordem Final

Dr. Kim Knott, Conferencista Sénior em Estudos Religiosos, Universidade de Leeds, Reino Unido.

Equanto pesquisava para um artigo recente sobre ‘Percepções internas e externas de Çréla Prabhupäda’, euencontrei a mim mesma tentando fazer justiça às diferentes visões mantidas pelos devotos com o que diz respeito à sucessão discipular eo papel dos gurus depois do desaparecimento de Prabhupäda em 1977. Naturalmente, antes disso eu estava ciente desse período de crises envolvendo a queda dos gurus e das ondas de choque e tristeza experimentadas pelos irmãos e irmãs espirituais bem como pelos discípulos iniciados por eles . Eu tive a esperança, como muitos, de que a reforma dos gurus no final dos anos 80 iria solucionar a liderança da ISKCON e as dificuldades com asiniciações. Olhando novamente o assunto enquanto preparava o artigo, eu li alguns argumentos a favor e contra o sistema atual, bem como o trabalho de outros estudiosos em questões sobre o guru e sucessão. Claramente este ainda era um assunto atual. No último estudo sobre “A Instituição Parampara”, no volume 5 do Journal of Vaisnava Studies, Jan Brzezinski discute sérios aspectos sobre isso, dando grande importância à liderança carismática e qualificada para o futuro da ISKCON. É apenas um ponto de vista dele, mas é indicativo do poder deste assunto em motivar interesses dentro e fora do Movimento.

No final de 1996, eu fui convidada para ler A Ordem Final para dar a minha opinião e discutir sobre as questões apresentadas nela. Lendo o texto eu não tive dúvidas de que era uma matéria de grande significado para a ISKCON, sobre a qual muitos devotos sentiriam profundamente. Pareceu-me que ele levantava importantes questões teológicas concernentes à autoridade espiritual e sua transmissão; o relacionamento do discípulo e o representante de Kåñëa; o guru e os objetos adequados de adoração devocional. Sendo alguém do lado de fora, eu sou totalmente incapaz de julgar a matéria (e incapaz de medir a evidência apresentada aqui contra a evidência do atual sistema de äcäryas). Contudo, sou capaz de recomendaro que é apresentado aqui como uma séria tentativa de discutir o caso, uma vez que Çréla Prabhupäda estabeleceu um sistema de gurus åtviks, que ele pretendia que iniciassem os discípulos em seu nome. Eu espero que este texto seja lido cuidadosamente e discutido amplamente, não porque eu apóie ou condene  esta posição, mas porque a profundidade do assunto abordado demanda considerações em todos os níveis. Cada devoto tem um verdadeiro desafio nesta matéria.

Não há dúvidas que não é aconselhável que um estranho envolva-se pessoalmente escrevendo tal prólogo, mas meus motivos permanecem sendo o meu interesse no Movimento e benquerer para com todos seus devotos.

Kim Knott, Fevereiro de 1997


Prefácio da Quinta Edição


Faz agora uma década que a primeira edição de A Ordem Final foi publicada em 1996. Originalmente, eu descrevi A Ordem Final como um “texto de discussão sobre as instruções de Çréla Prabhupäda para iniciação dentro da ISKCON”. Ninguém que conhece o Movimento pode negar que o texto provocou muita “discussão”, e assim foi bem sucedido na sua meta trazendo este assunto à luz.

Seria difícil para a liderança da ISKCON agora validamente ignorar os documentos legais pessoalmente assinados por Çréla Prabhupäda que claramente estabelecem sua intenção de permanecer como o dékñä guru para o movimento espiritual por ele fundado. São estes documentos legais que constituem a essência de A Ordem Final, que agora está sendo distribuído ao redor de todo o mundo e que também está disponível na web. Em váriospaíses A Ordem Final já foi ou está sendo traduzida (emfevereiro de 2006 as seguintes traduções já estavam disponíveis: Francês, Espanhol, Alemão, Russo, Chinês, Hindi, Bengali, Kannada; com traduções em Checo, Holandês, Tamil e italiano a caminho). Além disso, os líderes da ISKCON abertamente proibiram a sua distribuição em todos os centros da ISKCON. Por esta razão, há um grande número demembros da ISKCONem geral que ainda não leram o texto, apesar de toda a cobertura da mídia e controvérsia. Mas pelo menos para os líderes executivos da ISKCON e gurus,falta de conhecimento sobre a ordem que Çréla Prabhupäda deu para iniciação espiritual não é mais uma desculpa. Na introdução de A Ordem Final nós declaramos que:

“Nós consideramos muito improvável que alguém esteja deliberadamente desobedecendo ou fazendo com  que outros desobedeçam uma ordem direta de nosso Fundador-äcärya”.

Devido à evasão do GBC, obfuscação, violenta supressão e clara desonestidade sobre A Ordem Final, o que dissemos acima precisa ser revisado.

Agora existe uma organização mundial chamada  ISKCON Revival Movement (IRM) [Movimento de renascimento da ISKCON] que toma A Ordem Final como seu fundamento, e que foi estabelecida especificamentepara difundir suas conclusões. O Movimento possui um website (www.iskconirm.com) com mais de 100 artigos publicados pelo mesmo autor, e também publica uma revista colorida trimestral chamada Back to Prabhupada (De Volta a Prabhupada), a qual édistribuída gratuitamente para milhares de assinantes pelo mundo. Há cobertura mundial das atividades do IRM pela mídia , incluindo numerosos artigos e ítens na BBC. O IRM tem também feito apresentações em grandes conferências acadêmicas incluindo a Associação de Estudos sobre Cultos (CESNUR) e a Academia Americana de Religião. Além disso, o autor de A Ordem Final tem artigos publicados por vários publicantes acadêmicos e educacionais, incluindo: Columbia University Press, Firma KLM, Continuum International Publishing e Facts on File. Através desta mídia, o IRM tem ganhado vasta aceitação entre a comunidade culta como uma força para a reforma dentro da ISKCON. Desde a formação do IRM um crescente número de devotos da ISKCON e centros ao redor do mundo têm agora aceitado as conclusões de A Ordem Final.

Perguntas freqüentes sobre Movimento de Renascimento da ISKCON (IRM)

1. O que é o IRM?

O IRM é um corpo composto de devotos da ISKCON ao redor de todo o mundo que querem ver a Sociedade colocada no caminho certo, de acordo com as diretrizes do seu fundador, Çréla Prabhupäda

2. Por que existe o IRM?

A pureza original e o prestigio geral da ISKCON experimentou uma maciça deterioração desde a partida física do seu fundado no dia 14 de novembro de 1977. Çréla Prabhupäda sozinho estabeleceu a ISKCON em 1966 como um grande presente para o mundo, e ao partir ele deixou-a comouma força dinâmica,um farol de luz para a humanidade. Tristemente, hoje ela está se desintegrando- um fatoadmitido numa nota enviada em maio de 2000 pelo então presidente do GBC, Ravindra Svarupa Das:

“Portanto  a questão permanece: o que, então, iremos fazer?  Como  iremos lidar com  nossa Sociedade polarizada e desintegrante?”

Este declínio pode ser remontado aos vários desvios das instruções e padrões dados por Çréla Prabhupäda, dentre os quais o principal é tê-lo destituído do posto de único dékñä guru da ISKCON. O Movimento de Renascimento da ISKCON procura restaurar a ISKCON à sua glória,pureza e castidade filosófica anterior através da reinstituição de todas as instruções e padrões que Çréla Prabhupäda deu, iniciando com o seu papel de única autoridade e dékñä guru na ISKCON. A posição do IRM está estabelecida nos textos ‘The Final Order’ (A Ordem Final) e ‘No Change in ISKCON Paradigm’ (Não há modificações no paradigma da ISKCON). Ambos os textos estão disponíveis também no website: www.iskconirm.com

3. O IRM é separado da ISKCON?

Ele é um Movimento dentro do Movimento, composto por membros da ISKCON que querem reformar e reviver a Sociedade.

4. A meta do IRM é formar um novo movimento?

Não. É de restabelecer a ISKCON original que Çréla Prabhupäda nos deixou. Portanto, tão logo isto seja alcançado, o IRM será dissolvido.

5. Que diferença faria a restauração de Çréla Prabhupäda como o único dékñä  guru?

Primeiramente, é o mais básico axioma da vida espiritual, que nós podemos avançar somente quando seguimos de forma apropriada às ordens do guru. Se o guru pede leite e nós trazemos água, como Ele poderá ser agradado? E se o guru não é agradado, como então poderemos nos aproximar de Kåñëa?
 
Por cerca de três décadas a ISKCON não está fazendo o que Çréla Prabhupäda ordenou. Uma vez que Çréla Prabhupäda abandonou o planeta fisicamente, nós nãopermitimos que ele iniciasse mesmo uma pessoa via åtvik, ou sistema de representantes. Este é o único sistema de iniciação que Ele autorizou para dar continuidade dentro da Sociedade. Se os membros da ISKCON começarem mais uma vez a seguir as suas ordens, então naturalmente eles irão agradar o Senhor Kåñëa, e todo o progresso espiritualseguirá naturalmente. E também, se todos tiverem a mesma relação direta como discípulos de Çréla Prabhupäda, o faccionalismo será eliminado. Pela primeira vez em quase trinta anos haverá união em espírito de equipe, com todos trabalhando pela mesma meta – o serviço e glorificação de Çréla PrabhupädaÇri Kåñëa. Muitos “gurus”da ISKCON têm sido vítimas de grosseiras atividades pecaminosas; e quando eles deixam a Sociedade, levam consigo centenas de milhares de dólares e muito dos seus seguidores. Esta contínua perda de propriedades, fé e pessoal será eliminada uma vez que a fé seja colocada apenas em Çréla Prabhupäda, e não em substitutos falíveis. O dinheiro sugado de seus discípulos pelos 80 “gurus” na forma de daksinä (doação em dinheiro) irá para os templos, fazendo-os saudáveis e fortes.

6. Como  pode o IRM estar certo  de que a sua posição é correta  e que a do GBC não?

O IRM considera a sua posição correta uma vez que está baseada em documentos legais assinados que foram dirigidos a todo o Movimento. Por outro lado, o GBC jáapresentou pelo menos três posições oficiais contraditórias (nenhuma das quais têm o suporte de documentos legais), e assim não possue tecnicamente uma posição, o que dizer de uma posição correta. Devemos assinalar que não apenas estes vários fatores se contradizem uns aos outros, mas eventualmente também contradizem a si mesmos. Por exemplo, se nós tomarmos a simples pergunta sobre quando Çréla Prabhupäda autorizou a sua substituição como dékñä guru para a ISKCON, nós encontramos as seguintes respostas oficiais do GBC:

a) ‘On My Order Understood’ ( ‘Sob Minha Ordem’ compreendido, GBC, 1995): Çréla Prabhupäda deu a ordem para os gurus ao mesmo tempo que a ordem que os devotos deveriam atuar em seu nome, e isso ocorreu no dia 7 de Julho de 1977  (p. 28, em Gurus and Initiation in ISKCON  GBC, 1995).

b) ‘Disciple of My Disciple’ (Discípulo de Meu Discípulo), (H. H. Umapati Swami,  1997): onze dékñä gurus foram indicados e preparados no dia 28 de Maio de 1977, uma vez que “ åtvik” quer dizer “oficiante  äcärya”, que significa “dékñä guru”.

c) Prabhupäda’s Order’ (A Ordem de Prabhupäda, Badrinarayan das, 1998): no dia 9 de Julho de 1977, os onze estavam plenamente atuando como gurus, mas simplesmente observando a etiqueta na presença de Çréla Prabhupäda.

Como vimos acima, o GBC forneceu três diferentes datas para quando Çréla Prabhupäda aparentemente sancionou sua substituição: a) referindo-se a uma conversa no jardim; b) referindo-se a uma reunião entre Çréla Prabhupäda e alguns discípulos seniores, enquanto que c) refere-se a uma diretriz assinada sobre iniciação, pela qual este livreto é chamado (A Ordem Final). Deste modo, cada texto do GBC nos conta uma estória muito diferente. Mas para piorar:

Em março  de 2004, na reunião anual em Mayapur, o GBC oficialmente retirou o texto  “Under My Order Understood”, e de maneira  velada admitiram que continha “mentiras” e “exagerava os fatos”. A Ordem Final  havia sido originalmente escrita em desafio àquele mesmo texto  (ver a introdução), e o fato de que ele agora  foi retirado de forma desonrosa apenas confirma  a posição do IRM.

De forma muito clara, o GBC está confuso sobre quando os dékñä gurus sucessores foram autorizados. O IRM argumenta que isso é inevitável, uma vez que Çréla Prabhupäda jamais criou quaisquer dékñä gurus substitutos, apenas åtviks; este sistema åtvik foi o que ele deixou em andamento, com nenhuma ordem para pará-lo. Baseados nisso, nós argumentamos que o GBC deve primeiramente decidir-se por uma posição, e apenas então seremos capazes de julgar sua eficácia.

É uma lástima que mesmo hoje em dia qualquer um que questione sobre este miasma de testemunhos discordantes do GBC é rudemente perseguido na Sociedade.

Krishnakant
Setembrode 2008

Se você deseja mais informações sobre o IRM, incluindo assinatura gratuita da nossa revista, ou deseja perguntar a respeito de A Ordem Final, então, por favor, envie um e-mail para o autor:
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Introdução


Este livreto é uma humilde tentativa para apresentar as instruções que Çréla Prabhupäda deixou para a Comissão do Corpo Governamental (GBC) sobre como ele pretendia que as iniciações continuassem dentro da Sociedade Internacional para a Consciência de Kåñëa (ISKCON). Apesar de referirmos a muitos textos e artigos que foram publicados por devotos seniores da ISKCON sobre esta matéria, os pontos principais referem-se ao mais recente livreto do GBC sobre iniciação intitulado “Gurus and Initiation in ISKCON” (Gurus e Iniciação na ISKCON)-que será referido daqui para a frente como GII-e o texto “On my order understood”, o qual é mencionado sob a seção 1.1 das “Leis da ISKCON”:

“O GBC aprova  o texto  intitulado  ‘Under My Order Understood’, o qual estabelece como a lei da ISKCON o Siddhanta finalsobre o desejo de Çréla Prabhupäda para continuar com  a sucessão discipular após a partida de Sua Divina Graça” [ver parte II: Textos da posição do GBC neste volume]. (GII, p.1)

No texto GII o GBC claramente afirmou a intenção de remover a incoerência e a contradição nos códigos e leis da ISKCON no que envolve gurus, discípulos e guru-tattva em geral, assim estabelecendo um Siddhanta final (conclusão filosófica). Nós sinceramente oramos para que este texto seja de acordo com esses mesmos objetivo.

Com um propósito de alcançar maior consistência e castidade filosófica, nós sentimos que permanecem uma ou duas discrepâncias que não foram plenamenteabordadas no texto GII, as quaispoderiam ser clarificadas com investigações e discussões mais profundas. Apesar de alguns dos tópicos levantados ao confrontar estas discrepâncias talvez pareçam radicais, ou mesmo difíceis de lidar , nós sentimos que confrontar com eles agora irá minimizar grandementefuturas confusões e possíveis desvios. Não é sem precedentes que o sistema de gurus da ISKCON tem sofrido uma revisão bastante radical. No passado, símbolos foram removidos, cerimônias cortadas e paradigmas substituídos – tudo isso sem prolongada ruptura.

Em todo o seu esquema, ISKCON é indubitavelmente a mais importante Sociedade no Planeta. Portanto, é imperativo que uma constante vigilância seja mantida para assegurar que não se desvie nem sequer uma milionésima parte da espessura de um fio cabelo dos seus parâmetros filosóficos e administrativos estabelecidos pelo nosso Fundador-äcäryaÇréla Prabhupäda constantemente enfatizava que nós não devemos mudar, inventar ou especular, mas simplesmente continuar expandindo o que ele cuidadosa e laboriosamente estabeleceu. Que momento seria melhor do que este, o ano de seu centenário (1996), para examinar de perto a maneira como estamos continuando a missão de Çréla Prabhupäda?

É nossa forte convicção que o presente sistema de gurus dentro da ISKCON deverá alinhar-se completamente com a última diretriz assinada por Çréla Prabhupäda sobre este assunto- sua ordem final sobre iniciação, datada de 9 de Julho de 1977 (por favor veja o apêndice). Algumas vezes as pessoas questionam a importância colocada nesta carta acima de outros textos, cartas e ensinamentos. Em nossa defesa, nós iremos simplesmente repetir um axioma que o próprio GBC usa no seu livreto GII:

“Em lógica, enunciados posteriores sobrepõem os anteriores em importância” (GII, p.25).

Uma vez que a carta do dia 9 de julho é na realidade a instrução final sobre as iniciações dentro da ISKCON, endereçada como foi a todo o Movimento, ela deve ser vista como uma categoria própria. Será mostrado que a plena aceitação e implementação daquela ordem de modo algum colide com os ensinamentos de Çréla Prabhupäda.

Nós não temos interesses em teorias conspiradoras, nem pretendemos entrar em detalhes sobre infortúnios e dificuldades espirituais pessoais. O que está feito está feito. Com certeza, nós podemos aprender com os erros anteriores, e nóspreferimos ajudar a pavimentar o caminho para um futuro positivo de reunificação e perdão do que nos reter por muito tempo em escândalos passados. Com respeito aos autores, a grande maioria dos devotos da ISKCON está sinceramente se esforçando para agradar Çréla Prabhupäda; desta forma, nós consideramos muito improvável que alguém esteja deliberadamente desobedecendo oufazendo com que outros desobedeçam uma ordem direta de nosso Fundador-äcärya. Não obstante, de alguma forma ou outra, parece que certas aberrações de epistemologia e detalhes administrativos se infiltraram dentro do sistema geral da ISKCON nos últimos dezenove anos. Identificando estas áreas manchadas, nós oramos para que possamos dar alguma ajuda na tarefa de desraigar obstruções desnecessárias no nosso serviço devocional a Çréla PrabhupädaÇri Kåñëa.

Neste livreto iremos apresentar como evidênciadocumentos pessoalmente assinados e emitidos por Çréla Prabhupäda, bem como transcrições de conversas- tudo aceito como autêntico pelo GBC. Nós então analisaremos de forma cuidadosa tanto o contexto quanto o conteúdo destes materiais, e ver se devem ser levados literalmente ou se existem outras instruções quepossam alterar de forma razoável o seu significado ou aplicação. Também debateremos todos os tópicos filosóficos relevantes levantados em conexão  com esta evidência, e iremos responder a todas as objeções mais comuns levantadas contra a aceitação literal do documento do dia 9 de julho no que se refere as iniciações no futuro. E, finalmente, nós analisaremos como o sistema de äcärya oficiante, conforme delineado na ordem do dia 9 de julho, pode ser implementado sem muita perturbação.

Todos os nossos argumentos estão fundamentados exclusivamente na filosofia e instruções dadas por Çréla Prabhupäda em seus livros, cartas, aulas e conversas. Humildemente pedimos a misericórdia de todos os Vaisnavas para que não sejemos ofensivos a ninguém ou de forma alguma causemos ruptura na missão de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Çréla Prabhupäda.


Evidência

Qualquer um que tenha conhecido Çréla Prabhupäda geralmente notava a sua natureza meticulosa. Sua meticulosa atenção em cada detalhe no seu serviço devocionalera uma das mais distintas características de Çréla Prabhupäda; e para aqueles que o serviram pessoalmente, era grande evidência de seu profundo amor pelo Senhor Çri Kåñëa. Toda a sua vida foi dedicada a executar a ordem do seu mestre espiritual, Çréla Bhaktisiddhänta, e neste dever ele foi fantasticamente vigilante. Ele não deixava nada ao acaso, sempre corrigindo, guiando e castigando os seus discípulos nos seu esforço para estabelecer a ISKCON. Sua missão era sua vida, e ele até mesmo disse que ISKCON era o seu corpo.

Certamente, seria incompatível com caráter de Çréla Prabhupäda negligenciar um tópico tão importante como este, o futuro das iniciações em sua Sociedade tão querida,deixando-o no ar, ambíguo ou aberto paradebate ou especulação. Isto é particularmente verdade com base nos fatos sucedidos na missão de seu próprio mestre espiritual, a qual, como muitas vezes ele assinalou, foi amplamente destruída pela operação de um sistema de gurus não autorizados. Tendo isso em mente, comecemos com os fatos que ninguém pode negar:

No dia 9 de Julho de 1977, quatro meses antes de sua partida física, Çréla Prabhupäda estabeleceu um sistema de iniciação empregando o uso de “åtviks”, ou “representantes do  äcärya”. Çréla Prabhupäda instruiu que este sistema de äcäryas oficiantes deveria ser instituído imediatamente e iria continuar desde aquele momento ou dali para frente (“henceforward”,  por favor veja os Apêndices, p. 113). Esta diretriz administrativa, a qual fora enviada para toda a Comissão do Corpo Governamentale Presidentes de Templo da Sociedade Internacional para a Consciência de Kåñëa, instruía que desde aquele momento os novos discípulos deveriam receber os nomes espirituais, rosários e o mantra Gayatri destes 11 åtviks nomeados. Estes åtviks atuariam em nome de Çréla Prabhupäda e os novos devotos iniciados seriam discípulos de Çréla Prabhupäda. Assim Çréla Prabhupäda concedeu aos rtviks pleno poder para atuarem como procuradores para os que receberiam a iniciação, e deixou claro que daquele momento em diante não seria mais necessário consultá-lo (para os detalhes sobre as obrigações de um åtvik, por favor veja a seção intitulada ‘O que é um åtvik?’, p. 94).

Imediatamente após a partida física de Çréla Prabhupäda, no dia 14 de novembro de 1977, o GBC suspendeu o sistema åtvik. No Gaura Purnima de 1978, os 11 åtviks assumiram papel de dékñä guru e äcärya regional, iniciando discípulos em seu próprio nome. O mandato para que eles fizessem isso foi uma alegada ordem de Çréla Prabhupäda de que apenas eles seriam os sucessores como äcäryas iniciadores. Alguns anos mais tarde, este sistema de äcärya regional foi modificado e substituído, não pela restauração do sistema åtvik, mas pela adição de dúzias de mais gurus, junto com um elaborado sistema de medidas e restrições para lidar com aqueles que se desviaram; o raciocínio para essa mudança sendo que a ordem de se tornar guru não era, como se disse anteriormente, somente aplicável àqueles 11, senão que era uma instrução geral para qualquer um que seguisse estritamente erecebesse uma maioria de votos de dois terços dos membros do GBC.

A nota acima  não se trata de uma opinião política, é um fato histórico, aceito por todos, incluindo o GBC.

Como mencionamos acima, a carta do dia 9 de julho foi enviada a todos os membros do GBC e presidentes de templo, e permanece até hoje como a única instrução assinada sobre o futuro das iniciações que Çréla Prabhupäda emitiu para toda a Sociedade. Comentando sobre a ordem do dia 9 de julho, Jayadvaita Swami, recentemente escreveu:

“Sua autoridade está além de questionamentos [...] claramente esta carta estabelece um sistema de guru åtvik
(Jayadvaita Swami, Where the åtvik People are Wrong, 1996).

A origem da controvérsia surgiu de duas modificações, as quais foram subseqüentemente impostas sobre esta diretriz, que de outra forma é muito clara e autorizada:

Modificação a): que o apontamento dos representantes ou åtviks foi apenas temporário, especificamente para ser encerrado na partida de Çréla Prabhupäda.

Modificação b): tendo cessada a função de meros representantes, os åtviks tornar-se-iam automaticamente dékñä gurus, iniciando pessoas como seus próprios discípulos, e não de Çréla Prabhupäda.

As reformas para o sistema de äcärya regional que aconteceram em 1987 mantiveram intactas aquelas duas suposições. De fato, as mesmas suposições formavam a base do próprio sistema substituído.Nós nos referimos a: a) e b), acima como modificações, uma vez que nenhuma destas afirmações aparece na carta do dia 9 de julho, nem em qualquer documentado legal emitido por Çréla Prabhupäda subseqüente a àquela ordem.

O texto GII do GBC claramente suporta as já mencionadas modificações:

“Quando  perguntaram a Çréla Prabhupäda quem iniciaria depois de sua partida física, ele afirmou que ‘recomendaria’ e daria‘ordem’ a alguns de seus discípulos para que iniciassem em seu nome enquanto estivesse vivo, e que depois disso atuariam como gurus regulares, cujos discípulos seriamdiscípulos dos discípulos de Çréla Prabhupäda
(GII, p.14).

Com o passar dos anos, aumentou o número de devotos questionando a legitimidade destas suposições fundamentais. Para muitos, isso jamais fora comprovado apropriadamente, e, por conseguinte, um desagradável sentido de dúvida e desconfiança cresceu tanto dentro como fora da Sociedade. Atualmente, livros, artigos, e-mails e sites da web oferecem informações quase diárias sobre a ISKCON e seu suposto desviado sistemade gurus. Qualquer coisa que possa trazer algum tipo de resolução para esta controvérsia deve parecer positiva para aqueles que verdadeiramente se importam com o Movimento de Çréla Prabhupäda.

Um ponto sobre o qual todos concordam é que Çréla Prabhupäda é a autoridade última para todos os membros da ISKCON; então, qualquer que tenha sido a intenção de sua ordem, é nossa obrigação executá-la. Outro ponto de concordância é que o único documento assinado sobre futuras iniciações, o qual fora enviado para todos os líderes da Sociedade, foi a ordem do dia 9 de Julho.

É importante notar que no texto  GII a existência da carta do dia 9 de julho não é sequer mencionada, embora este seja o único local onde os onze “ äcärya” originais são de fato mencionados . Esta omissão causa perplexidade, uma vez que GII supostamente apresenta um “siddhänta final” para  o assunto todo.

Vejamos mais de perto a ordem do dia 9 de julho, para então vermos se de fato alguma coisa apóia as suposições a) e b) mencionadas acima:

A Ordem Em Si

Como mencionamos anteriormente, a ordem do dia 9 de julho afirma que o sistema åtvik deve ser seguido dali para frente (henceforward). A palavra especificamente usada foi “henceforward”, tendo apenas um sentido, a saber: “de agora em diante”. Isso está tanto de acordo com o uso prévio da palavra por Çréla Prabhupäda, quanto com o seu significado lexical na língua inglesa. Ao contrário de outras palavras, a palavra “henceforward” não éambígua, uma vez que possui apenas uma definição no dicionário. Em outras 86 ocasiões em que nós encontramos a palavra “henceforward” sendoempregada por Çréla Prabhupäda, ninguém levantou a possibilidade de que a palavra poderia significar outra coisa além de “daqui para a frente”. “Daqui para frente” não significa “daqui para frente até que eu parta”. Simplesmente significa “daqui para frente”. Não está mencionada na carta que o sistema deveria parar com a partida de Çréla Prabhupäda, nem que o sistema deveria operar apenas durante a presença dele. Além disso, o argumento de que todo o sistema åtvik depende  de uma palavra- “henceforward”- é inadmissível, pois ainda que tirássemos a palavra da carta, nada mudaria. Ainda restaria um sistema estabelecido por Çréla Prabhupäda quatro meses antes de sua partida, e não houve uma instrução subseqüente para terminar com ele. Sem tal instrução que se contraponha, esta carta permaneceria intacta como a instrução final de Çréla Prabhupäda sobre iniciação, e deve portanto ser seguida.

Instruções De Apoio

 Houve outras declarações feitas por Çréla Prabhupäda e pelo seu secretário nos dias seguintes à carta do dia 9 de julho que indicam que o sistema åtvik foi destinado para continuar sem cessar:

“... o processo de iniciação para ser seguido no futuro (11 de Julho)
“... continue sendo 
åtvik e atue em nome” (19 de Julho)
“... continue sendo
 åtvik e atue em nome” (31 de Julho)
(Por favor veja os Apêndices).

Nestes documentos nós encontramos palavras tais como: “continue” e “futuro”, as quais junto com a palavra “henceforward” (daqui para frente) apontam para a permanência do sistema åtvik. Não há nenhuma declaração de Çréla Prabhupäda que dê sequer uma sugestão de que o sistema terminaria com a sua partida.

Instruções Subseqüentes

Uma vez que o sistema åtvik foi estabelecido e estava em andamento, Çréla Prabhupäda jamais emitiu uma ordem subseqüente para parar com o sistema, tampouco jamais afirmou que ele devesse ser dispensado depois de sua partida. Talvezconsciente de que tal coisa pudesse erroneamente ou de alguma forma ocorrer, ele colocou no começo  do seu testamento que o sistema de administração corrente na ISKCON deve continuar, e que não deveria ser modificado – uma instrução deixada intacta por um apêndice adicional, apenas nove dias antes de sua partida. Seguramente, essa teria sido a oportunidade perfeita para dispensar o sistema åtvik, se fosse sua intenção (por favor veja os apêndices). O fato de que o uso de åtviks para dar nomes aos iniciados era um sistema de administração pode ser ilustrado pelo seguinte:

Em 1975 uma resolução preliminar do GBC sancionou que: “a única responsabilidade do GBC seria com assuntos administrativos”. Abaixo estão alguns dos assuntos administrativos com que o GBC lidou naquele ano:

“Para receber a primeira iniciação, o candidato deve ter sido membro por tempo integral por seis meses. Para a segunda iniciação, pelo  menos um ano deverá ter transcorrido após a primeira iniciação” (Resolução nº 9,  Março, 1975).

“Método  de iniciação de sannyäsés (Resolução nº 2,  Março, 1975).

Estas resoluções foram pessoalmente aprovadas por Çréla Prabhupäda. Elas demonstram conclusivamente que a metodologia para conduzir as iniciações era considerada um sistema de administração. Se toda a metodologia para conduzir as iniciações é considerada um sistema de administração por Çréla Prabhupäda, então um elemento da iniciação, a saber, o uso de åtviks para dar nomes espirituais, tem que ser incluído sob os mesmos termos de referência.

Assim, modificar  o sistema åtvik de iniciações foi uma violação direta do testamento de Çréla Prabhupäda.

Outra instrução no testamento de Çréla Prabhupäda, a qual indica a intenção da longevidade do sistema de åtvik, é onde está declarado que os diretores executivos das propriedades permanentes na Índia deveriam ser selecionados entre os “discípulos iniciados” de Çréla Prabhupäda:

“... um diretor sucessor, ou diretores, deve ser apontado pelos diretores remanescentes, contanto que o diretor seja meu discípulo iniciado...” (Çréla Prabhupäda, Declaration of Will, 4 de Junho de 1977).

Isso é algo que somente poderia ocorrer se o sistema åtvik de iniciação permanecessedepois da partida de Çréla Prabhupäda, pois de outra forma o número de diretores em potencial eventualmente se esgotaria.

Além disso, cada vez que Çréla Prabhupäda falou de iniciações depois do dia 9 de julho, ele simplesmente reconfirmou o sistema åtvik. Ele nunca deu qualquer indício de que o sistema deveria parar depois da sua partida ou que existiam gurus aguardando na fila, prontos para assumir o papel de dékñä. Portanto, pelo menos no que diz respeito à evidência direta, parece não haver nada que apóie as suposições a) e b) referidas anteriormente. Como declarado, aquelas suposições – que o sistema åtvik deveria ter parado na partida de Çréla Prabhupäda e que os åtviks deveriam tornar-se dékñä gurus – formam a verdadeira base do atual sistema de gurus da ISKCON. Se eles forem provados como inválidos, então certamente o GBC necessitará repensar sobre tudo radicalmente.

O que foi dito estabelece o cenário. A própria instrução, instruções de apoio e instruções subseqüentes apenas suportam a continuação do sistema åtvik odo. Ts os envolvidos neste assunto admitem que Çréla Prabhupäda nunca deu qualquer ordem para terminar com o sistema åtvik depois de sua partida física. Também é aceito por todos que Çréla Prabhupäda estabeleceu o sistema åtvik para ser posto em funcionamento a partir do dia 9 de Julho em diante. Assim, nós temos a situação segundo a qual o äcärya:

1) deu uma clara instrução para seguirmos o sistema åtvik;

2) não deu instrução alguma para que se parasse o sistema åtvik após a sua partida física.

Consequentemente, para que um discípulo pare de seguir esta ordem, com qualquer grau de legitimidade, é necessário que ele supra alguma base sólida para fazer isso. A única coisa que Çréla Prabhupäda de fato nos disse foi que seguíssemos o sistema åtvik. O ônus da prova cairá naturalmente sobre aqueles que desejem terminarqualquer sistema estabelecido por nosso  äcärya, e que devesse continuar dali para frente. Este é um ponto óbvio; ninguém pode simplesmente parar de seguir as ordens do guru caprichosamente:

“... o processo é que você não pode mudar a ordem do mestre espiritual”
(Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Cc., 2/2/1967, São Francisco).

Um discípulo não precisa se justificar para continuar a seguir uma ordem direta do guru, especialmente quando lhe fora ditoque deveria continuar a segui-la. Isso é axiomático – é isso o que a palavra ‘discípulo’ significa:

“Quando alguém se torna discípulo, ele não pode desobedecer a ordem do mestre espiritual”.
 
(Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Bg., dia 11/2/1975, México).

Uma vez que não háevidência direta afirmando que o sistema åtvik deveria ser abandonado na partida física de Çréla Prabhupäda, o caso para abandoná-lo teve ter sido portanto apenas baseado em evidência indireta. Evidência indireta pode surgir emcircunstâncias especiais envolvendo uma instrução direta e literal. Essas circunstâncias atenuantes, se é que elasexistem, poderiam ser usadas como base para interpretar uma instrução literal. Nós iremos agora examinar as circunstâncias envolvendo a ordem do dia 9 de julho para vermos se tais circunstâncias modificadoras poderiam de fato estar presentes, e se há por inferência qualquer coisa que possa apoiar as suposições a) e b).

Objeções diretamente relacionadas com a forma e as circunstâncias da ordem final

1.  “A carta, 9 de Julho claramente insinua que somente se aplicava enquanto Çréla Prabhupäda estivesse presente.”


Não há nada na carta que diga que a instrução fora feita apenas para enquanto Çréla Prabhupäda estivesse fisicamente presente. De fato, a única informação dada suporta a continuação do sistema åtvik após a partida de Çréla Prabhupäda. É importante notar que dentro  da carta do dia 9 de Julho está dito três vezes que os que forem iniciados serão discípulos de Çréla Prabhupäda. Ao apresentar evidências para seu sistema degurus atual, o GBC argumentou vigorosamente que Çréla Prabhupäda tinha deixado claro com respeito a si mesmo que era uma lei inviolável o fato que ninguém poderia iniciar na sua presença. Assim, a necessidade de declarar que os futuros discípulos pertenceriam a Çréla Prabhupäda deve indicar que a instrução fora destinada para atuar durante  o período de tempo quando sua posse poderia até mesmo ser questionada, ou seja, depois da sua partida.

Por alguns anos, Çréla Prabhupäda tinha utilizado representantes para cantar nas contas, executar cerimônia de fogo yajña, dar o mantra Gayatri, etc. Ninguém jamais questionou a quem os novos iniciados pertenciam. Bem no começo  da carta do dia 9 de julho está enfaticamente dito de que os apontados são “representantes” de Çréla Prabhupäda. A única inovação naquela carta é que incluía então a formalização da regra dos representantes; dificilmente é algo que pudesse ser confundido com uma ordem direta para que eles se tornassem plenamente dékñä gurus. A ênfase de Çréla Prabhupäda sobre a posse dos discípulos seria portanto completamente redundante casoo sistema fosse feito para operar apenas na sua presença, uma vez que estando presente ele poderia pessoalmente assegurar que ninguém declarasse falsa posse dos discípulos. Como já mencionamos, este ponto foi enfatizado três vezes em uma carta queé bastante curta e direta:

“Tão logo alguma coisa seja enfatizada três vezes, isso significa que é conclusiva.”
(aula de Çréla Prabhupäda sobre o Bg., 27/11/1968, Los Angeles)

A carta do dia 9 de Julho declara que os nomes dos novos discípulos iniciados devem ser enviados “para Çréla Prabhupäda” – poderia isso indicar que o sistema deveria funcionar somente enquanto Çréla Prabhupäda estivesse presente fisicamente? Alguns devotosargumentam que uma vez que não mais podemos enviar esses nomes para Çréla Prabhupäda, o sistema åtvik tornou-se inválido.

O primeiro ponto a notar é o propósito dito por detrás do ato de enviar nomes para Çréla Prabhupäda, ou seja, que eles pudessem ser incluídos no seu livro de discípulos iniciados. Nós sabemos pela conversa do dia 7 de julho (por favor veja os apêndices) que Çréla Prabhupäda não tinha nada haver com o registro de novos nomes dentro daquele livro; isso era feito pelo seu secretário. Mais evidência de que os nomes deveriam ser enviados para inclusão no livro, e NÃO especificamente para Çréla Prabhupäda, foi dada numa carta escrita para Hamsaduta, no dia seguinte, onde Tamäla Kåñëa Goswami explica para ele sua nova obrigação como åtvik:

“... você deverá enviar os nomes deles para serem incluídos no livro de discípulos iniciados de Çréla Prabhupäda.”
(Carta de Tamäla Kåñëa Goswami para Hamsaduta, 10/7/1977)

Aqui não há menção  feita de que os nomes deveriam ser enviados para Çréla Prabhupäda. Este procedimento poderia facilmente ter continuado depois da partida física de Çréla Prabhupäda. Em nenhum lugar da ordem final de Çréla Prabhupäda diz que o se o livro dos “discípulos iniciados” se separar fisicamente de Çréla Prabhupäda, todas as iniciações deveriam ser suspensas.

O ponto seguinte é queo procedimento de enviar os nomes dos novos iniciados para Çréla Prabhupäda de forma alguma se relaciona com a atividade de pós-iniciação. Os nomes poderiamser enviados somente após os discípulos terem sido iniciados. Portanto, uma instrução concernente ao que deve ser feito após a iniciação não pode ser usada para emendar ou de modo algum interromper o que precede a iniciação, ou, deveras, o processo de iniciação (já que o papel do åtvik seria executado muito antes da cerimônia acontecer). O fato de que os nomes fossem enviados ou não a Çréla Prabhupäda não tem nada a ver com o sistema de iniciação, pois uma vez queos novos nomes estivessem prontos para serem enviados, a iniciação já teria acontecido.

O último ponto é que se enviar os nomes para Çréla Prabhupäda fosse uma parte vital da cerimônia, então mesmo antes da partida de Çréla Prabhupäda o sistema seriainvalido, ou ao menos correria um risco constante de assim ser. Era do conhecimento geralque Çréla Prabhupäda estava prestes a nos deixar a qualquer momento, portanto o perigo de não haver para onde mandar os nomes estava presente deste o primeiro dia em que a ordem fora emitida. Em outras palavras, considerando o possível cenário em que Çréla Prabhupäda tivesse abandonado o planeta no dia seguinte em que um discípulo tivesse sido iniciado através do sistema åtvik, de acordo com a proposição mencionada, o discípulo não teria sido de fato iniciado simplesmente por causa da demora do correio. Não encontramos nenhuma menção  nos livros de Çréla Prabhupäda de que o processo transcendental de dékñä, o qual pode levar várias vidas para se completar, pode ser obstruído pelas vicissitudes do serviço de correios. Certamente não haveria nada que prevenisse que os nomes dos novos iniciados entrassem no livro de discípulos iniciados de Sua Divina Graça mesmo agora. Este livro poderia então ser oferecido a Çréla Prabhupäda no momento apropriado.


2.  “A carta não diz especificamente que ‘este sistema deverá continuar após a partida de Çréla Prabhupäda’; portanto, foi correto parar o sistema  åtvik quando Çréla Prabhupäda partiu.”


Por favor, considerem os seguintes pontos:

1. A carta do dia 9 de Julho também não especifica: “o sistema åtvik deverá terminar com a partida de Çréla Prabhupäda.” Ainda assim, foi terminado imediatamente após a sua partida.

2. A carta também não diz: “o sistema åtvik deverá continuar apenas enquanto Çréla Prabhupäda estiver presente.” Ainda assim, estava em andamento enquanto ele estava presente.

3.  A carta também não diz: “o sistema åtvik deverá seguir apenas até a partida de Çréla Prabhupäda.” Mas apesar disso, ele foipermitido a continuar somente até a sua partida.

4. A carta também não diz: “o sistema åtvik deve parar”. Ainda assim, ele foi parado.

Em resumo, o GBC insiste que:
Nenhumas das estipulações acima aparecem na carta do dia 9 de julho, nem em outra ordem assinada; mas mesmo assim elas foram a fundação tanto do sistema de  äcärya regiona, quanto do corrente “sistema de múltiplos sucessores  äcäryas” ou M.A.S.S. (sigla em inglês) como iremos chamar ao referir a ele (neste contexto, nós usamos a palavra “ äcärya” no seu sentido mais forte,demestre espiritual iniciador, ou dékñä guru).

O argumento de que uma vez que a carta não especifica sobre o período de tempo que iria transcorrer, e que deveria, portanto, terminar na partidade Çréla Prabhupäda, é completamente ilógico. A carta tampoucoespecifica que o sistema åtvik deveria ser seguidono dia 9 de Julho, então de acordo com esta lógica ele jamais deveria ter sido seguido de nenhum modo. Mesmo aceitando que “henceforward”– daqui para frente – possa pelo menos estender-se até o final do primeiro dia em que a ordem fora assinada,não está dito que deveria ser seguida no dia 10 de Julho, então talvez ela deveria ter sido parada no mesmo dia.

A exigência que o sistema åtvik operasse apenas por um período de tempo pré-especificado é contradito ao aceitarmos sua operação por 126 períodos separados de 24 horas (ou seja,quatro meses), uma vez que nenhum destes 126 períodosseparados está especificado na carta, e ainda assim todos parecem estar muito satisfeitos com a idéia de que o sistema somente seria efetivo durante este período de tempo. A menos que tomemos a palavra “henceforward” – daqui para frente –literalmentesignificando “indefinidamente”, poderíamos parar o sistema åtvik a qualquer momento depois do dia 9 de julho, então por que escolher o momento de sua partida?

Não existe nenhum exemplo, seja nas 86 vezes gravadas em que Çréla Prabhupäda usa esta palavra, ou em toda a históriada língua inglesa, no qual a palavra “henceforward” signifique:

“O período de tempo até a partida da pessoa que emitiu uma ordem.”

E ainda assim, de acordo com a opinião geral, isto é o que a palavra deve ter significado quando foi utilizada na carta do dia 9 de julho. Tudo o que a carta afirma é que o sistema åtvik deverá ser seguido “henceforward” - “daqui para frente”. Então por que foi parado?


3. Certas instruções obviamente não podem continuar depois da partida de Çréla Prabhupäda, e assim está entendido que a intenção de Çréla Prabhupäda era que fossem seguidas somente durante  a sua presença; por exemplo, alguém podia  ter sido apontado para dar a Çréla Prabhupäda sua massagem cotidiana “daqui para frente”. Pode ser que a ordem åtvik seja do mesmo tipo?


Se uma instrução é impossível de se executar, por exemplo, dar a Çréla Prabhupäda sua massagem diária após a sua partida física, então obviamente está fora de questão. O dever do discípulo é simplesmente seguir uma ordem até que esta seja impossível de ser seguida por mais tempo, ou até que o mestre espiritual mude a ordem. A questão é se é possível ou não seguir o sistema åtvik sem a presença da pessoa que o estabeleceu.

De fato, o sistema åtvik foi estabelecido especificamente para que operasse sem nenhum envolvimento físico de Çréla Prabhupäda absolutamente. Se o sistema åtvik tivesse continuado depois de sua partida, teria sido idêntico em todos os aspectos ao modo como era praticado enquanto Çréla Prabhupäda estava presente. Depois da carta do dia 9 de Julho, o envolvimento de Çréla Prabhupäda se tornou nulo, e então mesmo naquela época o sistema estava operando como se ele já tivesse partido. Sendo este o caso, não podemos classificar o sistema åtvik como desfuncional ou inoperável com base na partida de Çréla Prabhupäda, uma vez que sua partida não afeta de nenhum modo o funcionamento do sistema. Em outras palavras, já que o sistema foi especificamente estabelecido para operar como se Çréla Prabhupäda não estivesse no planeta, sua partida do planeta não pode em si mesma tornar o sistema inválido.
 


4. “O fato de que a ordem fora ‘apenas’ emitida  numa carta, e não num livro, nos dá a licença para interpretá-la  indiretamente.”


Este argumento de “carta versus livro” não se aplica ao caso, uma vez que não se trata de uma carta comum. Geralmente, Çréla Prabhupäda escrevia uma carta em resposta a alguma questão específica de algum discípulo individualmente, ou para oferecer uma orientação oupunição individual. Naturalmente, nestes casos, a pergunta individual do devoto, a situação ou desvio pode dar motivo para uma interpretação. Nem tudo nas cartas de Çréla Prabhupäda pode ser aplicado universalmente (por exemplo, numa carta ele aconselha a um devoto que não se dava bem com temperos queapenas cozinhasse com um pouco de sal e tumerique; claramente esse conselho não se aplica ao Movimento inteiro). Todavia, a ordem final sobre iniciações não está aberta a qualquer interpretação, uma vez que ela não foi escrita em resposta a uma questão específica de uma pessoa em particular, ou dirigida a uma situação ou comportamento pessoal de algum discípulo. A carta do dia 9 de Julho foi uma instrução formal ou um documento sobre medidas administrativas que foi enviado para todos os líderes no Movimento.

A carta segue o formato de qualquer outra instrução importante que Çréla Prabhupäda emitiu e queria que fosse seguida sem interpretações – ele a tinha colocado por escrito; eleaprovou-a, e então enviou-a para seus líderes. Por exemplo, ele tinha enviado uma ordem no dia 22 de Abril de 1972, endereçada a “TODOS OS PRESIDENTES DE TEMPLO”:

“A obrigação do secretário regional é ver se os princípios espirituais sendo muito bem mantidos em todos os templos de sua zona.  De qualquer  forma, cada  templo deverá ser independente e auto-sustentado.” (Çréla Prabhupäda, carta para todos os presidentes de templo, 22/4/1972)

Çréla Prabhupäda não publicava um livro novo cada vez que ele emitia uma instrução importante, independente do fato de que tal instrução devesse continuar depois de sua partida ou não. Portanto, a forma na qual a instrução fora emitida não a torna suscetível à interpretações indiretas, e tampouco diminuem a sua validade de nenhum modo.



5. “Talvezhouvesse alguma condição especial envolvendo a emissão da ordem que prevenha sua aplicação depois da partida de Çréla Prabhupäda?”


Se tais circunstâncias tivessem existido, Çréla Prabhupäda as teria mencionado na carta ou em algum documento anexado. Çréla Prabhupäda sempre deu informação suficiente para capacitar a correta aplicação de suas instruções. Certamente, ele não agia com a suposição de que seus presidentes de templo eram todos místicos capazes de ler mentes, e que portanto ele apenas necessitavaenviar-lhes diretrizes fragmentadas e incompletas que mais tarde seriam compreendidas telepaticamente. Por exemplo, se Çréla Prabhupäda tivesse tido a intençãoque o sistema åtvik parasse depois de sua partida, ele poderia ter anexado as seguintes palavras na carta do dia 9 de Julho: “este sistema terminará depois de minha partida”. Uma olhada rápida a esta carta nos diz que ele queria que continuasse “henceforward” – daqui para frente (por favor veja os Apêndices, p. 113).

Algumas vezes se argumenta que o sistema åtvik foi estabelecido apenas porque Çréla Prabhupäda estava doente.

Os devotos poderiam saber ou não qual era a extensão da enfermidade de Çréla Prabhupäda, mas como se poderia esperar que eles deduzissem de uma carta que ele não diz nada sobre sua saúde que essa foi a única razão para ela ter sido emitida? Quando foi que Çréla Prabhupäda disse que qualquer instrução que ele emitisse deveria sempre ser interpretada em conjunto com o seu último relatório médico? Por que deveriam os destinatários da ordem final sobre iniciações não assumir a carta como uma instrução geral para ser seguida sem interpretação alguma?

Çréla Prabhupäda já havia anunciado que ele tinha ido à Vrindavana para deixar seu corpo. Sendo  tri-käla-jña, é muito provável que ele estivesse consciente de que iria partir dali a quatro meses. Ele havia estabelecido as instruções finais para a continuação do seu Movimento. Ele já havia escrito o seu testamento e outros documentos que se relacionavam com a BBT (Bhaktivedanta Book Trust) e o GBC, especialmente para prover uma orientação para depois de sua iminente partida. O único assunto que não havia sido estabelecido era do procedimento como seriam levadas a cabo as iniciações quando ele não estivesse mais conosco. Até então, ninguém tinha a menor idéia de como as coisas iriam funcionar. A ordem do dia 9 de Julho esclarecia para todos precisamente como as iniciações deveriam ser efetuadas durante a sua ausência.

Em resumo, não se pode modificar uma instrução com uma informação à qual aqueles que a receberam não tivessem acesso. Por que Çréla Prabhupäda colocaria propositalmente em circulação uma instrução que ele sabia de antemão que ninguém poderia seguir corretamente, já que ele não havia dado a informação relevante junto com a instrução? Se o sistema åtvik tivesse sido estabelecido simplesmente porque Çréla Prabhupäda estava enfermo, ele teria dito em alguma carta ou em algum documento anexado. Não existe nenhum registro de que Çréla Prabhupäda tenha propositalmente agido de um modo tão ambíguo pouco informativo, especialmente quandoinstruindo a todo o Movimento. Çréla Prabhupäda nunca assinou nada precipitadamente, e quando se considera a magnitude da instrução em questão, é inconcebível que ele tivesse deixado de fora qualquer informação vital.


6. “A ‘fita da nomeação’ contém informação relevante que claramente estabelece que a ordem do dia 9 de julho seria aplicada somente enquanto Çréla Prabhupäda estivesse fisicamente no planeta, não?”


No livreto GII do GBC a única evidência oferecida que apóia as modificações a) e b) é extraída de uma conversa que aconteceu em 28 de Maio de 1977. O texto parece concordar que não há qualquer outra evidência entre as instruções que trate diretamente da função dos åtviks depois da partida de Çréla Prabhupäda:

“Embora Çréla Prabhupäda não tenha  repetido suas afirmações anteriores, estava entendido que ele esperava que seus discípulos iniciassem no futuro.” (GII, p. 35)

Uma vez que essa é a única evidência, há uma seção dedicada exclusivamente à essa conversa que ocorreu no dia 28 de Maio. Basta dizer que ela não foi mencionada na carta do dia 9 de Julho, tampouco Çréla Prabhupäda pediu que uma copia da fita da conversa fosse enviada com a ordem final. Disto nós podemos deduzir com absoluta segurançaque ela não contém sequer um fragmento de informação vital que modifique o entendimento da ordem final. Outro ponto importante é o fato de que a conversa do dia 28 de Maio foi lançada somentevários anos depois da partida de Çréla Prabhupäda. Portanto, mais uma vezse espera que modifiquemos uma instrução escrita e clara com uma informação que não estava acessível ao público a quem a instrução fora enviada. Como veremos mais adiante, não há nada na conversa de maio que contradiga a ordem final.

Como ponto geral, vemos que as últimas instruções dadas pelo gurusempre sobrepõem-se às instruções anteriores- a ordem final é a ordem final e deve ser seguida:

“Eu posso dizer muitas coisas para você, porém quando digo  algo  diretamente para você, faça-o. Seu  primeiro dever é fazer isso. Você  não podeargumentarque ‘o senhor primeiro me disse que fizesse isso antes.’ Não, este não é seu dever; o quedigo agora é o que deve fazer, isso é obediência e você não pode argumentar.” (aula de Çréla Prabhupäda sobre o SB, dia 15/4/1975, Hyderabad)

Assim comono Bhagavad-gétä o Senhor Kåñëa deu muitas instruções para Arjuna, falou todos os tipos de Yoga, do Dhyäna aoäna, mas tudo isso foi sobreposto pela ordem final:

““Sempre pense em MIM e torne-se Meu devoto” – deve ser tomado como a ordem final do Senhor e deverá ser seguida.”
(Ensinamentos do Senhor Caitanya, Cap. 11)

A ordem final dada por Sankaräcärya “Bhaja Govinda”, também se destinava a sobrepor-se a muitosde seus enunciados anteriores – todos eles, de fato. Como mencionado na introdução, o próprio GBC reconhece isso como um princípio lógico axiomático:

“Em lógica, enunciados posteriores sobrepõem os anteriores em importância” (GII, p.25)

Não é possível que haja um enunciado posterior ao último. Portanto, devemos seguir o sistema åtvik segundo a lógica do próprio GBC.



7. “Çréla Prabhupäda declarou muitas vezes que todos os seus discípulos deveriam se tornar gurus. Certamente isso prova que Çréla Prabhupäda não tinha a intenção que o sistema åtvik fosse permanente.”


Çréla Prabhupäda jamais apontou ou instruiu ninguém para ser dékñä guru depois de sua partida. Nunca foi apresentada nenhuma evidência que confirme isso; de fato, muitos líderes antigos dentro da ISKCON aceitaram este ponto:

“E é um fato que Çréla Prabhupäda jamais disse: ‘certo, aqui está o próximo äcärya, ou aqui estão os próximos onze äcäry, e eles estão autorizados como gurus do Movimento para o mundo.’ Ele nunca fez isso”. (Jayadvaita Swami, ISKCON South London, 1993)

Çréla Prabhupäda inequivocadamente disse que o dékñä guru deve ser um mahä-bhägavata (no mais avançado estágio da realização em Deus), eser especificamente autorizado pelo seu próprio mestre espiritual. Ele sempre condenou veementementeque aqueles quenão estivessem adequadamente qualificados ou autorizados aceitassem o papel de guru. Nós citamos abaixo a única passagemnos livros de Çréla Prabhupäda estão onde o termo dékñä está vinculado a uma qualificação específica:

“Mahä-bhägavata-çreñöho brähmaëo vai gurur nåëäm
sarveñäm eva lokänäm asau püjyo yathä hariù
mahä-kula-prasüto ‘pi sarva-yajïeñu
dékñitaù
sahasra-çäkhädhyäyé ca na guruù syäd avaiñëavaù


“O guru deve estar situado na plataforma  mais elevada do serviço devocional. Há três classes de devotos, e o guru deve ser aceito vindo  da mais elevada classe.”
 (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  comentário)

“Quando  alguém alcançou a mais elevada posição de mahä-bhägavata, ele deve ser aceito como guru e adorado exatamente como Hari, a Personalidade de Deus. Somente tal pessoa é elegível para ocupar a posição de guru.” (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  comentário)

Além de qualificação, Çréla Prabhupäda também ensinou que a autorização específica do äcärya predecessortambém é essencial antes de alguém poder agir como dékñä guru:

“No todo,  você talvez  saiba que ele não é uma pessoa liberada, e portanto  ele não pode iniciar qualquer  pessoa para a Consciência de Kåñëa. Isso requer uma bênção espiritual especial de autoridades superiores.” (Çréla Prabhupäda, carta para Janardana, 26/4/1968)

“ Deve-se receber iniciação de um mestre espiritual fidedigno vindo  na sucessão discipular e que é autorizado por seu mestre espiritual predecessor. Isto é chamado dékñä-vidhäna. (SB, 4.8.54, comentário)


Indiano: “Quando o senhor se tornou líder espiritual da Consciência de Kåñëa?”
Çréla Prabhupäda:  “O quê?”
Brahmananda: “Ele está perguntando quando o senhor se tornou o líder espiritual da Consciência de Kåñëa?”
Çréla Prabhupäda: “Quando meu Guru-Mahäräja me ordenou. Isso é guru paramparä.”
Indiano: “Foi isso...”
Çréla Prabhupäda: “Tente entender. Não se apresse. Um guru pode se tornar guru quando ele é ordenado pelo seu guru. Isso é tudo. De outra forma, ninguém pode se tornar guru.”
(Çréla Prabhupäda Bg. palestra, 28/10/1975)

Assim, de acordo com Çréla Prabhupäda, alguém pode se tornar dékñä guru quando tanto a qualificação e a autorização existem. Çréla Prabhupäda não autorizou tais gurus, nem declarou que qualquer um dos seus discípulos era qualificado para iniciar. Ao contrário, pouco antes do dia 9 de Julho, ele concordara que eles ainda eram “almas condicionadas” e quevigilância era essencial a fim de que ninguém se apresentasse como guru (por favor veja os Apêndices, p. 130, 22 de Abril de 1977).

Evidências usadas para apoiar uma alternativa  para o sistema åtvik se dividem em três categorias básicas:

1. Çréla Prabhupäda pedia freqüentemente para todos se tornarem guru, muitas vezes juntamente com um verso do Caitanya-Caritämåta: “ämära ajñaya guru hana.”

2.
Há cerca de meia dúzia de cartas pessoais onde Çréla Prabhupäda menciona seus discípulos agindo como dékñä gurus após a sua partida.

3.
Outras afirmações nos livros de Çréla Prabhupäda e palestras mencionam o princípio de que os discípulos seriam dékñä guru.

Observando a categoria 1):

A instrução para todos se tornarem gurus é encontrada no seguinte verso do Caitanya-Caritämåta, o qual era frequentemente citado por Çréla Prabhupäda:

“Instrua todos para que sigam as ordens de Çri Kåñëa como foram dadas no Bhagavad-gitä e no Çrimad Bhägavatam. Desta maneira  torne-se mestre espiritual e tente  liberar a todos nesta terra.” (Cc. Madhya-lélä, 7.128)

Contudo, o tipo de guru que o Senhor Caitanya está encorajandotodos a se tornarem está claramente estabelecido no comentário detalhado do verso seguinte :

“Isso é, devesse permanecer em casa, cantar o Mantra Hare Kåñëa e pregar as instruções de Kåñëa como são dadas no Bhagavad-gitä e no Çrimad Bhägavatam (Cc. Madhya-lélä, 7.128, comentário)

“Pode-se permanecer como chefe de família, médico, engenheiro ou o que seja. Isso não importa. Devesse apenas seguir as instruções de Çri Caitanya Mahäprabhu: cante o mahä-mantra Hare Kåñëa e instrua seus parentes e amigos sobre os ensinamentos do Bhagavad-gitä e do Çrimad Bhägavatam [...] é me lhor não aceitar nenhum discípulo.” (Cc. Madhya-lélä, 7.130, comentário)

Nós podemos ver que estas instruções não implicam que os gurus em questão devem primeiro alcançar algum nível de realização antes de agirem. O pedido é imediato. Disto, está claro que todos são simplesmente encorajados apregar o que eles sabem, e assim se tornar sikñä-guru, ou instrutor. Isso é ainda mais claro pela estipulação de que o sikñä-guru permaneça nessa posição, e nãoque se torne um dékñä guru mais tarde:

“É melhor não aceitar nenhum discípulo.” (Cc. Madhya-lélä, 7.130, comentário)

Aceitar discípulos é a principal atividade de um dékñä guru, enquanto que um sikñä guru simplesmente necessita executar seus deveres e pregar a Consciência de Kåñëa o melhor que possa. Está claro nos comentários de Çréla Prabhupäda que no verso acimao Senhor Caitanya está de fato autorizando sikñä gurus, não dékñä gurus.

Também está muito claro em muitas outras referências onde Çréla Prabhupäda encoraja a todos a se tornarem gurus:

yare dekha, tare kaha, Kåñëa-upadesa. [Cc. Madhya 7.128]. Não precisa inventar nada. O que Kåñëa já disse, você repete. Fim. Não faça adições e adulterações. Então você se tornaráguru [...] talvez  eu seja um tolo ou patife [...] porém temos que seguir este caminho:torne-se guru e libere seus vizinhos, seus associados, mas fale as palavras oficiais de Kåñëa. Então funcionará [...] qualquer um pode fazer. Uma criança pode fazer.” (Çréla Prabhupäda, darsana ao anoitecer, 11/5/1977, Hrsikesh)

“Porque  as pessoas estão na escuridão, nós precisamos de muitos milhões de gurus para iluminá-las. Portanto, a missão de Caitanya Mahäprabhu é, Ele disse que ‘todos vocês se tornem gurus.” (Çréla Prabhupäda, palestra, 21/5/1976, Honolulu)

“Simplesmente diga [...] ‘apenas pense em MIM’, disse Kåñëa, e ‘apenas torne-se Meu devoto.  Apenas adore-ME e ofereça reverências’. Por favor faça estas coisas. Se você pode induzir uma pessoa a fazer estas coisas, você se torna guru. Onde está a dificuldade?” (Çréla Prabhupäda, conversação, 2/8/1976, New Mayapur)

“O verdadeiro guru é aquele que instrui o que Kåñëa disse. Você tem simplesmente que dizer “é isto é isto”, isso é tudo. Isso é uma tarefa muito difícil.” (Çréla Prabhupäda, palestra do dia 21/5/1976, Honolulu).

“... ‘mas eu não tenho qualificação. Como  eu posso me tornar guru?’ Não é necessário ter qualificação... quem  quer que você encontre,simplesmente ensine o que Kåñëa disse. Isso é tudo. Você  se torna guru ” (Çréla Prabhupäda, palestra do dia 21/5/1976, Honolulu)

(Surpreendentemente, alguns devotos têm usado tais citações acima como uma justificativa para “um dékñä guru com uma mínima qualificação”*(1), algo nuncamencionado em nenhum livro de Çréla Prabhupäda, nem em suas cartas, nem em suas aulas ou conversações).

Um exemplo de um guru que não tem qualificações exceto repetir o que ele escutou poderia ser encontrado em qualquer curso de introdução para bhaktas na ISKCON. Portanto, está perfeitamente claro que estes convites são simplesmente para que alguém se torne um mestre espiritual instrutor, ou sikñä guru. Sabemos isso porque Çréla Prabhupäda já explicou em seus livros que existem requisitos muito mais estritos para que alguém se torne um dékñä guru:

“Quando  alguém alcançou a mais elevada posição de mahä-bhägavata, ele é aceito como guru e adorado exatamente como Hari, a Personalidade de Deus. Somente tal pessoa é elegível para ocupar a posição de guru.” (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  significado)

“Deve-se tomar iniciação de um mestre espiritual fidedigno vindo  na sucessão discipular e que é autorizado pelo  seu mestre espiritual predecessor. Isto é chamado dékñä-vidhäna. (SB., 4.8.54, comentário)

Como mostramos, Çréla Prabhupäda expressou que a instrução para se tornar um mestre espiritual tem que ser recebida especificamente do próprio guru. A instrução geral do Senhor Caitanya tem estado presente por 500 anos . É óbvio que Çréla Prabhupäda não consideraämära ajñaya guru hana” como se referindo especificamente a dékñä, de outra forma por que nós precisaríamos de uma outra ordem especifica do guru para nos tornarmos äcärya? Esta instrução geral do Senhor Caitanya deve se referir a sikñä e não a dékñä guru. Dékñä guru é uma exceção, não a regra. Çréla Prabhupäda desejava milhões de sikñä-gurus, incluindo homens, mulheres e crianças.

Observando agora  a categoria 2):

Havia um punhado de devotos com excessiva confiança em si mesmos, ansiosos para iniciar a seus próprios discípulos na presença de Çréla Prabhupäda, aos quais Çréla Prabhupäda escreveucartas. Estas cartas às vezes são usadas para apoiar o sistema M.A.S.S. Çréla Prabhupäda tinha uma abordagem bastante peculiar quando lidava com tais indivíduos ambiciosos. Geralmente, ele lhes dizia para que se mantivessem rigidamente em treinamento, e no futuro, após a sua partida física, eles poderiam aceitar discípulos:

“A primeira coisa que eu previno, Acyutananda, não tente  iniciar. Você  não tem uma posição apropriada  agora  para iniciar ninguém. [...] Não seja tentado por Maya. Eu estou treinando vocês todos para se tornarem futuros mestres espirituais, mas não sejamapressados.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Acyutananda e Jaya Govinda, 21/8/1968)

“Algum tempo atrás, você pediu  minha permissão para aceitar alguns discípulos. Agora a época se aproxima  muito rápido quando você terámuitos discípulos pelo  seu forte trabalho  de pregação.” (Çréla Prabhupäda, carta para Acyutananda, 16/5/1972)

“Eu tenho escutadoque alguns devotos estão adorandovocê. Por suposto, é apropriado oferecer reverênciasa um vaisnava, porém não na presença do mestre espiritual. Depois da partida do mestre espiritual, o momento virá, porém agora  espere. Senão isso irá criar facções.” (Carta de Çréla Prabhupäda a Hamsadutta, 1/10/1974)

“Mantenha-se treinando muito rigidamente, e assim você se tornará um guru fidedigno e então poderá aceitar discípulos baseado no mesmo princípio. Porém,  como uma questão de etiqueta, é o costume que durante  a vida do mestre espiritual você lhe traga os candidatos a discípulos, e na sua ausência ou desaparecimento você pode aceitar discípulos sem nenhuma limitação. Esta é a lei da sucessão discipular. Quero ver meus discípulos tornarem-se mestres espirituais fidedignos e expandirem a consciência de Kåñëa muito amplamente, isso fará a mim e a Kåñëa muito felizes.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Tusta Kåñëa, 2/12/1975)

É interessante notarque enquanto GII cita esta lei para apoiar a doutrina do M.A.S.S., no mesmo documento se afirma que na realidade esta não é uma lei em absoluto:

“Há muitos de tais exemplos nas Escrituras, que falam de discípulos que dão iniciação na presença do seu guru, [...] nas Escrituras não há instruções específicas acerca de que o discípulo não deva  dar iniciação quando o guru está presente.” (GII, p.23)

A ansiedade de aceitar adoração e seguidores é na verdade uma desqualificação para um mestre espiritual. Nós podemos apenas pasmar ao ver o poder do falso ego, pois mesmo na presença do äcärya mais poderoso que o planeta jamais vira, algumas personalidades ainda assim se sentiam muito qualificadas para iniciar a seus próprios discípulos debaixo do nariz de Çréla Prabhupäda* (2).

Está aparente que, ao escrever para aqueles devotos dizendo para que eles poderiam aceitar discípulos se eles apenas esperassem um pouco, Çréla Prabhupäda estava simplesmente tentando mantê-los em serviço devocional. Assim fazendo pelo menos haveria a possibilidade de que com o tempo suas mentalidades ambiciosas pudessem se purificar.

Devotos humildes que diligentemente executavam seu serviço em sacrifício abnegado  para seu mestre espiritual jamais receberam uma carta descrevendo seu brilhante futuro como dékñä gurus. Por que Çréla Prabhupäda prometeu o posto de dékñä seriamente apenas para aqueles que eram os mais ambiciosos, e portanto menos qualificados?

No que concerne às afirmações para o efeito de que eles seriam livres para iniciar após a sua partida, isso é verdade. Assim comona Inglaterra alguém é livre de dirigir um carrouma vez que tenha 17 anos. Porém, não devemos esquecer aqueles dois pequenos requisitos. Primeiro, que ele deve ser devidamente qualificado para dirigir, e segundo, que ele deve ser autorizado para dirigir obtendo uma licença. O leitor pode fazer seus próprios paralelos.

Outra carta que é citada apoiando o M.A.S.S. diz:

“Pelo ano de 1975, todos aquelesque passaram nos exames mencionados serão especificamente autorizados para iniciar e aumentar  o número da população da Consciência de Kåñëa.” (Carta de Çréla Prabhupäda a Kirtanananda, 12/1/1969)

Seráque esta afirmação justifica o término da ordem final sobre iniciação?

Uma vez que essa é uma tentativa de terminar com o sistema åtvik através do uso de cartas pessoais, nós evocaremos a ‘lei da sucessão discipular’ ensinada por Çréla Prabhupäda. A primeira parte da “lei” diz que o discípulo não deve agir como äcärya iniciador enquanto seu próprio guru estiver presente fisicamente. Uma vez que esta é a “lei”, claramente esta carta não poderia se referir a que os discípulos de Çréla Prabhupäda iniciariam em seu próprio nome, uma vez que Çréla Prabhupäda ainda estava no planeta no ano de 1975. Portanto, nós podemos somente concluir que desde 1969 Çréla Prabhupäda estava contemplando estabeleceralgum tipo de sistema como o de iniciação por representantes. Pelo ano de 1975, Çréla Prabhupäda já haviaautorizado devotos como Kirtanananda para cantar nas contas e conduzir as iniciações em seu nome. A carta acima mencionada parece então predizero futuro uso de representantes para executar as iniciações. Posteriormente, ele chamou estes representantes “åtviks” e formalizou as suas funções na ordem do dia 9 de julho. Novamente, seria tolice sugerir que Çréla Prabhupäda tenha de fato autorizado Kirtanananda a agir como äcärya iniciador na sampradäya tão logo passasse em alguns exames.

“Quem quer que siga a ordem do Senhor Caitanya sob a guia do Seurepresentante fidedigno pode tornar-se mestre espiritual, e desejo que em minha ausência todos os meus discípulos se tornem mestres espirituais fidedignos para espalhar a consciência de Kåñëa através do mundo todo.” (Çréla Prabhupäda, carta para Madhusudana, 2/11/1967)

Usando a citação acima, tem sido argumentado que uma vez que Çréla Prabhupäda já mencionara que seus discípulos devem se tornar mestres espirituais em sua ausência deve estar se referindo à dékñä, pois eles já eram sikñä-gurus. Contudo, Çréla Prabhupäda pode ter simplesmente reiterado seu encorajamento geral para que todos os seus discípulos se tornassem bons mestres espirituais sikñä, e que eles deveriam continuar a se tornar bons mestres espirituais sikñä também na sua ausência. Definitivamente não há mençãona  citação acimaque seus discípulos iniciariam ou aceitariamseus próprios discípulos. A sentença “mestres espirituais fidedignos para espalhar a Consciência de Kåñëa através do mundo todo” é igualmente aplicável a sikñä gurus.

Mesmo se tais cartas fizessem alusão a algum outro tipo de sistema de gurus, ainda assim elas não poderiam serusadas para modificar as instruções da Ordem Final do dia 9 de Julho, já que as instruções não foram repetidas para o resto do Movimento. As cartas em questão não foram sequer publicadas até 1986. Ocasionalmente, se alega que algumas destas cartas pessoais foram passadas adiante para outros membros da Sociedade. Isto pode ter sido ou não o caso, porém o ponto importante a observar é que os mecanismos de tais distribuições parecem nunca terem sido estabelecidos ou aprovados por Çréla Prabhupäda. Não temos nenhuma evidência de que Çréla Prabhupäda ordenou que sua correspondência privada fosse distribuída para todo mundo. Ele somente uma vez sugeriu casualmente que suas cartas poderiam ser publicadas “se houvesse tempo”, porém nunca indicou que sem estes documentos ninguém saberia como operar de forma apropriada o M.A.S.S. depois de sua partida.

Para formar um caso concernente ao que se deveria de ter sido feito em 1977, pode-se usar somente a evidênciaque estava prontamente disponível de uma forma autorizada naquele tempo. Se em tais cartas de fato estivesse a chave de como ele planejou as iniciações para serem conduzidas pelos próximos dez mil anos, seguramente Çréla Prabhupäda as teria publicado edistribuído em massa,sendo um assunto de extrema urgência . Pois haveria uma considerável possibilidadede que nem todos os líderes tivessem lido sua correspondência privada, e como resultado,obtido um entendimento claro sobre como as iniciações precisamente seriam conduzidas depois de sua partida. Nós sabemos que e isso é mais do que uma possibilidade, já que todo o GBC ainda não tinha idéia do que Çréla Prabhupäda estava planejando até o dia 28 de Maio de 1977 (por favor veja os Apêndices, p.131).
 
Considerando o que foi dito acima, qualquer tentativa de modificar a carta do dia 9 de julho com base nestas poucas cartas somente pode ser considerada inapropriada. Se tais cartas tivessem sido apêndices vitais à ordem final de Çréla Prabhupäda, ele certamente teria deixado isso claro na própria ordem ou em algum documento anexado.

Enfim, a única posição que foi outorgada a cada um deles no que concerne às iniciações, foi aposição de representantes do äcärya, ou seja, åtviks.

Finalmente, nós iremos observar a categoria 3):

Há várias citações extraídas dos livros e palestras de Çréla Prabhupäda que são utilizadas para justificar o abandono do sistema åtvik. Nós agora iremos examinar estas evidências.

Nos livros de Çréla Prabhupäda tudo o que iremos encontrar são as qualificações de um dékñä guru, declaradas em termos gerais. Não há menção  especifica de que seus próprios discípulosse tornariam dékñä gurus. Ao contrário, as citações meramente reiteram o ponto de quedeve-se estar altamente qualificado e autorizado mesmo antes de tentarse tornar um dékñä guru:

“Aquele  que agora  é discípulo será o próximo  mestre espiritual. E alguém não poderá ser um mestre espiritual fidedigno e autorizado a não ser que seja estritamente obediente ao seu mestre espiritual.” (SB, 2.9.43, comentário)

A citação mencionada acima dificilmentedá carta branca para alguém iniciar apenas porque seu guru abandonou o planeta. O conceito do guru deixando o planeta nem mesmo émencionado aqui. Somente a idéia de que eles devem ser autorizados e estritamente obedientes. Nós também sabemos que primeiro eles devem ter alcançado a plataforma de mahä-bhägavata.

Alguns devotos apontam a seção em Fácil Viagem a Outros Planetas (p. 32) que tratade “gurus monitores” como sendo uma evidência para apoiar o M.A.S.S. e oresultante desmantelamento do sistema åtvik. Contudo, esta inteligente analogiaestá claramente definindo a posição de sikñä, não de dékñä gurus. Nesta passagem o monitor atua em nome do seu mestre. Ele mesmo não é o mestre. Ele pode se tornar tão qualificado quanto o mestre, mas isso é um processo, e não é descrito como sendo automático na partida do mestre (quem obviamente corresponde ao dékñä guru). Um guru monitor pode apenas ter, por definição, discípulos sikñä e em número limitado. Uma vez que tal monitor se torne qualificado, ou seja, alcance a plataforma de mahä-bhägavata, e então seje autorizado pelo seu äcärya predecessor, não faz mais sentido chamá-lo de monitor, pois ele será um mestre por seu próprio direito. Uma vez que ele é um mestre por seu próprio direito, ele poderá aceitar inúmeros discípulos. Portanto, o monitor é o sikñä-guru e o mestre é o dékñä guru, e por seguir estritamente o dékñä guru, o sikñä-guru poderá gradualmente elevar-se à plataforma na qual ele poderá pelo menos tornar-se qualificado para ser um dékñä guru. Além do mais, um monitor é meramente um assistente do mestre enquanto o mestre estiver presente. Novamente, isso é uma variância na “lei” da sucessão discipular que é utilizada para apoiar o M.A.S.S.  Um monitor não é uma entidade que vem a substituir ou suceder o seu mestre, e sim para atuar paralelamente com o mestre.

Certamente o sistema de monitores de forma alguma apóia as suposições a) e b) do GBC: que o sistema åtvik deveria pararcom a partida de Çréla Prabhupäda, e que os åtviks então poderiam automaticamente se tornar dékñä gurus.

Há outras circunstâncias fora das cartas pessoais de Çréla Prabhupäda que são citadas como sendo uma autorizaçãoque seus discípulos se tornassem dékñä gurus:

“Agora, dez, onze, doze. Meu guru Mahäräja é o décimo depois de Caitanya Mahäprabhu, eu sou o décimo primeiro, vocês são os décimo-segundos. Assim, distribuam este conhecimento.” (Çréla Prabhupäda, palestra, 18/5/1972, Los Angeles)

“Ao mesmo tempo, eu lhes pedirei a todos que se tornem mestres espirituais. Cada um de vocês deve ser o mestre espiritual seguinte.” (Çréla Prabhupäda aula no Vyasa-puja, 5/9/1969, Hamburgo)

A primeira citação menciona claramente que os discípulos de Çréla Prabhupäda já são os décimo- segundos – “vocês são os décimos-segundos”. Portanto, isso não é nenhum tipo de autorização para que se tornem dékñä gurus no futuro, senão uma afirmação de que simplesmente estão levando a mensagem do paramparä. A segunda citaçãoé de caráter semelhante. Indubitavelmente menciona que seus discípulos são os seguintes na ordem de sucessão. Porém, como a primeira citação afirma, a sucessão já existia por força da pregação vigorosa de seus discípulos. De qualquer maneira, não há uma ordem explícita para que aceitem discípulos, mas simplesmente que preguem. Apenas pelo fato de que ele estava pedindo a seus discípulos que se tornassem mestres espirituais mais tarde, isso não significa que ele queria que se tornassem os próximos mestres espirituais iniciadores. Insistir nisso é pura especulação. De fato, nós sabemos que isso é errado, uma vez que a ordem final deixa claro de que os seus discípulos deveriam apenasagir como representantes do äcärya, e não para dar qualquer tipo de iniciação ou dékñä.

O argumento que tais afirmações sobrepõem-se à ordem final éinfundado efacilmente derrotado por outras afirmaçõesfeitas por Çréla Prabhupäda, especialmente em relação ao que deveria acontecer após a sua partida, o que contradiz completamente a proposição dita:

       Repórter:  “O que irá acontecer com o Movimento nos Estados Unido, quando o senhor morrer?”
 Çréla Prabhupäda: “Eu nunca morrerei.”
   Devotos:  “Jaya! Haribol!”  (risos)
Çréla Prabhupäda: “Eu viverei para sempre em meus livros e vocês os utilizarão.” 
(Çréla Prabhupäda, conferência com a imprensa, 16/7/1975)

Aqui estaria uma clara oportunidade para que Çréla Prabhupäda delineasse seus planos para introduzir o M.A.S.S. se essa fosse a sua intenção. Porém, em vez disso,ele disse que ninguém iria sucedê-lo, poisjamais morreria. Disso nós podemos entender que Çréla Prabhupäda é um mestre espiritual vivo que continua distribuindo conhecimento transcendental (o constituinte mais importante de dékñä), através de seus livros; e que isso continuará por tanto tempo enquanto exista a ISKCON. O papel de seus discípulos será o de facilitar o processo.

“Não se torne um äcärya  prematuro. Primeiramente, siga todas as ordens do äcärya, e então amadureça. É melhor que ele se torne äcärya  naquele momento. Porque estamos interessados em preparar äcäryas, mas a etiqueta é que pelo  menos pelo período de tempo no qual o guru esteja presente, alguém não deverá se tornar äcärya. Mesmo se ele completou seu treinamento, porque a etiqueta é que se alguém vem para ser iniciado, é dever de tal pessoa trazer ocandidato ao seu äcärya.” (Aula de Çréla Prabhupäda sobre o Cc., 6/4/1975)

A citação acima menciona o princípio de que seus discípulosse tornem äcäryas. No entanto, toda a ênfase é que eles nãodevem  se tornar agora. De fato, Çréla Prabhupäda parece apenas mencionar o princípio de que seus discípulos se tornem äcärya como que para adverti-los para que não o fizessem em sua presença. Esta éuma linha similar àquela nas cartas pessoais mencionadas acima. Claramente, esta não é uma ordem especifica para qualquer indivíduo em particular aceitar seus próprios discípulos, mas ao contrário, a afirmação genérica de um princípio. Como veremos mais adiante na seção sobre a “fita da nomeação” (p.35) queé usada no GII como a principal evidência para o M.A.S.S., até maio de 1977 Çréla Prabhupäda não havia dado nenhuma a ordem para dékñä guru (“Sob minha ordem, [...] mas pela minha ordem, [...] quando eu ordenar”). E esta situação permaneceu inalterada até a sua partida. Além disso, mais tarde na mesma aula ele encoraja a seus discípulos a canalizarem essa ambição de ser äcärya da seguinte maneira:

“Ese tornar äcärya  não é muito difícil [...] ämära ajñaya guru hana tara ei desa, yare dekha  tare kaha Kåñëa-upadesa: ‘ao seguir Minha ordem,  você se torna guru’. [...] então, no futuro... suponhamos que agora  vocês tenham agora  dez mil. Nós iremos expandir  para cem  mil. Isso é necessário. Então de cem  mil para um milhão, e de um milhão para dez milhões.’” (Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Cc., 6/4/1975, Mayapur)

Já foi demonstrado que a instrução do Senhor Caitanya foi para que todos pregassem vigorosamente fazendo muitos seguidores conscientes de Kåñëa, mas não para aceitar discípulos. Este ponto é reforçado quando Çréla Prabhupäda encoraja os seus discípulos a fazerem mais e mais devotos. É significativo que Çréla Prabhupäda tenha dito : “suponhamos que agora vocês tenham dez mil...” (ou seja, na presença de Çréla Prabhupäda). Disto está claro que ele está falando sobre os seguidores da Consciência de Kåñëa, não de “discípulos de seus discípulos”, uma vez que o ponto principal da palestra foique eles não deveriam iniciar na sua presença. A implicação é que assim como naquela épocapoderia haver em torno de dez mil seguidores da Consciência de Kåñëa , no futuro muitos milhões seriam adicionados. O sistema åtvik era para assegurar que quando aqueles seguidores se tornassem adequadamente qualificados para obter a iniciação, eles poderiam receber dékñä de Çréla Prabhupäda, assim como eles podiam quando ele deu a aula acima.

Conclusão

Não há evidência de que Çréla Prabhupäda emitiu ordens específicas para que seus discípulos se tornassem dékñä gurus, assim estabelecendo uma alternativa  ao sistema åtvik.

O que temos são umas poucas cartas pessoais não publicadas (naquela época), enviadas apenas para indivíduos que estavam desejosos de se tornarem dékñä gurus mesmo na presença de Çréla Prabhupäda, alguns dos quais recém tinham acabado de unir-se ao Movimento. Em tais casos, se lhes foi dito que esperassem pelo menos até que Çréla Prabhupäda se fosse do planeta antes de satisfazerem suas ambições. O próprio fato de que estas cartas não estavam publicadas na épocada carta de 9 de julho significa que não existia nenhuma intenção de que estas tivessem uma influência direta no futuro das iniciações dentro da ISKCON.

Além do mais, os livros e conversações de Çréla Prabhupäda apenas contém instruções para que seus discípulos se tornem sikñä-gurus. Embora o princípio geral de que um discípulo se torne dékñä guru seja mencionado, Çréla Prabhupäda não ordena especificamente a seus discípulosque iniciem e aceitem seus próprios discípulos.

As citações acima mencionadas não representam base para suplantar a instrução explícita do dia 9 de julho; uma ordem que foi distribuída para todo o Movimento como um específico documento regulamentar. Claramente não existe um documento equivalente que confirme o M.A.S.S.

Deste modo, a idéia de que Çréla Prabhupäda havia ensinado constantemente que todos seus discípulos deveriam se tornar dékñä gurus imediatamente após a sua partida, pouco tempo depois da sua partida ou em outro momento no futuro não é mais do que um mito.

É dito comumente que Çréla Prabhupäda não precisava especificar na carta do dia 9 de Julho o que deveria ser feito nas iniciações futuras, já que ele tinha precisamente explicado muitas vezes em seus livros, cartas, palestras e conversações o que ele queria que acontecesse. Lamentavelmente, esta declaração, além de ser totalmente falsa, faz surgir outros absurdos:

Ainda que tenhamos sido um tanto críticos ao texto GII do GBC, há uma passagem nele que se relaciona com este tema, na qual nós sentimos que capta totalmente a humorque irá reunir a família de Çréla Prabhupäda:

“O único dever de um discípulo é adorar e servir seu mestre espiritual. Sua mente não deverá agitar-se pensando como ele deverá se tornar guru. Um devoto que sinceramente quer avançar espiritualmente deverá tentar tornar-se um discípulo,não um mestre espiritual. (GII, p.25, GBC, 1995)

Nós não poderíamos senão concordar.


*(1) Esta interpretação é defendida no texto de Ajamila das, “Regular or åtvik”, publicado no GBC ISKCON Journal, 1990.

*(2) Nós gostaríamos de mencionar que a maioria dos devotos acima reconheceram suas falhas, e assim nós pedimos desculpas por qualquer ofensa ou embaraço que talvez causemos. Talvez eles possam apreciar o fato de que as suas cartas pessoais, enviadas por Çréla Prabhupäda e direcionadas especificamente para seus anarthas pessoais, estão sendo utilizadas como base para o M.A.S.S. dentro da ISKCON.



8. “Não haverá  algum princípio  sástrico, nos livros de Çréla Prabhupäda que proíba a concessão de dékñä quando o guru não está no mesmo planeta do discípulo?”


Não existe tal afirmação nos livros de Çréla Prabhupäda, e uma vez que os livros de Çréla Prabhupäda contêm todos os princípios sástricos essenciais, tal restrição não poderá existir em nossa filosofia.

O uso do sistema åtvik depois da partida de Çréla Prabhupäda de fato estaria de acordo com muitas das instruções em que Çréla Prabhupäda enfatiza a inconsistência da associação física na relação guru/discípulo (por favor veja  o Apêndices). Depois de ler estas citações, poderemos ver como alguns membros do
GBC apresentaram diferentes versões ao longo dosanos:

Çréla Prabhupäda ensinou-nosque a sucessão discipular é algo  vivo [...] a lei da sucessão discipular é quedevemos nos aproximar de um mestre espiritual vivo – vivo no sentido de estar presente fisicamente.” (Sivarama Swami, ISKCON Journal, p. 31, Gaura Purnima, 1990)


Isso é difícil de conciliaresta asserção com as seguintes afirmações:

“A presença física não é importante.” (Çréla Prabhupäda, conversa, 6/10/1977, Våndävana)

Ou
“A presença física é imaterial.” (Çréla Prabhupäda, carta, 19/1/1967)

Certamente nós deveremos ter um guru que é externo, uma vez que no estado condicionado pura rendição à Superalma não é possível, mas em nenhum lugar Çréla Prabhupäda ensina que este guru físico tem que estar também fisicamente presente:

“Portanto,devemos nos aproveitar  de vani, não da presença física.” (Cc., Antya-lélä, palavras conclusivas)

Çréla Prabhupäda demonstrou este princípio praticamente iniciando um grande número de discípulos sem nem mesmo encontrar-se com eles fisicamente. Este fato por si mesmo prova que dékñä pode ser obtida sem nenhum envolvimento físico do guru. Não há nada no sastra, ou de Çréla Prabhupäda, relacionando dékñä com presença física. Portanto, a continuação do sistema åtvik é perfeitamente consistente tanto com o exemplo do sastra como com o exemplo que nosso äcärya estabeleceu enquanto estava fisicamente presente.

Em uma das principais seções sobre dékñä nos livros de Çréla Prabhupäda, se afirma que o único requisito para recebê-la é o que o guru esteja de acordo. Este consentimento foi totalmente delegado aos åtviks.

“Então, sem esperar por mim, quandoquer que vocês considerem correto. Isso dependerá de discrição.” (conversa com Çréla Prabhupäda em seu quarto, 7/7/1977, Våndävana)

Çréla Prabhupäda nos instrui que:

“Sobre o tempo para dékñä (iniciação), tudo depende da posição do guru [...] Se o sad-guru, o mestre espiritual fidedigno concordar, alguém poderá ser iniciado imediatamente, sem esperar por um tempo ou local adequados.” (Cc, Madhya-lélä, 24.331,  comentário)

É significativo observar que não há uma estipulaçãoque o dékñä guru e o discípulo futuro devam ter contato físico ouque o dékñä guru tenha que estar fisicamente presente para dar sua aprovação (também é interessante que Çréla Prabhupäda use o termo sad-guru comoequivalente ao termo dékñä guru). Çréla Prabhupäda afirmou muitas vezes que o requisito para ser iniciado era simplesmente obedecer às regras e regulações que ele tinha ensinado tantas vezes:

“Este é o processo de iniciação. O discípulo deve admitir que ele não irá maiscometer atividades pecaminosas [...] Ele promete seguir as ordens do mestre espiritual. Então, o mestre espiritual toma cuidado dele  e o eleva para a emancipação espiritual.” (Cc, Madhya-lélä, 24.256, comentário)

    Devoto: “Qual a importância da iniciação formal?”
Çréla Prabhupäda: “Iniciação formal significa aceitar oficialmente e obedecer às ordens de Kåñëa e Seu representante. Isto é iniciação formal.”
(Çréla Prabhupäda, palestra, 22/2/1973, Auckland)

Çréla Prabhupäda: “Quem é meu discípulo? Primeiro de tudo, que ele siga estritamente as regras de disciplina.”
    Discípulo: “Então, enquanto ele estiver seguindo, ele é...”
Çréla Prabhupäda: “Então tudo está bem.”
(Çréla Prabhupäda, caminhada matinal, 13/6/1976, Detroit)


“... ao menos que haja disciplina, não há questão de ser discípulo. Discípulo significa aquele que segue a disciplina.” (caminhada matinal, Çréla Prabhupäda, 8/3/1976, Mayapur)

A definição da palavra dékñä implica em uma conexão  com o guru estando fisicamente presente no planeta?

Dékñä  é o processo pelo  qual alguém pode despertar seu conhecimento transcendental e aniquilar todas as reações causadas por atividades pecaminosas. Uma pessoa perita no estudo das escrituras reveladas conhece este processo como dékñä.” (Cc, Madhya-lélä, 15.108,  significado)

Por favor veja o diagrama “Dékñä”, p. 96

Não há nada nesta definição de dékñä que de algum modo implique que o guru precisa estar no mesmo planeta do discípulo para que o processo funcione apropriadamente. Por outro lado, as instruções de Çréla Prabhupäda e o seu exemplo pessoal provam categoricamente que os elementos que constituem dékñä podem ser utilizados sem a necessidade do envolvimentofísico do guru:

“A recepção de conhecimento espiritual jamais é obstruída por nenhuma condição material.” (SB, 7.7.1, comentário)

“A potência do som transcendental nunca é minimizada porque aquele que o vibrou aparentemente esteja ausente.” (SB, 2.9.8, significado)

Assim, todos os elementos de dékñä – conhecimento transcendental, receber o mantra, etc. - podem ser efetivamente entregues sem a presença física do guru.

Em suma, pode ser mostrado conclusivamente que não existe princípio sástrico mencionado em nenhum dos livros de Çréla Prabhupäda que prevenha a concessão de dékñä uma vez que o guru tenha abandonado o planeta. Emboraprecedente histórico às vezes seja citado como objeção, um precedente histórico não é um princípio sástrico. Ainda que o precedente histórico possa servir como evidência ao aplicar um princípio sástrico, a falta de precedente histórico não prova necessariamente que um princípio sástrico tenha sido violado. Portanto, nossa filosofia está baseada em seguir os mandamentos sastricos, não a tradição histórica. Esta é a mesma coisa que diferencia a ISKCON de qualquer outro grupo Gaudiya Vaisnava. Na Índia existem muitos smarta brahmanas influentes que criticam fortemente a falta de adesão à tradição demonstrada por Çréla Prabhupäda.

Afirmações sástricas, junto com os exemplos práticos de Çréla Prabhupäda mesmo, apóiam plenamente o princípio de que dékñä não depende  de modo algum da presença física do guru.



9. “Uma vez que esta instrução levaria a um sistema que não tem precedente nem base histórica, ela deve ser rejeitada.”


Esta não pode ser a razão para rejeitar a carta do dia 9 de Julho, uma vez que Çréla Prabhupäda estabeleceu muitos precedentes, como por exemplo, reduzindo o número de voltas de japa para dezesseis; fazendo casamentos, permitindo mulheres viverem no templo, dando o mantra Gayatri por fita, etc.  De fato, existe uma diferenciação que retrata os äcäryas de nossa linhagem pois, praticamente sem exceção, eles possuem seus próprios precedentes históricos. Como äcäryas, eles possuem prerrogativas para fazerem isso, ainda que de acordo com os princípios sástricos. Como já foi mencionado, o uso de åtviks sem a presença física do guru no planeta não viola qualquer princípio sástrico. Os livros de Çréla Prabhupäda contêm todos os princípios sástricos essenciais, e uma vez que não há menção  em seus livros de que o guru necessita estar no planeta no momento da iniciação, isso não pode ser um princípio. Assim, o precedente histórico de continuar a usar åtviks depois da sua partida pode apenas ser uma mudança em detalhe, não em princípio.

Çréla Prabhupäda fez muitas coisas, particularmente conectadas com iniciação, que foram sem precedentes e nós não as rejeitamos. Poderia se argumentarque ele explicou algumas destas mudanças em seus livros. Isso é verdade, mas há muitas mudanças que ele não explicou em seus livros. Além do mais, não há necessidade de dar explicações detalhadas sobre o sistema åtvik em seus livros, uma vez que ele tinha demonstrado praticamente seu protótipo por muitos anos, com o toque final de como o sistema deveria continuar plenamente elucidado na ordem da carta do dia 9 de julho. Çréla Prabhupäda jamais nos ensinou a apenas seguir cegamente a tradição:

“Nossa única  tradição  é como satisfazer a Visnu.” (Çréla Prabhupäda, palestra do Bg, 30/7/1973, Londres)

“Não. Tradição, religião, elas são materiais. Elas todas são designações também.” (Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 13/3/1975, Teheran)

Se precisamente a mesma ordem que nós recebemos de Çréla Prabhupäda fora alguma vez emitida por um äcärya anterior ou não, é completamente irrelevante. Nossa única obrigação é seguir as ordens dadas por nosso próprio äcärya.

Se um sistema de iniciação pode ser rejeitado unicamente com  base na não existência de um exato precedente histórico, então necessariamente estaríamos forçados a rejeitar o atual sistema de gurus dentro  da ISKCON pelo  mesmo princípio.

Nunca antes esteve um grupo de dékñä gurus subordinados a um comitê, o qual tem o poder de suspender ou de anular suas atividades de iniciadores. Nenhum äcärya anterior em nossa linhagem fora jamais eleito para atuar como tal com 2/3 dos votos, nem subseqüentemente caíra presa de grosseiras atividades pecaminosas, e como conseqüência, fora repentinamente retirado da “sucessão discipular”. Nós rejeitamos tais práticas irregulares, não com base em precedentes históricos, mas porque elas chocam violentamente com os princípios básicos da filosofia Vaisnava encontrados nos livros de Çréla Prabhupäda, e são uma descarada violação da ordem final de Çréla Prabhupäda.

O fato de que um sistema como o åtvik não ser mencionado diretamente nos sastras ou em antigos textos védicos também não é pertinente. De acordo com algumas regras védicas, sudras e mulheres nem mesmo podem receber iniciação brahmínica de forma alguma:

Dékñä  não pode ser oferecida a um sudra [...] esta iniciação é oferecida não de acordo com  as regras védicas, porque é muito difícil encontrar um brahmana  qualificado”. (Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Bg. 29/3/1971, Bombay)

Assim, estritamente falando, Çréla Prabhupäda não deveria ter iniciado nenhum dos seus discípulos ocidentais, uma vez que eles todos tiveram um nascimento inferior à mais baixa casta védica. Çréla Prabhupäda foi capaz de sobrepor-se a tais leis védicas através da invocação deinjunções sástricas de uma ordem mais elevada. Ele algumas vezes exercitou essas injunções de um modo nunca antes aplicado:

“ Assim como Hari não está sujeito à crítica de regras e regulamentos mundanos, o mestre espiritual empoderado por Ele também não está sujeito .” (Cc. Madhya-lélä, 10.136, comentário)

“Portanto, a misericórdia da Suprema Personalidade de Deus e Isvara Puri não está sujeita a qualquer  regrae  regulamento védico.” (Cc. Madhya-lélä, 10.137)

O ponto importante é que, embora o sistema åtvik possa ser totalmente único-pelo menos ao que sabemos- ele não violaprincípios sástricos mais elevados. Issotestifica o gênio de Çréla Prabhupäda, que era capaz de aplicar tais princípios sástricos de forma nova de acordo com o tempo, lugar e circunstâncias.

Talvez ainda teremos que realizar quão único Çréla Prabhupäda é. Nunca houve um äcärya mundial antes. Nenhum äcärya anterior afirmou que seus livros seriam os livros da lei para a humanidade durante os próximos dez mil anos. Nunca houve nada como a ISKCON antes. Por que, então, deveríamos nos surpreender que tal personalidade sem precedentes tenha decididoestabelecer um sistema de iniciação aparentemente incomum?



10. “Uma vez que não há menção especifica do sistema åtvik antes do dia 9 de Julho de 1977, não é possível ter sido a intenção de Çréla Prabhupäda que tal sistema continuasse depois do desaparecimento de seu desaparecimento.”


Esta objeção se apóia na premissa que Çréla Prabhupäda nunca iria ‘lançar’ nada de novo no Movimento. Tomada de forma literal, esta objeção é absurda, pois significa que qualquer ordem do guru pode ser rejeitada se for nova ou mesmo se for um pouco diferente das outras que foram emitidas anteriormente. Se infere que em seus últimos meses Çréla Prabhupäda não teriaemitido instruções extremistas sobre a sua Sociedade a menos que todos já estivessem familiares com elas.

Como nós já explicamos, o sistema åtvik não é “novo” de forma alguma. Antes da carta do dia 9 de julho, a experiência de iniciação, dékñä, no Movimento tinha sido predominantemente através de representantes. Çréla Prabhupäda era o dékñä guru da ISKCON, e a maioria das cerimônias de iniciação, particularmente nos anos finais, foram executadas pelos presidentes de templo ou por algum outro representante ou sacerdote.

A mais notável diferença após 9 de Julho de 1977 foi que a aceitação de novos discípulos agora seriafeita pelos representantes sem recorrer a Çréla Prabhupäda. A cartaque era enviada para os novos iniciados não seria mais assinada por Çréla Prabhupäda, como havia sido no passado, e a seleção dos nomes dos iniciados seria feita pelos åtviks. Também o procedimento agora estava ligado com a palavra relativamente desconhecida – åtvik”.

Conectar-se com um äcärya fidedigno através do uso de um representante fora a experiência de iniciação familiar para milhares de discípulos. A carta do dia 9 de julho define a palavra “åtvik ” com o significado: “representante do äcärya”. Claramente, o sistema de ser iniciado por Çréla Prabhupäda através do uso de representantes não era nada novo de forma alguma. Isso foi meramente uma continuação do que Çréla Prabhupäda tinha ensinado e colocado em prática tão logo o seu Movimento alcançou um estado de rápido crescimento.

Por que teriasido um choque tão grande o fato de que este sistema continuaria depois do dia 14 de novembro de 1977?

Apesar de ser uma palavra não familiar para muitos, a palavra “åtvik” não era nova. Estae suas derivações já haviam sido definidas 32 vezes por Çréla Prabhupäda em seus livros. O que era novo era o sistema o qual já estava existindo por muitos anos agora fora colocado por escrito, com o necessário ajustamento para o futuro. Dificilmente isso seria surpreendente, uma vez que Çréla Prabhupäda estava nessa época  emitindo muitos documentos por escrito a respeito do futuro do seu Movimento. Este arranjo foi de fato mais um endorsamento do sistema que todos já consideravam prática padrão.

Ironicamente, de fato o que foi “novo”  era a curiosa metamorfose dos åtviks em “puros sucessores do äcärya, material e espiritualmente”. Esta inovação particular veio  a chocar muitas centenas de discípulos que deixaram  o Movimento imediatamente após a sua implementação, e milhares os seguiriam.

Resumo

Nós demonstramos que não háevidência direta apoiando o término do sistema åtvik com a partida de Çréla Prabhupäda, nem a subseqüente transformação dos åtviks em dékñä gurus – suposições a) e b). Mesmo que houvesse uma evidência indireta muito forte apoiando as suposições a) e b), ainda assim seria discutível se essa evidência poderia de fato suplantar a evidência direta, uma vez que esta geralmente prevalece. Contudo, como acabamos de demonstrar, não existe sequer um fragmento de evidência indireta que apóie o desmantelamento do sistema åtvik depois da partida de Çréla Prabhupäda. Assim:

1. Uma instrução que foi emitida para todo o Movimento para ser seguida – evidência direta.
2. Um exame  da própria instrução , bem como de outras instruções subseqüentes, apenas apóiam a continuação do sistema åtvik  evidência direta.
3. Não há evidência direta de que Çréla Prabhupäda especificamente ordenou que terminassem com o sistema åtvik depois de sua partida.
4. Não há também nenhuma evidência indireta com base na instrução, sastra, outras instruções, circunstâncias especiais, antecedentes, a natureza e o contexto da instrução, nem qualquer outra que possamos conceber, que seja um fundamento para parar com o sistema åtvik na ocasião da partida de Çréla Prabhupäda. É interessante que aoexaminar estes outros fatores nós encontramos apenas mais evidências indiretas apoiando a continuação da ordem.   

Em vista da análise acima, nós humildemente propomos que revogar a instrução de Çréla Prabhupäda do dia 14 de Novembro de 1977 com respeito às iniciações foi no mínimo um ato arbitrário e desautorizado. Não podemos encontrar evidências que apóiem as suposições a) e b), as quais, como dissemos, formam a própria base do sistema atual de gurus na ISKCON. Voltar a cumprir a ordem original de Çréla Prabhupäda é nossa única opção como discípulos, seguidores e servos de Çréla Prabhupäda.

Para ajudar ainda mais com este cumprimento nós agora passam por a 28 de Maio conversa e uma série de acusações relacionadas que parecem ter dado origem a confusão.


“A Fita da Nomeação”


O GBC proclama no texto GII que a única justificação para as modificações a) e b) na instrução final do dia 9 de Julho vem de uma conversa gravada no quarto de Çréla Prabhupäda, a qual aconteceu em Vrindavana no dia 28 de Maio de 1977. Estas modificações são dadas a seguir como referências:


Modificação a): que a nomeação de åtviks ou representantes foi somente temporária, especificamente para terminar com a partida de Çréla Prabhupäda.

Modificação b): tendo cessado sua função como representantes, os åtviks deveriam automaticamente se tornar dékñä gurus, iniciando pessoas como seus próprios discípulos, e não de Çréla Prabhupäda.

Portanto, esta será dedicada a um exame  mais detalhado da conversa do dia 28 de Maio para ver se ela pode ser legitimamente usada para modificar a Ordem Final nos termos de a) e b) acima citados.

Uma vez que a posição de todo o GBC se apóia apenas nesta única peça de evidência, é bastante preocupante que eles já tenhampublicado pelo menos quatro diferentes versões ou transcrições desta mesma evidência. Estas diferentes transcrições apareceram nas seguintes publicações:

1983: Çréla Prabhupäda-Lélämåta, Vol 6 (Satsvarupa dasa Goswami, BBT)
1985: Under My Order (Ravindra-svarupa dasa)
1990:  ISKCON Journal (GBC) 
1995: Gurus and Initiation in ISKCON (GBC)

A presentar quatro diferentes versões da mesma conversa gravada, em si mesmo faz surgir um número de perguntas sérias. Por exemplo, não seria razoável perguntar qual é a versão correta? Primeiro de tudo, por que há diferentes versões? Será a transcrição uma montagem de mais de uma conversa? Teria sido a fita editada com mais de uma conversa? Houve mais de uma versão desta fita? Se assim foi, como poderemos estar seguros de que uma versão apresentada é a verdadeira e de acordo com a conversa original? Assim, mesmo antes da evidência ser examinada, somos postos em uma posição na qual esperam que aceitemos a modificação de uma carta assinada mediante a análise da transcrição de uma fita cuja própria autenticidade é questionável.

No entanto, uma vez que grande parte da transcrição é comum em todas as versões, nós tomaremos uma composição das quatro diferentes transcrições consideradas como evidência. Aqui está a conversa, com as variações em parênteses:

(1)   Satsvarupa dasa Goswami:   Então, nossa próxima pergunta diz respeito às iniciações no futuro,
(2)                                                    particularmente quando o senhor não estiver mais conosco. Nós queremos saber
(3)                                                   (a) como a primeira e segunda iniciações deverão ser conduzidas.
(4)               Çréla Prabhupäda:    Sim. Eu irei recomendar alguns de vocês. Depois que isso estejaestabelecido
(5)                                                    Eu irei recomendar alguns de vocês para agir como äcäryas representantes.
(6)     Tamäla Kåñëa Goswami:     Isso é chamado åtvik äcärya?
(7)                Çréla Prabhupäda:     åtvik. Sim
(8)   Satsvarupa dasa Goswami:    (Então) qual é a relação daquela pessoa que dá iniciação e...
(9)                Çréla Prabhupäda:     Ele é guru. Ele é guru.
(10)  Satsvarupa dasa Goswami:    Mas ele age em seu nome.
(11)              Çréla Prabhupäda:     Sim. Isso é formalidade. Porque na minha presença ninguém deve se tornar guru,
(12)                                                   Então, em meu nome; sob minha ordem, ämära ajñaya guru hana (ele é) (seja) realmente guru.
(13)                                                   Mas sob minha ordem.
(14)  Satsvarupa dasa Goswami:    Assim (então) (eles) (eles irão) (podem) também ser considerados seus discípulos?
(15)              Çréla Prabhupäda:    Sim, eles são discípulos, (mas) (por que), considere quem
(16)    Tamäla Kåñëa Goswami:   Não. Ele está perguntando se estes åtvik-äcäryas, eles estão atuando, dando dékñä,
(17)                                                  (seus)... as pessoas para quem eles dão dékñä são discípulos de quem?
(18)              Çréla Prabhupäda:    Eles são seus discípulos.
(19)    Tamäla Kåñëa Goswami:   Eles são seus discípulos (?)
(20)              Çréla Prabhupäda:     Quem está iniciando..  (ele é) discípulo do (seu) discípulo...
(21)  Satsvarupa dasa Goswami:   (Sim)
(22)    Tamäla Kåñëa Goswami:    (isso é claro)
(23)    Tamäla Kåñëa Goswami:    (continue)
(24)  Satsvarupa dasa Goswami:    Então nós temos uma pergunta a respeito...
(25)              Çréla Prabhupäda:     Quando eu ordenar você se torna guru, ele se torna guru regular.
(26)                                                    Isso é tudo. Ele se torna discípulo de meu discípulo (é isso). (veja só).

Como nós mencionamos anteriormente, nem a ordem do dia 9 de julho, nemqualquer documento subseqüente assinado por Çréla Prabhupäda jamais se refere à conversa acima. Isso é muito peculiar, uma vez que o argumento central do texto GII é que esta breve troca de palavras é absolutamente crucial para o entendimento apropriado da ordem do dia 9 de Julho.

Este não era o meio  regular no qual Çréla Prabhupäda emitia instruções para sua vasta organização mundial, ou seja, enviandodiretrizes escritas incompletas e dubitosas que poderiam apenas ser propriamente entendidos com  uma pesquisa através de fitas de conversas.

Quando se considera a magnitude da ordem em questão, ou seja, a continuação da missão do Sankirtan para os próximos dez mil anos, e o que aconteceu com a Gaudiya Math precisamente neste assunto, seria inconcebívelque Çréla Prabhupäda administrasse as coisas desse modo. No entanto, nisso é o que nós deveremos acreditar seaceitarmos a presente posição do GBC. Deixe-nos agora continuar cuidadosamente através da transcrição composta, prestando uma atenção particular em todas as linhas que o texto GII afirma ser a base para as modificações acima na ordem do dia 9 de Julho.

Linhas 1-3: Aqui, Satsvarupa Goswami pergunta para Çréla Prabhupäda uma questão específica a respeito de como as iniciações iriam ocorrer no futuro – “particularmente, quando o senhor não estiver mais conosco”. O que quer que Çréla Prabhupäda responda, nós sabemos que será particularmente relevante depois de sua partida, uma vez que claramente esse é o tempo sobre o qual Satsvarupa está preocupado, ou seja. – “quando o senhor não estiver mais conosco”.

Linhas 4-7:
Aqui Çréla Prabhupäda responde a pergunta de Satsvarupa Dasa Goswami. Ele diz que irá apontar alguns discípulos para agir como “representantes do äcärya”, ou “åtviks”. Tendo claramente respondido a pergunta, Çréla Prabhupäda permanece em silêncio.

Ele não elabora mais neste ponto, nem tampouco qualifica ou tenta qualificar sua resposta. Portanto, devemos deduzirque essa foi a sua resposta. As únicas alternativas para esta opinião são:

1) Çréla Prabhupäda deliberadamente respondeu a pergunta de forma incorreta ou enganosamente; Ou

2) Ele não escutou a pergunta apropriadamente e pensou que Satsvarupa dasa Goswami estava apenas perguntando sobre o que era para ser feito enquanto ele estivesse presente.

Nenhum discípulo de Çréla Prabhupäda irá considerar a opção 1), e se a opção 2) for o caso, então a conversa não pode nos dizer nada sobre as iniciações futuras depois da sua partida; por conseguinte, nós ainda permanecemos com a carta do dia 9 de Julho sem modificações como sendo sua única declaração sobre as iniciações futuras.

Algumas vezes as pessoas argumentam que a resposta completa só é apropriadamente revelada parte por parte através do resto da conversa. O problema com esta proposição é que ao dar instruções de tal modo Çréla Prabhupäda apenas responderia corretamente à pergunta originalmente feita por Satsvarupa dasa Goswami se as seguintes condições fossem satisfeitas:
Este seria um modo excêntricopara alguém responder uma pergunta, o que falar para dirigir uma organização mundial, e certamente esse não era o estilo de Çréla Prabhupäda. Realmente, como está sendo proposto pelo GBC, se ele teve o trabalho de enviarpara todo o Movimento uma carta com instruções sobre iniciaçãoque seriam relevantes por apenas quatro meses, com certeza ele não teria lidado de modo tão obscuro com instruções que poderiam seguir por dez mil anos.

Claramente se nós olharmos esta transcrição para indubitavelmente apoiar as modificações a) e b), nós não fomos muito bem até agora. Çréla Prabhupäda está sendo questionado sobre como serão as iniciações, particularmente quando ele deixasse o planeta: ele respondeu que iria apontar åtviks. Isso contradiz ambas as modificações propostas pelo GBC, e simplesmente reforça a idéia de que a ordem do dia 9 de Julho estaria em vigor dali para frente. Vamos continuar lendo:

Linhas 8-9: Aqui Satsvarupa dasa Goswami pergunta qual a relação do iniciador  com a pessoa sendo iniciada. Satsvarupa não acaba totalmente a pergunta quando Çréla Prabhupäda imediatamente responde, “ele é guru”. Uma vez que åtviks, por definição, não são iniciadores, Çréla Prabhupäda pode ter se referido somente a si mesmo como “guru” daqueles que estão sendo iniciados. Isso está confirmado na carta do dia 9 de Julho, onde é dito três vezes que aqueles que forem iniciados serão “discípulos de Çréla Prabhupäda.”

Algumas vezes uma curiosa teoria é levantada que quando Çréla Prabhupäda diz: “ele é guru”, ele está realmente falando sobre os próprios åtviks. Isso é bastante bizarro, uma vez que Çréla Prabhupäda tinha apenas definido a palavra åtvik como “representante do äcärya” – literalmente, um sacerdote que conduz algum tipo de função cerimonial ou religiosa. Na carta do dia 9 de julho Çréla Prabhupäda esclarece de modo preciso qual é a função cerimonial que aqueles sacerdotes representantes iriam conduzir. Eles deveriam dar os nomes espirituais para os novos iniciados, e no caso da segunda iniciação, cantariam no cordão do Gayatri – tudo em nome de Çréla Prabhupäda. Era isso. Não foi mencionado que eles deveriam ser dékñä gurus iniciando seus próprios discípulos, ou sendo eles mesmos mestres espirituais. A carta define especificamente o åtvik como um representante do äcärya. Eles deveriam agir emnome do äcärya, não como o äcärya. Sendo  este o caso, por que Çréla Prabhupäda iria obscurecer o assunto chamando os åtviks  “gurus”? Se eles fossem gurus iniciadores desde o começo, por que não apenas chamá-los assimpara evitar confusão?

Enquanto discutindo filosófica ou administrativamente assuntos sobre sua posição como äcäryaÇréla Prabhupäda falava freqüentemente na terceira pessoa. É particularmente compreensível que ele assim o fizesse aqui, uma vez que Satsvarupa Dasa Goswami se refere à terceira pessoa em suas perguntas.

Assim, a conversa pode apenas fazer sentido se nós aceitarmos que Çréla Prabhupäda é o guru que iniciava  os novos discípulos através de seus representantes, os åtviks.

Apesar da resposta de Çréla Prabhupäda ser bastante clara e consistente, parece que neste ponto há alguma confusão na mente de quem pergunta . Então Satsvarupa dasa Goswami pergunta na linha 10 – “Mas ele age  em seu nome”. O “ele” a quem Satsvarupa dasa Goswami está se referindo é o åtvik, enquanto que o “ele” a quem Çréla Prabhupäda estava se referindo,como nós mostramos, poderia apenas ser ele mesmo, uma vez que ele é o único iniciador dentro do sistema åtvik.  Apesar da aparente confusão de seus discípulos, Çréla Prabhupäda, habilmente adapta a sua próxima resposta de acordo com a verdadeira preocupação de Satsvarupa dasa Goswami, ou seja, o status destes futuros åtviks.

Linhas 11-13: Este é o ponto no qual o texto GII afirma estar a evidência da modificação a).  Antes de consideramos se estas linhas constituem tal evidência ou não, nós deveremos primeiramentelembrar da analise das linhas 1-7.

Se as linhas 11-13 estabelecem a modificação a), isso será apenas uma contradição das linhas 1-7, onde Çréla Prabhupäda já tinha respondido claramente que os åtviks foram apontados “particularmente” para depois de sua partida. Então, se de fato a modificação a) está estabelecida nas linhas 11- 13, a implicação é que Çréla Prabhupäda contradisse uma afirmação que ele mesmo havia feito apenas alguns momentos antes. Se este fosse o caso, mais uma vez a transcrição seria inútil para determinar qualquer coisa sobre as iniciações futuras, uma vez que duas posições totalmente contraditórias seriamigualmente validadas na mesma conversa. Novamente, nós seremos forçados a nos referir à ordem do dia 9 de julho em sua forma inadulterada.

Vamos ver se isso de fato aconteceu. Lembrem que estamos procurando por uma afirmação específica de que os åtviks deveriam cessar suas obrigações com a partida de Çréla Prabhupäda. Em outras palavras, que eles poderiam apenas atuar em sua presença.

Lendo as linhas 11-13 nós vemos que tudo o que é dito é que os åtviks deveriam atuar na sua presença , pois na sua presença eles não poderiam ser gurus. Deste modo, Çréla Prabhupäda está simplesmente reafirmado um princípio que ele era eventualmente mencionava ao lidar com discípulos ambiciosos: que na presença do guru deve-se atuar apenas em seu nome. Portanto, Çréla Prabhupäda não diz que esse “atuar em seu nome” deve cessar uma vez que ele deixe o planeta. Ele também não diz que “atuar em seu nome” pode apenas acontecer enquanto ele estiver presente. Realmente, até aqui em nenhum lugar ele relaciona diretamente de alguma forma a sua presença física com o conceito de atuar em seu nome, mas ao contrário simplesmente expressa isso como a razão que previne a seus discípulos de serem gurus, e é esse “não ser guru” que está relacionado com o atuar como åtvik.

Em outras palavras, na época  dessa conversa uma das razões pelas quais eles não poderiam ser dékñä gurus era a presença física de Çréla Prabhupäda. Mas esse não é o único empecilho prevenindo seus discípulos de aceitarem o posto de dékñä guru, como nós veremos na próxima linha.

Na linha 12 nós vemos que ser guru também depende  de receber uma ordem específica de Çréla Prabhupäda“Sob minha ordem”. Ele repete esta condição na linha 13“Mas sob minha ordem”, e mais uma vez na linha 25“Quando eu ordenar”. Está bem claro então que essa não pode seraordem, caso contrário por que dizer “quando eu ordenar”? Se esta fosse uma ordem para se tornar guru após a sua partida, como o GBC mantém, então certamente ele teria dito alguma coisa como: “eu vou agora ordenar vocês que assim que eu vá, vocês parem de ser åtviks e se tornem dékñä gurus”. Semelhante enunciado com certeza traria certa credibilidade para a atual posição do GBC e a doutrina do M.A.S.S. No entanto, como se pode ver, nada sequer remotamente parecido com tal enunciado pode ser encontrado em parte alguma na conversa do dia 28 de Maio.

Também se argumenta que o uso do verso ämära ajñaya” neste ponto significa que a ordem para ser dékñä guru já havia sido dada, uma vez que esta ordem do Senhor Caitanya fora repetida milhares de vezes por Çréla Prabhupäda. No entanto, a ordem “ämära ajñaya”, como nósvimos, refere-se somente ao sikñä-guru; nós sabemos que a ordem para se tornar dékñä guru ainda nãohavia sido dada, pois Çréla Prabhupäda diz: “Quando eu ordenar”. Portanto, o uso do verso por Çréla Prabhupäda neste ponto é simplesmente para expressar a noção de que antes de aceitar uma posição como qualquer tipo de guru, é preciso haver uma ordem.

Com certeza não há nada nas linhas 11-13 que modifique de alguma forma o que Çréla Prabhupäda claramente responde à pergunta original de Satsvarupa (linhas 1-7). Deste modo, nosso entendimento das linhas 1-7 permanece intacto. Çréla Prabhupäda não contradiz a si mesmo e a carta do dia 9 de julho permanece até aqui sem modificações.

O que as linhas 11-13 estabelecem é que o sistema åtvik deveria operar enquanto Çréla Prabhupäda estivesse presente, mas não que deveria operar apenas enquanto ele estivesse presente. A carta do dia 9 de julho deixa claro isso pelo uso da palavra “henceforward” (daqui para frente). A palavra “henceforward” inclui todo o período de tempo daquele dia em diante, sem necessidade da presença física de Çréla Prabhupäda. Vamos continuar lendo.

Linhas 14-15: É interessante que neste ponto Satsvarupa dasa Goswami faz a pergunta na primeira pessoa: “então elestambém serão considerados seus discípulos?” Çréla Prabhupäda responde: “Sim, eles são discípulos...”. Mais uma vez confirma a posse dos futuros discípulos. Apesar de não estar claro o que Çréla Prabhupäda continua a dizer, sua resposta inicial é bem definida. Esta é uma pergunta direta, e ele responde: “Sim”.
 
Se o GBC tivesse qualquer esperança de manter as modificações a) e b), então Çréla Prabhupäda deveria terrespondido algo como: “não, ele não são meus discípulos”. O que quer que Çréla Prabhupäda estivesse prestes a dizer é irrelevante, pois ninguém poderá jamais saber. Nós apenas sabemos que quando lhe foi perguntado se os futuros iniciados seriam seus discípulos, ele respondeu: “sim”. Novamente, não é um bom sinal para as modificações a) e b).

Linhas 16-18: Tamäla Kåñëa Goswami parece perceber alguma confusão aqui e interrompe Çréla Prabhupäda. Ele clarifica mais a pergunta de Satsvarupa perguntando a Çréla Prabhupäda de quem seriam os discípulosque estavam recebendo dékñä dos åtviks.  Mais uma vez Çréla Prabhupäda responde na terceira pessoa (tendo sido questionado na terceira pessoa): “eles são seus discípulos”. Como nós discutimos, ele apenas pode estar se referindo a si mesmo, uma vez que os åtviks  por definição não têm discípulos. Além disso, nós sabemos que ele definitivamente estava se referindo a si mesmo, uma vez que ele responde a pergunta no singular (“seus [his] discípulos... quem está [is] iniciando”), tendo sido questionado a respeito dos åtviks no plural (“estes åtviks-äcäryas).

Uma idéia algumas vezes sugerida é que neste ponto da conversa Tamäla Kåñëa Goswami faz a pergunta num vago sentido futuro, sobre um tempo não especificado no qual os åtviks de certo modo se transformariam em dékñä gurus. De acordo com esta teoria, quando Çréla Prabhupäda, que agora presumidamente de forma mística está sintonizado com a mente de Tamäla Kåñëa Goswami, responde que os futuros iniciados são “seus discípulos”, o que ele de fato quer dizer é que eles são discípulos dos åtviks, que agora não são mais åtviks, mas dékñä gurus. Deixando de lado o fato de que este fantasioso “encontro de mentes” é tanto improvável como altamente especulativo, há pelo menos um outro problema com esta hipótese:

Até este ponto Çréla Prabhupäda não afirmou que os åtviks- os quais ele ainda iria apontar-iriam atuar de outra forma além de åtviks. Então, por que deveria Tamäla Kåñëa Goswami ter assumido que o status deles fora mudado?

Linhas 19-20: 
Tamäla Kåñëa Goswami repete a resposta e então Çréla Prabhupäda continua: “quem está iniciando... discípulo de seu discípulo”. Nós escolhemos a versão da transcrição “discípulo de seu discípulo” (his grand-disciple) em vez da versão “ele é discípulo do discípulo” (he is grand-disciple), uma vez que se aproxima mais do que ouvimos na fita, e parece fazer mais sentido na conversa (caso contrário a pessoa que iniciasimultaneamente se tornariao discípulo do discípulo! – “quem está iniciando ... ele é discípulo do discípulo”).

O argumento que quando falando na terceira pessoa, Çréla Prabhupäda deve estar se referindo aos åtviks e não a si mesmo pode ser testado pela modificação da conversa substituindo os pronomes (mostrado em parênteses) nas linhas 17-20:

TKG: “De quem eles são discípulos?”
Çréla Prabhupäda: “Eles são discípulos (do åtvik ).”
TKG: “Eles são discípulos (do åtvik ).”
Çréla Prabhupäda: “(o åtvik ) está iniciando... o discípulo do discípulo (do åtvik).”

Dada a premissa de que os åtviks estão apenas oficialmente atuando, e que o seu papel é apenas de representantes, deveria ser evidente para o leitorque a interpretação das linhas 17-20 é um disparate. É uma contradição que um åtvik tenha seus próprios discípulos, o que falar de terdiscípulos de discípulos.

Uma acusação que pode ser feita é que nós estamos de algum modo distorcendo as palavras de Çréla Prabhupäda quando tomamos afirmações em terceira pessoa como primeira pessoa. Mas nós sentimos que nossa interpretação é consistente com a função designada por Çréla Prabhupäda a seus åtviks. Parece haver apenas duas possíveis opções de interpretação em relação a esta conversa:

1) Os futuros novos discípulos pertenceriam aos sacerdotes åtviks, que por definição não são dékñä gurus, mas oficiais que foram designados especificamente para atuarem como procuradores;

2) Os futuros novos discípulos pertenceriam ao dékñä guru, Çréla Prabhupäda.

Opção 1) é simplesmente absurda. Portanto, nós vamos para a opção 2) como sendo a única escolha racional, e teremos assim interpretado a fitacorretamente.

Linhas 25-26: Çréla Prabhupäda conclui com a inequívoca estipulação que apenas quando ele ordenasse alguém se tornaria guru. Em tal situação os novos iniciados seriam “discípulo de meus discípulos”.

Uma grande importância é dada ao uso do termo “discípulo do discípulo (grand-disciple)”. Para muitos, o uso desta frase por Çréla Prabhupäda age como um argumento conclusivo, uma vez que você pode apenas ter discípulos de discípulos se for dékñä guru. Isso é verdade. Infelizmente, as palavras que seguem a expressão “discípulo de seu discípulo” são geralmente ignoradas. Çréla Prabhupäda afirma que o discípulo de um discípulo, e por conseguinte um dékñä guru, existirão apenas quando ele (Çréla Prabhupäda) ordenar que seu discípulo se torne dékñä guru. Em outras palavras, Çréla Prabhupäda está simplesmente dizendo que quando o guru ordenar a seu discípuloquese torne dékñä guru, então este terá discípulos de discípulos (“his grand-disciple”), uma vez que o novo dékñä guru irá então iniciar pela sua própria conta (“ele se torna discípulo de meu discípulo”).  Isto parece direto o suficiente a ponto de que ninguém questionar. Mas onde está a ordem para quealguém aceite o status de guru? Certamente não está nas linhas 25-26, nem em lugar algum na conversa.

Na realidade a conversa do dia 28 de Maio não está ordenando nenhuma pessoa específica a fazer coisa alguma. Çréla Prabhupäda está simplesmente expressando a sua intenção de apontar åtviks em algum ponto no futuro. Ele então responde algumas questões um tanto confusas sobre a relação entre o gurue o discípulo no sistema åtvik. Então ele conclui com um enunciado sobre o queaconteceria se ele decidissedar a relevante ordem para alguém se tornar dékñä guru. Todavia, a ordem específica nomeando pessoas específicas para executar uma função específica primeiramente foi dada no dia 7 de Julho (por favor veja os Apêndices, p.132), e então confirmada na carta assinada do dia 9 de Julho. Mas como pode ser vistolendo a carta do dia 9 de julho, não há menção  alguma que os onze apontados como åtviks alguma vez se tornariam dékñä gurus, ou que o sistema åtvik deveria parar.

Após nossa exaustiva análise da conversação do dia 28 de maio, está claro  de que  o GBC está apresentando um clássico argumento circular:

Tendo em vista apoiar as modificações a) e b), as quais são absolutamente vitais para a atual posição dos gurus dentro da ISKCON, eles afirmamque se deve modificar a carta do dia 9 de Julho usando uma “ordem” que Çréla Prabhupäda deu na transcrição do dia 28 de Maio. Contudo, tendo lido cuidadosamente a transcrição nós vimos que Çréla Prabhupäda disse que eles apenas poderiam ser gurus “quando eu ordenar”. Então, como pode ser declarado que “quando eu ordenar” foi a mesma ordem finalmente colocadanos dias 7 e 9 de Julho, uma vez que esta “ordem” é puramente para a criação dos åtviks, e é esta mesma ordem que o GBC precisou modificar em primeiro lugar para manter suas cruciais modificações a) e b)?

Infelizmente ao adotar a linha de raciocínio defendido no texto  GII, nós nos encontramos levados inexoravelmente na direção ao absurdo impasse dialético mencionado acima. Como auxílio para a compreensão do impasse acima, por favor veja o fluxograma na página 97.

Finalmente, o maior problema com toda a teoria da “modificação”, além da óbvia ausência de qualquer evidência de apoio, é que não se pode modificar legitimamente uma instrução com uma informação que não estava disponível para as próprias pessoas que deveriam seguir a instrução.

Se de fato a conversa do dia 28 de Maio contivesse claras instruções apoiando as modificações a) e b), então certamente a carta final deveria conter pelo menos algum vestígio delas. De fato o principal propósito da reunião do dia 28 de maio foiestabelecer claramente o que seria feito sobre as iniciações depois que Çréla Prabhupäda deixasse o planeta. E ainda assim,está sendo propostoque quando Çréla Prabhupäda finalmente emitiu sua última diretriz escrita sobre iniciação, ele de alguma maneira apenas tratou do que era para ser feito antes dele deixar o planeta.

Em outras palavras, Çréla Prabhupäda supostamente deu claras e enfáticas diretrizes sobre um assunto que não lhe foi perguntado; enquanto que o assunto realmente importante, sobre o qual todos queriam saber, ou seja, o futuro das iniciações para os próximos dez mil anos, ele omitiu inteiramenteem sua última instrução assinada sobre tal assunto.

Nós não encontramos exemplos de Çréla Prabhupäda dirigindo sua Sociedade das seguintes formas:

1) Emitindo importantes diretrizesque falham em sequer tratar do principal propósito de suas emissões.

2) Deliberadamente retendo informação vital pertinente a um importante novo sistema de administração.

3) Esperando que os destinatários de suas instruções fossemmísticos leitores de mentes para que seguissem corretamente uma instrução.

A defesa comum que Çréla Prabhupäda não necessitava ditar na sua carta final o que era para ser feito sobre as futuras iniciações, uma vez que ele já tinha claramente explicado nos seus livros e palestras como ele queria que todos se tornassem dékñä gurus, já foirefutada na objeção 7 acima. (por favor veja p.14)

Há uma outra tentativa feita no texto GII para extrair alguma coisa mais da conversa do dia 28 de Maio em apoio as modificações a) e b), quando indica-se como Çréla Prabhupäda usa o verso ämära ajñaya guru hana” na linha 12. O verso é também repetido mais adiante na conversação do dia 28 de Maio em uma discussão relacionada com a tradução de seus livros. De acordo com esta opinião, a ordem åtvik é idêntica a ordem para ser dékñä guru simplesmente por mérito de Çréla Prabhupäda ter mencionado a famosa instrução do Senhor Caitanya para “todos se tornarem guru” na mesma conversa em que fala sobre åtviks. Mas tudo o que Çréla Prabhupäda diz é que:

“... alguém que entende as ordens de seu guru, do mesmo parampara, ele pode se tornar guru. Eportanto  eu irei selecionar alguns de vocês” (Conversa do dia 28 de Maio)

Os pontos essenciais a considerar aqui são:

1.  Qual foi a ordem do guru que eles deveriam entender? Atuar como åtviks.
     (“Eu irei recomendar alguns de vocês para atuarem como 
äcäryas representantes.”)

2. Afinal das contas, eles foram selecionados para fazer o quê? Atuar como åtviks. (por favor leia a carta do dia 9 de Julho, p.113)

3. E ao seguir a ordem do guru, que tipo de guru eles se tornaram? Como nós vimos anteriormente na análise da ordem do Senhor Caitanya para “tornar-se guru”, qualquer um que com plena fé executa esta ordem está automaticamente qualificado como sikñä guru.

GII a presenta a proposição contraditóriaque seguindo as ordens do guru para atuar como åtvik apenas (e não como dékñä guru), deve-se automaticamente atuar como dékñä guru.

Por esta lógica, qualquer um que segue qualquer ordem dada pelo guru, de alguma maneira automaticamente também recebeu uma ordem específica para se tornar dékñä guru! Infelizmente, o texto GII não oferece qualquer evidência que apóie esta tese. Como foi mostrado anteriormente, o uso do verso“ämära ajñaya” é simplesmente uma ordem para qualquer um apenas se tornar sikñä guru (“É melhor não aceitar discípulos”).

Conclusão:

1. No dia 9 de Julho Çréla Prabhupäda apontou 11 åtviks para levar adiante a primeira e segunda iniciações dali para frente (henceforward).

2. Não há evidência na conversa do dia 28 de Maio que possa ser usada para modificar a ordem do dia 9 de Julho, tal como dizer que os åtvik apontados devem pararsuas funções com a partida de Çréla Prabhupäda.

3. Também não há nada na conversa do dia 28 de Maio que possa ser usado para modificar a ordem do dia 9 de Julho, tal como dizer que os åtviks deveriam se metamorfosear em dékñä gurus tão logo Çréla Prabhupäda deixasse o planeta.

4. A única coisa claramente estabelecida na conversação do dia 28 de Maio é que os åtviks deveriam atuar depois da partida de Çréla Prabhupäda.

Deve-se notar que há pelo menos quatro diferentes transcrições, e tres diferentes interpretações “oficiais” desta mesma conversa. Muitos devotos sentem que por esta razão apenas esta conversa não pode ser considerada como evidência conclusiva. Se esta for também a conclusão do leitor, então não haverá escolha senão retornar mais uma vez à carta do dia 9 de julho como sendo a ordem final, uma vez que ela é uma carta assinada, claramente escrita e enviada para o Movimento inteiro. Esta certamente seria a conclusão em uma corte de justiça; evidência escrita e assinada sempre sobrepõem- se sobre fitas gravadas. A única razão pela qual examinamos a conversa do dia 28 de Maio tão cuidadosamente é porque o GBC a tem apresentado como sendo a única peça de evidência para apoiar as modificações a) e b).

Nós somos então forçados a rejeitar totalmente as modificações a) e b), que são o fundamento da posição atual do GBC sobre iniciações dentro da ISKCON, uma vez que não há evidências que as suportem. Consequentemente, as instruções contidas no documento de política de 9 de julho,de fato, constitui a ordem final de Çréla Prabhupäda acerca da iniciação e deveria, portanto, ser seguida.

A seguir há algumas objeções relacionadas ao assunto. Pensamos que sua abordagem possa ser útil.


Objeções Relacionadas


1. “Çréla Prabhupäda não mencionou o uso de åtviks em seus livros.”


1)
A palavra “åtvik” e suas derivações na verdade possuem 31 referências distintas nos livros de Çréla Prabhupäda, apenas um pouco menos do que a palavra dékñä e suas derivações,que têm 41 referências distintas nos livros de Çréla Prabhupäda. Certamente o uso de sacerdotes åtviks para dar assistência em cerimônias é um conceito plenamente sancionado nos livros de Çréla Prabhupäda:

Åtvik           :    4.6.1 / 4.7.16 / 5.3.2 / 5.3.3 / 5.4.17 / 7.3.30 / 8.20.22 / 9.1.15
Åtvijaù        :    4.5.7 / 4.5.18 / 4.7.27 / 4.7.45 / 4.13.26 / 4.19.27 /4.19.29 / 5.3.4 / 5.3.15 / 5.3.18 / 5.7.5 / 8.16.53 / 8.18.21 / 8.18.22 / 9.4.23 / 9.6.35
Åtvijäà       :    4.6.52 / 4.21.5 / 8.23.13 / 9.13.1
Åtvigbhyaù :    8.16.55
Åtvigbhiù    :    4.7.56 / 9.13.3
(conforme vemos, no Çrimad Bhägavatam há as seguintes citações)

2) Apesar de os princípios espirituais serem tratados extensivamente por Çréla Prabhupäda em seus livros, os detalhes específicos daqueles princípios freqüentemente não são fornecidos (por exemplo, na área de adoração à Deidade). Estes detalhes específicos geralmente seriam comunicados por outros meios, como por cartas e demonstrações práticas. Assim, é preciso distinguir entre o princípio de iniciação ou dékñä, e os detalhes da sua formalização. Çréla Prabhupäda jamais definiu dékñä em termos de qualquer cerimônia ritualística, e sim como a recepção de conhecimento transcendental que conduz a liberação:

“Em outras palavras, o mestre espiritual desperta a entidade viva adormecida à sua consciência original para que ela pode adorar o Senhor Vishnu. Este é o propósito de dékñä, ou iniciação. Iniciação significa receber o conhecimento puro da consciência espiritual.” (Cc. Madhya-lélä, 9.61, comentário)

Dékñä  na verdade significa iniciar um discípulo com  o conhecimento transcendental pelo  qual ele se torna livre de todas as contaminações materiais.” (Cc. Madhya-lélä, 4.111, comentário)

Dékñä é o processo pelo qual alguém pode despertar seu conhecimento transcendental e aniquilar todas as reações causadas por atividades pecaminosas. Uma pessoa perita no estudo das escrituras reveladas conhece este processo como dékñä.” (Cc. Madhya-lélä, 15.108,  comentário)

Dékñä normalmente envolve uma cerimônia, mas ela não é absolutamente essencial; é mera formalidade:

“Então, de qualquer  modo, de 1922 até 1933 praticamente eu não era iniciado, mas eu obtive a impressão de pregar o culto  de Caitanya Mahäprabhu. Isso era o que eu pensava. E isso é que foi a iniciação pelo meu Guru Mahäräja.” (Çréla Prabhupäda, palestra 10/12/1976, Hyderabad)

“Iniciação é uma formalidade. Se você for sério, essa é a verdadeira iniciação. Meu toque é simplesmente uma formalidade. É a sua determinação, isso é iniciação.” (BTG # 49, procura pelo divino)

“...sucessão discipular nem sempre significa que alguém tenha  que ser iniciado oficialmente. Sucessão discipular significa aceitar a conclusão discipular.” (Çréla Prabhupäda, carta para Dinesh, 31/10/1969)

“O canto de Hare Kåñëa é nossa principal atividade, essa é a verdadeira iniciação. E como vocês todos estão seguindo as minhas instruções neste assunto, o iniciador  já está presente.” (Çréla Prabhupäda, carta para Tamäla Kåñëa, 19/8/1968)

“Bem, iniciação ou não, a primeiracoisa é conhecimento... conhecimento. Iniciação é formalidade. Assim como você vai à escola por conhecimento, e admissão é formalidade. Essa não é uma coisa muito importante.” (Çréla Prabhupäda, entrevista, 16/10/1976, Chandigarh)

Çréla Prabhupäda: “Quem é meu discípulo? Primeiro de tudo ele deve seguir estritamente as regras disciplinares.”
        Discípulo: “Enquanto eles estiverem seguindo, então ele é...”
Çréla Prabhupäda: “Então está tudo bem.”
 (Çréla Prabhupäda, caminhada matinal, 13/6/1976, Detroit)


“... a não ser que haja disciplina, não há possibilidade de haver discípulo. Discípulo quer dizer aquele que segue a disciplina.” (Çréla Prabhupäda, caminhada matinal, 8/3/1976, Mayapur)

“Se alguém não observa a disciplina, então ele não é discípulo.”   (Çréla Prabhupäda, aula do SB, 21/1/1974)

Assim, a cerimônia de iniciação é uma formalidade executada para solidificar na mente do discípulo o sério compromisso que assume com o processo de dékñä. Tal compromisso inclui:

Çréla Prabhupäda declarouclaramente que a cerimônia é apenas uma formalidade, não algo essencial. Além disso, esta formalização da iniciação através de uma cerimônia envolve um número de elementos em si:

1. Recomendação de uma autoridade da instituição, normalmente o presidente do templo.

2. Aceitação pelo åtvik atuante.

3. Participação em um yajña de fogo.

4. Receber um nome espiritual.

Apenas nos pontos 2 e 4 é necessário o envolvimento de um sacerdote åtvik; 1 e 3 são geralmente executados pelo presidente do templo ou algum brahmana qualificado.

Como foi mencionado anteriormente, em nenhum lugar está ditoque o guru e o discípulo devem estar no mesmo planeta tendo em vista o discípulo receber qualquer elemento de dékñä, tais como conhecimento transcendental, aniquilação das reações pecaminosas, uma cerimônia de fogo ou yajña e um nome espiritual. Por outro lado, cada elemento de dékñä (transmissão de conhecimento, yajña, etc.), pode ser dado muito facilmente sem a presença física do guru. Isso foi demonstrado de forma prática por Çréla Prabhupäda, uma vez que ele dera todos os elementos de dékñä através de intermediários como seus discípulos e livros. Assim, nenhum princípio espiritual é mudado através do uso de åtviks. Apenas há uma mudança de detalhes.

Deste modo, para colocar em perspectiva o uso de åtviks, podemos ver que nós estamos lidando com os detalhes de um elemento de uma cerimônia, uma cerimôniaque em si mesma constitui apenas um elemento- e um elemento desnecessário- do processo transcendental de dékñä (por favor veja o diagrama Dékñä na p.96).

Nós observados que Çréla Prabhupäda lida com todos estes elementos de maneira proporcional à sua importância:


Ítem Explicado nos livros? Segue a tradição? Maiores mudanças da tradição? Mudança da tradição  explicada nos livros?
Dékñä
Sim

Não
Conhecimento dado primeiramente através de vani, e não por contato físico.

Parikñä pessoal é pouco usada.

Novo padrão de iniciação.
Um pouco
Processo e cerimônia
de iniciação
Não Não Uso de representantes para cantar nas contas dos iniciados.

Dar o Mantra Gayatri por fita magnética.
Não
Processo de dar
 o nome
Não Não Nome dado no momento da dékñä harinama .


Uso de representantes para dar o nome.
Não


Assim, a falta de menção específica nos livros de Çréla Prabhupäda sobre o uso de åtviks em procedimentos de iniciação, quer histórica ou contemporânea, é consistente com a abordagem geral de Çréla Prabhupäda  aos assuntos que cercam a iniciação; menção específica em seus livros sendo diretamente proporcional à importância das inovações envolvidas.



2. “Como  pode parikñä (mútua análise entre o guru e o discípulo), um elemento essencial em dékñä, ser possível sem contato físico?”


Esta questão surge da declaração do dito requisito que um discípulo deve “aproximar-se”, “inquirir de”, e “render serviço” ao guru (Bg. 4.34), e que o guru deve “observar” o discípulo (Cc. Madhya-lélä, 24.330).  Se nós examinarmos o verso cuidadosamente, os seguintes pontos ficam aparentes:

“Em nosso Movimento para a Consciência de Kåñëa o requisito é quedeve-se estar preparado para abandonar os quatro pilares da vida pecaminosa [...] nos países ocidentais especialmente nós primeiramente observamos se o candidato discípulo está preparado para seguir os princípios regulativos.” (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  comentário).

Essa facilidade de usar representantes é sempre repetida em poucas linhas depois, quando discutindo a observação necessária para uma possível candidatura para a segunda iniciação:

“Deste modo o discípulo rende  serviço devocional sobre a guia do mestre espiritual ou seus representantes por pelo  menos seis meses até um ano.” (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  comentário)

Poucas linhas depois nós vemos como realmente é vital é o uso de åtviks:

“O mestre espiritual deverá estudar a curiosidade do discípulo por pelo  menos seis meses ou um ano.” (Cc. Madhya-lélä, 24.330,  comentário)
(i) Não há menção  desta cláusula especial  para parikñä pessoal em nenhuma escritura. Isso seria apenas umainvenção para ajustar as circunstâncias depois do fato.

(ii) Quando descrevendo o uso de representantes para parikñä pessoal, Çréla Prabhupäda jamais declarou que eles apenas existiriam se ele estivesse no planeta. Qual é este  princípio sástrico até agora não mencionado que força uma limitação no uso de representantes em certas circunstâncias?

(iii) Como foi demonstrado, a necessidade de parikñä pessoal não é um requisito sástrico. O uso de representantes, tais como discípulos e livros, como substitutos de parikñä pessoal é apoiado por Çréla Prabhupäda. Então, está fora de questão considerar quando parikñä pessoal deve ou não deve ser eliminada.

(iv) Dékñä era dada sem o contato físico, o que prova  que dékñä pode ser obtida sem parikñä pessoal.

(v) O próprio fatode que parikñä pessoal não foi sempre efetuada, mesmo quando era possível fazê-la, prova  que isso não pode ser necessário para o processo de dékñäÇréla Prabhupäda deixou muito claro qual o padrão que ele esperava de um discípulo; os presidentes de templo e os åtviks deveriam dar a continuidade aos mesmos. Os padrões de iniciações hoje são idênticos àqueles estabelecidos por Çréla Prabhupäda enquanto ele estava presente. Então, quando ele pediu para não ser consultado enquanto estava presente, o quê nos faria crer que eleurgentemente desejaria intervir agora? A única coisa preocupação para nós é assegurar que o padrão seja rigidamente mantido sem mudanças ou especulações.



3. “Nós poderemos aceitar Çréla Prabhupäda, mas como nós saberemos que ele nos aceitou como seus discípulos, mesmo na sua ausência física?”


No dia 7 de Julho de 1977 quando estabelecendo o o sistema åtvikÇréla Prabhupäda declarou que os åtviks poderiam aceitar devotos como discípulos dele sem consultá-lo. Assim, Çréla Prabhupäda não estava envolvido no processo de seleção ou aprovação de novos discípulos. Os åtviks tinhamplena autoridade e discrição. O envolvimento físico de Çréla Prabhupäda não era necessário:


Çréla Prabhupäda: “Então, sem esperar por mim, quando quer que vocês considerem correto. Isso irá depender de discrição.”
Tamäla Kåñëa Goswami: “Com discrição.”
           Çréla Prabhupäda: “Sim.”
(Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 7/7/1977, Våndävana)

Além disso, os nomes dados pelos åtviks deveriam ser anotados por Tamäla Kåñëa Goswami no livro de “discípulos iniciados” de Çréla Prabhupäda. Assim, pelo menos externamente, Çréla Prabhupäda nem mesmo precisava ser informado da existência do discípulo. Conseqüentemente, o processo deveria ser o mesmo como fora antes, uma vez que os åtvik tinha plenos poderes como procuradores.




4. “Somente se a iniciação, dékñä, tiver ocorrido antes de o guru deixar o planeta é possível continuar aproximando-se, inquirindo  e servindo-o em sua ausência física.”


Pelo menos esta afirmação concorda com o ponto que é possível aproximar-se, inquirir e servir o mestre espiritual fisicamente ausente. A afirmação de que isso somente é possível “se a ligação dékñä é feita antes do guru abandonar o planeta” é pura invenção esem referência nos livros de Çréla Prabhupäda, portanto deve ser ignorada. Dékñä nem mesmo requer uma cerimônia de iniciação formal para fazê-la funcionar; ela é a transmissão do conhecimento transcendental do guru para um discípulo receptivo (junto com a aniquilação das reações pecaminosas)

“...sucessão discipular nem sempre significa que alguém tenha  que ser iniciado oficialmente. Sucessão discipular significa aceitar a conclusão discipular.” (Çréla Prabhupäda, carta para Dinesh, 31/10/1969).

“Bem, iniciação ou não, a primeira coisa é conhecimento... conhecimento. Iniciação é formalidade. Assim como você vai para uma escola por conhecimento, eadmissão é formalidade. Isso não é uma coisa muito importante.” (Çréla Prabhupäda, entrevista, 16/10/1976, Chandigarh)

É irracional afirmar que o transcendental processo de dékñä não pode funcionar apropriadamente se o guru não estiver fisicamente presente durante uma cerimônia de fogo ou yajña que não é essencial, particularmente uma vez que:

Pode-se argumentarque apesar de Çréla Prabhupäda não estar presente naquelas iniciações, mesmo assim ele estava fisicamente presente no mesmo planeta na época  em que elas ocorreram. Então, seria a presença física do guru no planetaessencial para dékñä? A fim de validar este argumento, nós precisaríamos encontrar uma injunção nos livros de Çréla Prabhupäda que afirmasse que:

Dékñä pode apenas ocorrer se a distância entre o guru e seu discípulo durante a iniciação formal não for maior do que o diâmetro da Terra.’

Até agora ninguém foi capaz de localizar tal afirmação. Ao contrário, como mostra a citação abaixo, um exemplo bem conhecido de dékñä em nossa filosofia (Bg. 4.1) de fato contradiz a proposição acima:

“Então, não havia dificuldades em se comunicar com  Manu ou com  os filhos de Manu, Iksvaku. A comunicação existia. O sistema de rádio era tão bom que a comunicação podia ser transferida de um planeta para outro.”  (Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Bg., 24/8/1968)

Ao que parece, dékñä não é afetada pelas distâncias físicas entre o guru e os discípulos.



5. “O que vocês estão propondo soa suspeitosamente como Cristianismo!”


1) Nós não estamos propondo o sistema åtvik; é Çréla Prabhupäda que o propôs na sua ordem final. Assim, mesmo se isso for como o Cristianismo, ainda assimnós deveremos segui-lo,uma vez que é a ordem do guru.

2) Çréla Prabhupäda claramente aprovou a idéia de que os cristãos continuem seguindo a Jesus Cristo como seu guru, embora ele já tenha partido do planeta. Ele nos ensinou que qualquer um que seguisse os ensinamentos de Jesus Cristo era seu discípulo, e alcançaria o nível de liberação oferecida por Jesus Cristo.

Madhudviña: “Existe alguma forma para um cristão alcançar o céu espiritual , sem a ajuda de um mestre espiritual, crendo nas palavras de Jesus Cristo e tentando seguir seus ensinamentos?”
Çréla Prabhupäda: “Eu não compreendo.”
Tamäla Kåñëa: “Pode um cristão nesta era, sem um mestre espiritual, mas lendo a Bíblia, e seguindo as palavras de Jesus, alcançar o...”
Çréla Prabhupäda: “Quando você lê a Bíblia, você segue o mestre espiritual. Como pode você dizer ‘sem mestre espiritual’? Tão logo você leia a Bíblia, isso significa que você está seguindo as instruções do senhor Jesus Cristo, o que significa seguir o mestre espiritual. Então, onde está a chance  de estar sem mestre espiritual?”
 Madhudviña: “Eu estou me referindo a um mestre espiritual vivo.”
Çréla Prabhupäda: “Mestre espiritual não se trata de...  O mestre espiritual é eterno. O mestre espiritual é eterno. Então, a sua pergunta é: “sem um mestre espiritual”. Sem um mestre espiritual você não pode estar em fase alguma da vida. Você pode aceitar este mestre espiritual ou aquele. Isso é outra coisa. Mas você deve aceitar. Como você disse que “lendo a Bíblia”, quando você lê a Bíblia isso quer dizer que você está seguindo o mestre espiritual representado por algum sacerdote ou membro do clero na linha do Senhor Jesus Cristo.
(Çréla Prabhupäda, Palestra, 2/10/1968, Seattle)
“Com relação ao destino dos devotos do Senhor Jesus Cristo, eles podem ir para o paraíso, isso é tudo. Esse é um planeta no mundo material. Um devoto do Senhor Jesus Cristo é aquele que segue estritamente os dez mandamentos [...], portanto, a conclusão é que os devotos do Senhor Jesus Cristo são promovidos aos planetas celestes dentro  do mundo material.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Bhagavan, 2/3/1970)

“Na realidade, quem  está sendo guiado por Jesus Cristo certamente alcançarálibertação.” (Perguntas Perfeitas, Respostas Perfeitas, Cap. 9)

“.. ou os cristão estão seguindo Cristo, uma grande personalidade; Mahäjano yena gataù sa panthäù. Você  segue um mahäjana, uma grande personalidade [...] você segue um äcärya, como os cristãos seguem Cristo, äcärya. Os maometanos, eles seguem o äcärya  Maomé. Isso é bom. Você  deve seguir algum äcärya  [...] Evaà paramparä-präptam. (Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 20/5/1975, Melbourne)

3) Esta objeção de ser ‘Cristão’ é irônica, uma vez que o sistema corrente de gurus na ISKCON adota alguns procedimentos dos cristãos: A teologia por detrás do sistema de votação do GBC é similar ao sistema dos Cardeais que votam o Papa na Igreja Católica:

“O processo de votação [...] para o candidato a guru [...] que será estabelecido pelos membros eleitores [...] votando para eleger um guru [...] por dois terços dos votos do GBC [...] todos os membros do GBC são candidatos para serem apontados como guru.”  (Resolução do GBC)

Similarmente, o GBC chama a si mesmo como “o corpo eclesiástico supremodirigindo a ISKCON” (Back to Godhead, 1990-1991); de novo a terminologia “Cristã”.

Estas práticas “Cristãs” em particular nuncaforam ensinadas por Jesus, e foram inteiramente condenadas por Çréla Prabhupäda:

“Votação mundana não tem jurisdição para eleger um äcärya  vaisnava. Um vaisnava äcärya  éauto-refulgente, e não há necessidade de uma corte  de julgamento.” (Cc. Madhya-lélä, 1.220, comentário)

Çrila Jiva Goswami aconselha que não se deve aceitar um mestre espiritual em termos de hereditariedade ou costume social e convenções eclesiásticas.” (Cc. Ädi-lélä, 1.35, comentário)



6. “Os åtviks dão um tipo de dékñäÇréla Prabhupäda é apenas nosso sikñä guru.


1) A função do åtvik é distinta da função de um dékñä guru. Seu único propósito é auxiliar o dékñä guru nas iniciações dos discípulos, não aceitá-los para si mesmo.

2) O åtvik unicamente inspeciona o procedimento da iniciação e dá um nome espiritual, mas não há nem mesmo a necessidade de executar uma cerimônia de fogo, yajña. Isso era feito normalmente pelo presidente de templo- e ele não era com certeza o dékñä guru.

3)  Por que não permitirque Çréla Prabhupäda seja o que ele deseja ser? Ele é certamente nosso sikñä guru, mas como ele indicou claramente na carta do dia 9 de Julho, ele também deveria ser nosso dékñä guru.

4) Uma vez que Çréla Prabhupäda é nosso sikñä-guru predominante, ele é de fato nosso dékñä guru de qualquer modo, uma vez que:
Os devotos também podem auxiliar nas duas atividades acima ( pela pregação e distribuição de livros etc.), mas eles são vartma-pradarsaka-gurus, não dékñä gurus, embora por esse serviço que eles também podem se tornar almas liberadas.

5) sikñä guru predominante geralmente se torna o dékñä guru de qualquer forma:

Çréla Prabhupäda é o sikñä-guru fundador  para todos os devotos da ISKCON [...] as instruções de Çréla Prabhupäda são ensinamentos essenciais para cada  devoto da ISKCON.” (Resolução do GBC, nº 35, 1994).

“Geralmente um mestre espiritual que instrui constantemente um discípulo na ciência espiritual torna-se seu mestre espiritual iniciador  mais tarde.” (Cc. Ädi-lélä, 1.35, comentário)

“É dever do sikñä guru ou dékñä guru instruir o discípulo no caminho correto, e depende do discípulo executar o processo. De acordo com  as injunções sástricas, não há diferença entre o sikñä guru e o dékñä guru, e geralmente o sikñä-guru mais tarde se torna o dékñä guru.” (SB, 4.12.32, comentário)



7. “Se Çréla Prabhupäda é o sikñä guru de todos, então como ele pode também ser o dékñä guru?”


A confusão entre dékñäsikñä gurus ocorre porque os títulos são confundidos com suas funções. Assim, é que algumas vezes presume-se que somente o sikñä-guru pode dar sikñä, não o dékñä guru. Contudo, como no último verso que citamos demonstra, o dékñä guru também instrui. Isso devia ser óbvio, de outro modo como ele iria transmitir divya-jñana?

Pradyumna: Guru-pädäçrayaù.‘Primeiramente deve-se tomar o refúgio aos pés de lótus do mestre espiritual’ Tasmät kåñëa-dékñädi-çikñaëam. Tasmät, ‘dele’, Kåñëa-dékñädi-çikñaëam,‘deve-se tomar Kåñëa-dékñä, iniciação e sikñä.’”
Çréla Prabhupäda: Dékñä significa divya jïänaà kñapayati iti dékñä. o que explica  divya-jïäna, transcendental, isso é Di, divya, Dékñä. dékñänam. Dékñä. Então divya-jïäna, conhecimento  transcendental... se você não aceitar um mestre espiritual, como você poderá obter transcendência... lhe ensinarão aqui e ali, aqui e ali, e você perderá tempo; Perda de tempo para o mestre e também você perderá seu tempo valioso. Portanto, você tem que ser guiado por um mestre espiritual experiente. Leia.”
Pradyumna: Kåñëa-dékñädi-çikñaëam.
Çréla Prabhupäda:  çikñaëam. Nós temos que aprender. Se você não aprende, como poderá fazer progresso? Então?”
(Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 27/1/1977, Bhubaneswar)

Sikñä transcendental é a essência de dékñä, e isso está muito evidente no bem conhecido verso do Bhagavad-gita, 4.34, sobre o relacionamento entre guru e discípulo. Neste verso, a palavra “upadeksyanti” é traduzida em palavra por palavra como“iniciando”. Contudo, o verso afirma que esta “iniciação” requer um guru para “transmitir conhecimento”, e que isso se faz acompanhar do desejo do discípulo de indagar. Conseqüentemente, aqueles que advogam que Çréla Prabhupäda é o sikñä-guru e não o dékñä guru estão enrolados numa armadilhalogística feita por eles mesmos. Se Çréla Prabhupäda é capaz de “transmitirconhecimento” mesmo quando ele não está no planeta, então por definição ele deve estar dando divya-jñana, conhecimento transcendental. Assim, se Çréla Prabhupäda pode ser um sikñä-guru sem a necessidade de interação física, então por que não poderia também ser dékñä? É um absurdo argumentar que Çréla Prabhupäda pode dar sikñä quando não está no planeta se ele estiver atuando como sikñä-guru, mas que ele não pode dar sikñä se mudarmos o seu título. O próprio fatode que ele possa ser sikñä guru, ainda que não esteja neste planeta, é a própria evidênciade queele pode simultaneamente dar dékñä.

Alguns indivíduos têm dado um outro passo argumentando que Çréla Prabhupäda nem mesmo pode dar sikñä transcendental sem um corpo físico. Se este fosse o caso, alguém poderia se perguntar por que Çréla Prabhupäda fez tal esforço em escrever tantos livros e em estabelecer uma sociedade com o único propósito de propagá-los durante os próximos dez mil anos? Se já não é possível receber instruções transcendentais dos livros de Çréla Prabhupäda, então por queestamos distribuindo-os? E por que as pessoas estão ainda se rendendo simplesmente pela força deles?



8. “Você  está dizendo que Çréla Prabhupäda não fez nenhum devoto puro?”


Não, tudo o que nós estamos dizendo é que Çréla Prabhupäda estabeleceu um sistema åtvik para que as iniciações continuassem. Se Çréla Prabhupäda fez devotos puros ounão é algo irrelevante àsua instrução final,que é clara e inequívoca. Como discípulos, nosso dever é simplesmente seguir as instruções do guru. É inapropriado abandonar as instruções do guru e em vezde  segui-las especularquantos devotos puros existem ou existirão no futuro.

Mesmo aceitando o pior caso, que não haja de fato devotos puros no presente, deve-se considerar a situação que existiu depois da partida de Çrila Bhaktisiddhänta Saraswati. Depois de quase 40 anos, Çréla Prabhupäda indicou que haviasomente um äcärya produzido pela Gaudiya Matha que era autorizado a iniciar:

“Na realidade, entre todos os meus irmãos espirituais, nenhum é qualificado para tornar-se äcärya* [...] em vez de inspirar nossos estudantes e discípulos, eles podem eventualmente contaminá-los [...] eles são muito competentes para causar danos ao nosso progresso natural.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Rupanuga, 28/4/1974)
*(Çréla Prabhupäda usava os termos “äcärya” e “guru” alternadamente):

“Eu produzirei  alguns gurus. Eu direi quem  é guru. ‘Agora você se torna äcärya’ [...] você pode trapacear, mas isso não será muito efetivo. Apenas veja nossa Gaudiya Matha. Todos queriam ser gurus. Um pequeno templo e ‘guru’. Que tipo de guru?” (Çréla Prabhupäda, caminhada matinal, 22/4/1977)

Isso poderia ser visto como uma condenação ao trabalho de pregação de Çrila Bhaktisiddhänta. Portanto, seria extrema ignorância argumentar que Çrila Bhaktisiddhänta foi um “fracasso”. É bem conhecido o fato de que Çrila Bhaktisiddhänta havia dito que se a sua missão somente produzisse um devoto puro ele a consideraria um sucesso.

De qualquer forma, a implementação do sistema åtvik não descarta, a priori, a possível existência de devotos puros. Há várias circunstâncias que podem facilmente acomodar tanto åtviks como devotos puros, por exemplo:

Çréla Prabhupäda pode ter feito muitos devotos puros que não têmdesejo de se tornar dékñä gurus. Não há evidência que sugira que os devotos mais avançados na ISKCON devem necessariamente ser aqueles indivíduosque se candidatam para as eleições a cada ano. Estes devotos puros podem simplesmente desejar humildemente auxiliar na missão de Çréla Prabhupäda. Em nenhum lugar se afirma que é obrigatório que um devoto puro se torne dékñä guru. Tais pessoas estariam encantadas em trabalhar dentro do sistema åtvik se essa for a ordem do seu guru.

Çréla Prabhupäda poderia desejar um grande número de gurus instrutores, mas não necessariamente mais gurus iniciadores. Isso está de acordo com a instrução citada anteriormente para que todos se tornem sikñä-gurus, e com a advertência de Çréla Prabhupäda para não aceitem discípulos. Também estaria de acordo com o fato de que Çréla Prabhupäda sozinho já havia conseguido sucesso em suamissão:

Convidado: “... O senhor planeja escolher um sucessor?”
Çréla Prabhupäda:  “Isso já é um sucesso.”
 Convidado: “Mas deve ter alguém que o senhor conheça, e que seja necessário para tomar conta de tudo.”
Çréla Prabhupäda: “Sim. Nós estamos criando. Estamos criando aqueles devotos que irão tomar conta.”
 Hanumän: “O que este cavalheiro está dizendo, e eu gostaria de saber, é qual o nome de seu sucessor ou quem será o sucessor ...”
 Çréla Prabhupäda:  “Meu sucesso está sempre presente.”
(Conversa no quarto Çréla Prabhupäda, 12/2/1975, México)

 
“Então, não há nada novo a ser dito. Tudo o que havia para falar eu já falei em meus livros. Agora vocês tentem entender isso e continuem seus esforços. Se eu estiver ou não presente, isso não importa.” (Çréla Prabhupäda, chegada conversa, 17/5/1977, Våndävana)

 Repórter: “O que irá acontecer com o Movimento nos Estados Unidos depois que o senhor morrer?”
 Çréla Prabhupäda: “Eu nunca morrerei.”
Devotos: “Jaya! Haribol!” (risos)
Çréla Prabhupäda:  “Eu viverei em meus livros e vocês os utilizarão.”
(conferência com a imprensa, 16/7/1975, São Francisco)

Repórter: “O senhor está treinando um sucessor?”
Çréla Prabhupäda: “Sim, meu Guru-Mahäräja está aqui.”
(conferência com a imprensa, 16/7/1975, São Francisco)


“Apenas o Senhor Caitanya pode tomar meu lugar. Ele irá tomar conta do Movimento.” (Çréla Prabhupäda, conversa  no quarto, 2/11/1977)


 Repórter:  “O que irá acontecer quando chegar o momento inevitável e a necessidade de um sucessor?”
Rämesvara: “Ele está perguntando sobre o futuro, quem irá liderar o Movimento no futuro?”
Çréla Prabhupäda: “Eles irão guiar; eu estou treinando-os.”
Repórter:  “Mas haverá um líder espiritual?”
Çréla Prabhupäda: “Não, Eu estou treinando o GBC, 18 pelo mundo todo.”
(Çréla Prabhupäda, entrevista, 10/6/1976, Los Angeles)

Repórter:
 “O senhor espera nomear uma pessoa como seu sucessor ou já o fez?”
Çréla Prabhupäda: “Não estou ponderando sobre isso agora. Mas não há necessidade de uma pessoa.” 
(Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 4/6/1976, Los Angeles)

Repórter:
 “Eu estou curioso para saber se ele tem um sucessor para fazer... o senhor tem um sucessor para tomar o seu lugar quando o senhor morrer?”
Çréla Prabhupäda: “Não, ainda não está estabelecido . Ainda não está estabelecido.”
Repórter:  “Então, qual é o processo? Os Hare Kåñëas seriam...”
Çréla Prabhupäda: “Nós temos secretários. Eles estão administrando.” 
(Entrevista com Çréla Prabhupäda, 14/7/1976, Nova Iorque)


O fato de Çréla Prabhupäda não ter autorizadoqualquer de seus discípulos para atuar como dékñä guru não significa necessariamente que nenhum deles era devoto puro. Pode ser apenas o plano de Kåñëa que nenhum deles aceite tal papel. Ainda assim os seguidores de Çréla Prabhupäda possuem uma importante papel a executar, assim como quando ele estava fisicamente presente no planeta, ou seja, atuar como seus assistentes,não como sucessores äcäryas:

“Todos os membros do GBC devem ser gurus instrutores. Eu sou o guru iniciador  e vocês devem ser os gurus instrutores, ensinando o que eu estou ensinando, e fazendo o que eu estou fazendo.” (Çréla Prabhupäda, carta para Madhudvisa, 4/8/1975)

“Às vezes o dékñä guru não está sempre presente. Portanto, pode-se adquirir conhecimento einstrução de um devoto avançado. Este é chamado sikñä guru.” (Çréla Prabhupäda, palestra sobre o Bg. 4/7/1974, Honolulu)

Assim, se Çréla Prabhupäda algum devoto puro ou não é irrelevante,o fato é que ele estabeleceu o sistema åtvik. Apesar do dékñä guru no momento não estar presente fisicamente, isso não significa que ele não seja dékñä guru. Na sua ausência se espera que nós recebamos instruções de sikñä-gurus fidedignos, que eventualmente podem ser milhões.



9. “Enquanto um guru estiver seguindo estritamente, não importa quão  avançado ele seja, eventualmente ele irá se tornar qualificado e levar discípulos de volta para o Supremo.”


Como foi discutido anteriormente, a fim de atuar como dékñä guru deve-se primeiramente alcançar a mais elevada plataforma de serviço devocional, e assim tornar-se um mahä-bhägavata. Então ele necessita ser autorizado pelo äcärya predecessor para iniciar. Esta filosofia sobre o guru é como um cheque  pré-datado, e é uma especulação ofensiva, como a seguinte ilustração:


“Embora Påthu Mahäräja fosse de fato uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus, ele rejeitou aquelas honrarias porque as qualidades da Pessoa Suprema ainda não estavam manifestas nele.  Ele queria enfatizar que alguém que na realidade não possui estas qualidades não deve tentar ocupar a seus seguidores e devotos em oferecer-lhe glória por causa delas, ainda que estas qualidades possam ser manifestadas no futuro. Se um homem que de fato não possui os atributos de uma grande personalidade ocupa seus seguidores em seu louvor com  a expectativa de que tais atributos irão se desenvolver no futuro, tal tipo de adoração é na realidade um insulto.”
(SB, 4.15.23, significado)

Assim como seria um insulto dirigir-se a um homem cego  como tendo“olhos-de-lótus”, dirigir-se a uma alma condicionada e dizer-lhe que é como Deus (GII, p.15, ponto 8) é similarmente ofensivo; não apenas à pessoa que está falsamente sendo elogiada, mas também é ofensivo à sucessão discipular pura, constituída por almas de fato realizadas e pelo próprio Senhor Supremo.

“Seguir estritamente” é o processo pelo qual o discípulo avança, nãouma qualificação em si. Devotos freqüentemente confundem o processo com a qualificação, e mesmo algumas vezes pregam que são a mesma coisa. Apenas porque alguém está seguindo estritamente isso não significa que seja maha- bhagavata, ou que seu próprio mestre espiritual pediu que ele iniciasse; e se um discípulo começa  a iniciar antes de ser apropriadamente qualificado e autorizado, ele certamente tampoucoestá “seguindo estritamente”.

Algumas vezes devotos citam o texto 5 do Néctar da Instrução (comentário) para provar que “um vaisnava neófito ou um vaisnava na plataforma intermediária também pode aceitar discípulos...”. Por alguma razão, eles não observam o resto da frase, que adverte aos discípulos de taisgurus que “eles não podem avançar  muito bem em direção à meta última da vida sob sua orientação insuficiente.” Mais adiante está afirmado:

 
“Portanto, o discípulo deve ser cuidadoso em aceitar um uttama-adhikäri como  um mestre espiritual.”

Gurus desqualificados também são advertidos:

“Ninguémdeve se tornar um mestre espiritual a menos que ele tenha  alcançado a plataforma  de uttama-adhikäri”  (O Néctar da Instrução, texto 5, significado).

Se um guru está oferecendo apenas uma “orientação insuficiente”, ele não pode, por definição, ser um dékñä guru, uma vez que isso requer a transmissão de pleno divya-jñana. Insuficiente significa que não é o bastante. É auto-evidente que provavelmente é melhor que gurus iniciadores que não podem ajudaralguém a “avançar muito bem” sejam completamente evitados .



10. “O sistema åtvik por definição significa o final da sucessão discipular.”


A sucessão discipular ou guru paramparä é eterna; pará-la está fora de cogitação. De acordo com Çréla Prabhupäda, o movimento de sankirtana (e por conseguinte a ISKCON) irá existir apenas pelos próximos 9500 anos. Comparado com a eternidade, 9500 anos não são nada, apenas algo irrisório no tempo cósmico. Este parece ser o período de tempo durante o qual Çréla Prabhupäda deverá permanecer como o “corrente elo” na ISKCON, a não ser que ele ou Kåñëa revogue a ordem do dia 9 de Julho, ou alguma circunstância externa torne a ordem impossível de ser seguida (como uma total aniquilação termo-nuclear).

Äcäryas anteriores têm ficado na corrente por longos períodos de tempo; milhares (Çréla Vyäsadeva) ou mesmo milhões de anos (veja a citação abaixo). Nós não vemos razão para que a duração do reinado de Çréla Prabhupäda como o “corrente elo ”- mesmo que isso se estendaaté o fim do Movimento de Sankirtana-seja um problema em particular.


“A respeito do sistema de parampara: não há nada para se maravilhar quando se vêgrandes espaços de tempo [...] nós encontramos no Bhagavad-gétä que o Gitä foi ensinado ao deus do Solvários milhões de anos atrás, porém Kåñëa somente mencionou três nomes neste sistema de parampara, chamados: Vivasvan, Manu e Iksvaku; porém estes espaços de tempo não apresentam nenhum obstáculo para entender o sistema de parampara; temos que aceitar o äcärya proeminente e segui-lo [...] nós temos que aceitar o äcärya autorizado em qualquer  que seja a sampradäya a que pertençamos.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Dayananda, 12/4/1968)

A ordem do dia 9 de Julho é importante, uma vez que significa que Çréla Prabhupäda será o äcärya proeminente-pelo menos para os membros da ISKCON- por tanto tempo quanto a Sociedade exista. Apenas pela intervenção direta de Çréla Prabhupäda ou de Kåñëa poderá ser revogada a ordem final (tal intervenção necessariamente deverá pelo menos ser tão clara e inequívoca como uma diretriz assinada e enviada para toda a Sociedade). Desta forma, até que uma contra-instrução seja dada, a ciência do serviço devocional deverá continuar a ser transmitida diretamente por Çréla Prabhupäda para as sucessivas gerações de seus discípulos. Uma vez que este é um fenômeno comum em nossa sucessão discipular, não há causa para alarme. A sucessão discipular somente pode ser considerada “acabada” se essa ciência do serviço devocional estiver perdida. Em tais ocasiões, geralmente o Senhor Kåñëa pessoalmente desce para reestabelecer os princípios da religião. Enquanto os livros de Çréla Prabhupäda estiverem em circulação, essa “ciência” permanecerá vigorosamente intacta e perfeitamente acessível.



11. “O sistema åtvik significa o fim da relação guru-discípulo, a qual tem sido a tradição  por milhares de anos.”


O sistema åtvik envolve a conexão  de um número potencialmente ilimitado de discípulos sinceros com o maior äcärya que já abençoou  a Terra para sempre, chamado Çréla Prabhupäda. Estes discípulos terão um relacionamento com Çréla Prabhupäda baseado nos estudos dos seus livros e servindo-o na sua Sociedade, onde há ampla oportunidade para que exista um ilimitado número de relações entre discípulos e sikñä gurus. Em que sentido significa que isso acabaria com a tradição guru-discípulo?


Os detalhes de como o relacionamento entre o dékñä guru e o discípulo é formalmente realizado pode ser adaptado por um äcärya de acordo com o tempo, lugar e circunstância, mas o princípio permanece o mesmo:

Çrémän Véraräghaväcärya, um äcärya  da sucessão discipular da Rämänuja Sampradäya, observou em seu comentário que os candalas, ou almas condicionadas que nascem na classe inferior àquela das famílias sudra, também podem ser iniciados de acordo com  as circunstâncias. As formalida depodem ligeiramente ser modificadas aqui e ali para torná-los Vaisnavas.” (SB, 4.8.54, significado)

Similarmente, este princípio de aceitar iniciação de um mestre espiritual fidedigno não é demodo algum diminuído ou comprometido pelo sistema åtvik.

Algumas pessoas indicam que os gurus tradicionais que vivem em vilarejos na Índia são um modelo para a ISKCON. Cada guru tem uns poucos discípulos que são por ele treinados pessoalmente. No entanto, por mais cômodo que isso possa parecer, nem remotamente tem algo a ver com a missão mundial predita pelo Senhor Caitanya e estabelecida por Çréla Prabhupäda. Dentro desta Missão, Çréla Prabhupäda é o äcärya com milhares, e potencialmente milhões, de discípulos. Çréla Prabhupäda estabeleceu um movimento mundial através do qual qualquer um pode se “aproximar”, “servi-lo” e “indagar” dele em qualquer lugar do mundo. Por que nós desejaríamos introduzir um sistema de guru como o dos vilarejos da Índia dento da ISKCON, quandonão foi isso o que Çréla Prabhupäda ordenou ou estabeleceu?

Se cada um meditar em centenas de diferentes gurus com diferentes pontos de vista, opiniões e níveis de realização, como poderia haver unidade? Em vez desta abordagem da vida espiritual como se fosse uma loteria, como nós demonstramos, Çréla Prabhupäda nos deu um sistema seguro que facilitava a rendição diretamente a ele, que é 100% garantido. Nós sabemos que ele nunca irá nos decepcionar, e deste modo a ISKCON irá permanecer unida, não apenas no nome, mas em consciência.

Alguns devotos sentem que sem a sucessão de gurus iniciadores que estejam vivos e fisicamente presentes, a ciência do serviço devocional será perdida. No entanto,este princípio nunca foi dito sequer uma vez por Çréla Prabhupäda, e assim não pode existir em nossa filosofia. Enquanto o sistema åtvik permanecer em vigor (uma vez que seja reinstituído, obviamente) haverá uma sucessão de sikñä-gurus vivos atuando em nome do mahä-bhägavata que também está vivo, embora não esteja fisicamente presente. Enquanto esses sikñä-gurus não mudarem nada, inventarem filosofia, desobedecerem às ordens importantes e desautorizadamente se apresentarem como dékñä gurus, a existência do serviço devocional irá permanecer perfeitamente intacta. Se tal mau comportamento obstruísse a ciência imperecível de bhakti, então Kåñëa certamente interviria de algum modo, talvez enviando novamente um residente de Goloka para reestabelecer uma nova Sociedade fidedigna. Vamos trabalhar juntos para assegurar que isso não será necessário.



12. “Åtviks não são o meio  regular para conduzir se a sucessão discipular. A maneira apropriada  para fazer isso é ter um guru ensinando o discípulo tudo o que ele necessite para saber sobre Kåñëa, enquanto fisicamente presente. Uma vez que o guru abandone o planeta, é deverde todos os seus discípulos estritos imediatamente começar a iniciar seus próprios discípulos, assim levando adiante a sucessão discipular. Este é o modo regular de fazer as coisas.”


Deixando de lado dois importantes pré-requisitos para alguém que dá iniciações (autorização e qualificação), é claro que a atividade de dékñä dentro do nosso paramparä é imensamente diversa. Nós temos observado queviolações do assim chamado “sistema regular” se enquadram em cinco categorias básicas, apesar de nós não negarmos que pode haver muitas outras


(a) Intervalos

São ocasiões quando um äcärya no parampara parte, e não há um elo seguinte para começar a dar iniciações imediatamente; ou a pessoa que se tornaria o próximo elo não recebe imediatamente a autorização de seu mestre espiritual para dar iniciação depois de sua partida. Por exemplo, há um intervalo de cerca de vinte anos entre a partida de Çrila Bhaktisiddhänta e a próxima iniciação fidedigna em nossa sampradäya. Intervalos de mais do que cem anos não são incomuns entre os membros da sucessão discipular.


(b) Intervalos reversos

São ocasiões quando um äcärya ainda não deixou o planeta antes de seus discípulos começarem a dar iniciações. O Senhor Brahma, por exemplo, não havia deixado seu corpo, e ainda assim gerações de gurus sucessores iniciaram muitos milhões de discípulos. Çrila Bhaktisiddhänta iniciou quando Çrila Bhaktivinoda e Çrila Goura Kisora estavam fisicamente presentes. De acordo com o texto GII (p. 23), isso é um fenômeno comum na nossa sampradäya.


(c)  Elos como sikñä guru/dékñä guru

Há exemplos de um discípulo aceitar um äcärya como seu mestre espiritual após este ter deixado o planeta. Se o äcärya que partiu é um sikñä guru ou dékñä guru para o discípulo é difícil de discernir. Çréla Prabhupäda geralmente não especificava a precisa natureza destas interações espirituais. Por exemplo, a exata natureza do relacionamento entre Çréla Visvanatha Cakravarti Öhäkura e Narottama Dasa Öhäkura, que viveram cerca de cem anos distantes, não é detalhada por Çréla Prabhupäda. Nós poderíamos chamar issoum relacionamento sikñä, mas isso é especulação, uma vez que Çréla Prabhupäda simplesmente diz:

Çréla Narottama däsa Öhäkura aceitou Çréla Visvanätha Cakravarti como seu servo.” (Cc.  Ädi-lélä, 1)

“... Visvanätha Cakravarti Öhäkura. Ele aceitou seu guru, Narottama däsa Öhäkura.” (Çréla Prabhupäda, palestra sobre o SB, 17/4/1976, Bombay)

Apesar de tais discípulos normalmente passarem por algum tipo de cerimônia com alguém que está fisicamente presente, isso não quer dizer que o äcärya que jápartiu não seja seu dékñä guru; assim como em uma cerimônia åtvik não significa que o åtvik ou o presidente de templo se torne o dékñä guru. Também é um fato que tais discípulos geralmente obtinhampermissão de uma autoridade que estava presente fisicamente para aceitar seu sad-guru , que não estava presente. De uma maneira similar, quando o sistema åtvik for reestabelecido, os novos discípulos de Çréla Prabhupäda primeiramente obterão a permissão do presidente de templo e do åtvik antes de serem iniciados.

(d) Modo de iniciação

São formas anômalas de iniciação, ondeformas únicas ou inconcebíveis de transmissão de dékñä ocorreram. Por exemplo, o Senhor Kåñëa para o Senhor Brahma; ou o Senhor Caitanya sussurrando no ouvido de um budista. Dékñä interplanetária pode também estar sob esta categoria. Isso é quando as personalidades dão iniciação-ou transmitem dékñä- para um discípulo que reside em um planeta diferente, como o exemplo de Manu para Iksvaku no Bhagavad-gétä (4.1).


(e) Sistemas de sucessores:

Refere-se a diferentes sistemas de äcäryas sucessores dentro de nossa sampradäya. Por exemplo, Çrila Bhaktivinoda adotou o sistema de sucessor com um “poderoso filho vaisnava”. Çrila Bhaktisiddhänta idealizou um sistema de sucessor com um “äcärya auto-refulgente”. Até onde podemos determinar, Çréla Prabhupäda deixou no seu lugar o sistema åtvik –representante do äcärya  com  o propósito de executar as iniciações, segundo o qual “os novos devotos iniciados são discípulos de Sua Divina Graça, A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupäda”. O atual sistema favorecido pelo GBC é um “sistema de múltiplos äcäryas sucessores”.

Está bem claro que a abordagem de cada äcärya é única; então, falar sobre um “sistema regular” para continuar o paramparä é praticamente sem sentido.



13. “Se nós adotarmos o sistema åtvik, o quê iria imperdir-nos de aceitar iniciação de qualquer äcärya anterior, como por exemplo Çréla Bhaktisiddhänta?”


Duas coisas impedem esta opção de ser válida :

(a) Çrila Bhaktisiddhänta e outros äcärya anteriores não autorizaram o sistema åtvik para funcionar “daqui para frente”.
(b) Nós devemos nos aproximar do elo corrente:


““... a fim de receber amensagem real do Çrimad Bhägavatam, deve-se aproximar do elo corrente, ou mestre espiritual na corrente de sucessão discipular.” (SB, 2.9.7, comentário)

É auto-evidente que Çréla Prabhupäda é o sampradäya-äcärya sucessor de Çrila BhaktisiddhäntaÇréla Prabhupäda é portanto o nosso elo corrente, sendo a pessoa correta para nos aproximar para iniciação.



14. “Para alguém ser o elo corrente ele deve estar presente fisicamente.”


Çréla Prabhupäda nunca fez tal afirmação. the above injunction.

Então, vamos analisar: pode um mestre espiritual ser “corrente” se estiver fisicamente ausente?

(a) O termo “elo corrente (current link)” é apenas usado em uma passagem nos livros de Çréla Prabhupäda; não há referência a presença física adjacente ao termo. Se a presença física fosse essencial, certamente teria sido mencionada.

(b) Nos dicionários as definições da palavra “corrente(current)” não se referem à presença física.

(c) Nos dicionários as definições da palavra “corrente(current)” podem ser prontamente aplicadas a um mestre espiritual fisicamente ausente e seus livros: “mais recente”, “comumente conhecido, praticado ou aceito”, “muito divulgado”, “circulando e válido no presente” (Collings English Dictionary). 

Até onde vemos, todas as definições acima podem ser aplicadas a Çréla Prabhupäda e aos seus livros.   

(d) O próprio propósito de se aproximar do “elo corrente” pode ser plenamente satisfeito lendo os livros de Çréla Prabhupäda:

“... a fim de receber a verdadeira mensagem do Çrémad-Bhägavatam, deve-se aproximar do elo corrente, ou mestre espiritual na corrente de sucessão discipular.” (SB, 2.9.7, comentário)

(e) Çréla Prabhupäda também usa o termo “äcärya imediato” como sinônimo de “elo corrente”. A palavra “imediato” significa:

“Sem interferência de intermediário”, “mais próximo ou mais direto em efeito ou relacionamento” (Collins English Dictionary).

Estas definições legitimamum relacionamento direto com Çréla Prabhupäda sem a necessidade de intermediários, novamente sem ligação com a presença física ou não.

(f) Uma vez que há exemplos de certos discípulos iniciando enquanto seu guru ainda estava no planeta, parece r que não existe uma relação direta entre o status do elo corrente e a sua presença ou ausência física. Em outras palavras, se é possível ser o próximo elo corrente mesmo enquanto seu próprio guru está presente fisicamente, por que não poderia ser possível para um äcärya que se fora do planeta permanecer o elo corrente?

Em conclusão, nós não vemos evidência que sugira que o surgimentode um elo correnteesteja baseado ou em considerações físicas ou não-físicas.



15. “Todos os irmãos espirituais de Çréla Prabhupäda se tornaram äcäryas iniciadores após o desaparecimento de Çrila Bhaktisiddhänta, então o que está errado se os discípulos de Çréla Prabhupäda fazem o mesmo?”


Ao apresentarem-se como äcäryas iniciadores, os discípulos de Çrila Bhaktisiddhänta desafiaram diretamente a ordem final de seu mestre espiritual (para formar um GBC e esperar por um äcärya auto-refulgente). Çréla Prabhupäda condenou inteiramente a insubordinação de seus irmãos espirituais, descrevendo-os como inúteis para pregar, o que dizer para dar iniciação:

“Entre meus irmãos espirituais, nenhum é qualificado para se tornar äcärya. (Çréla Prabhupäda, carta para Rupanuga, 28/4/1974)

“Em geral, você talvez  saiba que ele (Bon Mahäräja) não é uma pessoa liberada, portanto ele não pode iniciarpessoa na Consciência de Kåñëa. Isso requer uma bênção especial de autoridades superiores.” (Çréla Prabhupäda, carta para Janardana, 26/4/1968)

“Se todos simplesmente começarem a dar iniciação, o resultado será contrário. Enquanto isso continuar, haverá  somente fracasso.” (Çréla Prabhupäda, Phalgun Kåñëa Panchami, verso 23, 1961)

Nós podemos ver em recentes experiências quanto prejuízo uma destas personalidades pode causar à missão de Çréla Prabhupäda. Nós sugerimosrespeito de uma distância tão grande quanto possível. Certamente, nós não podemos tomá-los comomodelos de como um discípulo deve levar adiante a missão de seu mestre espiritual. Eles destruíram a missão de seu mestre espiritual , e são mais do que capazes de fazer o mesmo com a ISKCON se nós deixarmos.

Com respeito ao sistema de gurus da Gaudiya Matha, talvez  seja o único precedente histórico ao qual o M.A.S.S. possa se referir; e também este sistema foi estabelecido de um desafio direto às claras ordens de seu fundador-äcärya.



16. “Quando  Çréla Prabhupäda disse que eles não deveriam ser äcäryas, ele quis dizer com  um “A” maiúsculo. Ou seja, um äcärya  que dirija uma instituição.”


Quando é que Çréla Prabhupäda diferenciou äcäryas com um “A” maiúsculo de um “a” minúsculo? Onde é que Çréla Prabhupäda fala de um tipo específico de äcäryas que podem liderar instituições e indique que há espécies inferiores que por alguma incapacidade não podem fazê-lo?



17. “É comumente compreendido que há três tipos de äcäryas. Todos na ISKCON aceitam isso.”


Mas esta idéia nunca foi ensinada por Çréla Prabhupäda. Ela foi introduzida por Pradyumna dasa em uma carta para Satsvarupa dasa Goswami, datada de 7/8/1978. Esta carta foi mais tarde reimpressa no texto “Under My Order” (Ravindra-svarupa dasa, 1985) e foi usada como um dos pilares para as teses do texto sobre como o sistema de gurus na ISKCON deveria ser reformado. Por sua vez, este texto “On My Order Understood” (GBC 1995) forma a base da doutrina sobre as iniciações (como já mencionamos na introdução, p.xiii) no texto GII. Este texto levou à transformação do sistema de äcärya regional em sua forma do M.A.S.S. atual:


“Eu peguei esta definição de äcärya  de uma carta do dia 7 de agosto de 1978 de Pradyumna para Satsvarupa Dasa Goswami. O leitor deverá agora  voltar-se para esta carta (a qual eu anexei), para um estudo cuidadoso.” (Under My Order, Ravindra-svarupa dasa, Agosto de 1985)

Nesta carta Pradyumna explica que a palavra “Äcärya ” pode ser considerada em três sentidos:

1. Aquele quem pratica o que prega.
2. Aquele que concede iniciação a um discípulo.
3. O líder espiritual de uma instituição e que foi especificamente apontado pelo äcärya anterior para ser o seu sucessor.

Nós aceitamos a definição 1, uma vez que Çréla Prabhupäda costuma usá-la. Esta definição deverá automaticamente aplicar-se a um pregador efetivo, seja ele sikñä guru ou dékñä guru.

Seguindo com a definição 2: Pradyumna explica que este tipo de äcärya pode iniciar discípulos e ser referido como äcäryadeva, mas apenas por seus discípulos:


“Qualquer um que concede iniciação ou é um guru pode ser chamadoäcäryadeva, etc. apenas pelos seus discípulos. Quem quer que o tenha  aceitado como guru deverá dá-lo todos os respeitosem todos os aspectos, mas isso não se aplica  àqueles que não são seus discípulos.” (Pradyumna dasa, 7/8/1978)

Isso é uma invenção. Em nenhum lugar Çréla Prabhupäda jamais descreveu que um guru cuja natureza é absoluta deva apenas ser reconhecidopelos seus próprios discípulos, e não pelomundo em geral, ou mesmo por outros vaisnavas da mesma linha. Vamos ver como Çréla Prabhupäda define a palavra äcäryadeva. Os seguintes excertos da oferenda de Vyasa Puja foram impressos na Ciência da auto-realização (“SSR”), Capítulo 2, onde ele usa o termo em relação ao seu próprio mestre espiritual, Çréla Bhaktisiddhänta:

“O guru, ou äcäryadeva, como nós aprendemos das escritura fidedignas, entrega a mensagem do mundo absoluto...”

“.. quando nós falamos do princípio  fundamental de gurudeva, ou äcäryadeva, nós falamos de algo  que temaplicação universal.”

“O äcäryadeva por quem  nós estamos reunidos esta noite  para oferecer nossas humildes homenagens não é o guru de uma instituição sectária ou apenas mais um entre tantos diferentes expoentes da verdade. Pelo  contrário, ele é o jagad-guru, ou o guru de todos nós.” (SSR,  Cap. 2)

A forma como Çréla Prabhupäda usa e define a palavra “äcäryadeva” é diametralmente oposta àquela de Pradyumna. Está implícito no que Pradyumna diz que o termo “äcäryadeva” pode ser falsamente aplicado a pessoas que não estão de fato naquela plataforma elevada. Assim, ele relativiza a posição absoluta do dékñä guru.

O termo “äcäryadeva” pode apenas ser aplicado a alguém que de fato é o “guru de todos nós”, alguém que deve ser adorado pelo mundo inteiro:

“... ele é conhecido como sendo a manifestação direta do Senhor e um genuíno representante de Çri Nityänanda Prabhu. Tal mestre espiritual é conhecido como äcäryadeva.” (Cc. Ädi-lélä, 1.46, comentário)

Na definição 3 Pradyumna explica que a palavra “äcärya” indica o líder de uma instituição, e que este significado é bem específico:

“Isso não significa qualquer  um; significa apenas quem  foi especificamente apontado pelo äcärya  anterior para ser o sucessor acima  de todos os outros como líder da instituição espiritual. [...] essa é a tradição  estrita em toda a Gaudiya-Sampradäya.” (Carta de Pradyumna, para Satsvarupa dasa Goswami, 7/8/1978)

Nós certamente concordamos que para dar iniciação alguém deve primeiramente ser autorizado pelo äcärya anterior (um pontoque não é sequer mencionado na explicação que da definição 2):

“Deve-se aceitar iniciação de um mestre espiritual fidedigno vindo  na sucessão discipular e que é autorizado pelo  seu mestre espiritual predecessor.” (SB, 4.8.54, comentário)

Todavia, que isso tem a ver com ocupar a posição de líder de uma instituição espiritual é bastante confuso, já que Çréla Prabhupäda é o äcärya de uma instituição inteiramente separada daquela de seu Guru-Mahäräja. Então, de acordo com a filosofia de Pradyumna, a posição de Çréla Prabhupäda como äcärya somente poderia se enquadrar na definição 2. Qualquer que seja a “tradição estrita” a que se refere Pradyumna, ela certamente, jamais fora mencionada por Çréla Prabhupäda, e assim nós poderemos seguramente descartá-la. Mais abaixo nós vemos exatamente de onde foi que Pradyumna tirou essas insidiosas idéias:

“De fato, nas diferentes Gaudiya Mathas mesmo se um irmão espiritual estiver na posição de äcärya, ele freqüentemente por humildade aceita apenas um numtecido leve  como asana, nada mais elevado.” (Carta de Pradyumna, para Satsvarupa dasa Goswami, 7/8/1978)

Nenhum dos irmãos espirituais de Çréla Prabhupäda era um äcärya autorizado. Poderia se pensar que verdadeira humildade se traduziria em abandonar uma atividade desautorizada, qualquer que fosse, e reconhecendo a eminente posição de Çréla Prabhupäda, render-se ao verdadeiro Jagad-guru. Infelizmente, poucos membros da Gaudiya Matha fizeram isso. O fato de Pradyumna citar estas pessoas comoexemplos fidedignos significa que ele está mais uma vez denegrindo a posição do verdadeiro äcäryadeva.

“Com respeito a Bhakti Puri e Tirtha Mahäräj, eles são meus irmãos espirituais e devem ser respeitados. Mas você não deverá ter nenhuma conexão íntima com  eles, uma vez que têm agido contra  as ordens de meu guru-mahäräja.” (Carta de Çréla Prabhupäda para Pradyumna, 17/2/1968)

É vergonhoso que Pradyumna Prabhu tenha ignorado esta instrução direta de seu guru-Mahäräja, e é muito extraordinário que esta visão desviante forme o “siddhanta” do atual sistema de guru dentro da ISKCON.

Assim, quando Çréla Prabhupäda disse que nenhum de seus irmãos espirituais era qualificado para se tornar äcärya, se ele estava se referindo à definição 1 ou 3 é algo irrelevante. Se eles não eram qualificados de acordo com a definição 1, então isso significa que eles não ensinavam pelo exemplo, o qual automaticamente os desqualifica para a definição 3, e por conseguinte para dar iniciação. E se eles não estavam qualificados de acordo com a definição 3, então eles não eram autorizados, e portanto mais uma vez tampouco poderiam dar iniciação.


Em Conclusão:

(a) Todos os pregadores devem aspirar se tornar äcärya de acordo com a definição 1, ou sikñä guru.

(b) A elaboração da definição 2 por Pradyumna dasa é completamente falsa. É proibido para qualquer um, discípulo ou não, considerar um guru fidedigno ou äcäryadeva uma pessoa comum. E se de fato ele for um homem comum, então ele não poderá iniciar ninguém,tampouco ser referido como äcäryadeva. Além disso, aqui não há menção  da necessidade de se receber específica autorização do äcärya predecessor na sucessão discipular, sem a qual ninguém pode dar iniciação.

(c) A definição 3 trata do único o tipo de äcärya que pode iniciar; ou seja, alguém que tenha sido autorizado pelo äcärya de sua própria sampradäya, seu mestre espiritual. Tendo sido então autorizado, elepode ou não liderar uma instituição, o que é irrelevante.

Dentro da ISKCON todos os devotos são instruídos a se tornar äcärya de acordo com a definição 1: ensinando através do exemplo como sikñä gurus. Um bom começo  no caminho para se tornar este tipo de äcärya é começar a seguir estritamente as ordens do mestre espiritual.



18. “Isso parece um pequeno ponto, então como estas idéias sobre os äcäryas poderiam ter causado algum significativo efeito adverso na ISKCON?”


De fato, a relativização do dékñä guru iniciador levou àmuitas confusões dentro da ISKCON. Alguns gurus da ISKCON dizem que eles estão levando seus discípulos “de volta ao Supremo” atuando como os elos atuais a Çréla Prabhupäda, que é o fundador-äcärya; e alguns dizem que eles estão simplesmente introduzindoos discípulos a Çréla Prabhupäda, que é o verdadeiro elo corrente e que está levando-os de volta ao Supremo (muito parecido com a filosofia åtvik). Alguns gurus dizem que Çréla Prabhupäda ainda éo äcärya corrente; outros dizem que ele não é; enquanto que uma dupla deles proclamaram a si mesmos como os únicos äcäryas sucessores de Çréla Prabhupäda. Alguns gurus da ISKCON ainda crêem que Çréla Prabhupäda apontou 11 äcäryas sucessores (um mito que foi recentemente reportado como fato no LA Times); outros dizem que ele apontou 11 åtviks que se tornariam äcäryas com “a” minúsculo imediatamente depois de sua partida; outros dizem que não somente são aqueles 11 que deveriam se tornar äcäryas com “a” minúsculo depois da partida de Çréla Prabhupäda, mas sim todos os discípulos de Çréla Prabhupäda (com exceção das mulheres ao que parece).

Se nós retornarmos mais uma vez para o texto GII, nós poderemos ver que o GBC é altamente ambivalente com relação aosgurus que eles “autorizam”.

Apesar de recon hecerem que rotular sampradäya-äcäryas não é algo fidedigno (GII, p. 15, ponto 6), o GBC não obstante executa precisamente esta mesma função a cada ano em Mayapur, durante o festival de Gaura-purnima. Nós agora quase uma centena de gurus iniciadores, todos ungidos com o selo de aprovação “sem objeção”. Todos esses gurus estão sendo adorados como “säkñäd-hari” (“tão bons quanto Deus”) de acordo com as próprias diretrizes do GBC para os discípulos (GII, p.15, ponto 8).

Esses äcäryas iniciadores são anunciados como elos correntes da sucessão discipular de mäha-bhägatavas, a qual remonta a milhares de anos atrás até chegar ao próprio Senhor Supremo:

“O devotos devem tomar abrigo  dos representantes de Çréla Prabhupäda, que são os “elos correntes” na sucessão discipular.” (GII, p.34)

Mas ao mesmo tempo, o aspirante a discípulo é enfaticamente advertido que a aprovação da ISKCON “... nãodeve ser automaticamente aceita como uma declaração do nívelde realização de Deus que possa ter sido atingido pelo  guru aprovado.” (GII, seção 2.2, p.9).

Mais adianteé avisado:


“Quando  um devoto tem a permissão para levar adiante a “ordem” de Çréla Prabhupäda para expandir  a sucessão discipular iniciando novos discípulos, isso não é para ser tomado como uma certificação ou endossamento de que ele é um “uttama- adhikäri”, “devoto puro”, ou que tenha  alcançado algum de estado específico de realização.” (GII, p.15)

Estes gurus não devemser adorados por todos no templo, mas apenas pelos seus próprios discípulos num lugar separado. (GII, p.7) – definição de “äcäryadeva” dada por Pradyumna.

Nós mostramos que o único tipo de  dékñä guru  fidedigno é um mahä-bhägavata autorizado; nós também mostramos que a verdadeira “ordem” fora para åtvikssikñä gurus. Assim, para descrever qualquer um como “elo corrente” ou guru iniciador, é sinônimo declará-lo como sendo um äcärya com “A” maiúsculo da definição 3, um “uttama-adhikäri” ou um “devoto puro”.

Aventuramo-nos a dizer que parece inadequado aprovar ou objetar à criação de dékñä gurus e simultaneamente negar qualquer culpa ou responsabilidade sacoeles se desviem. Isso é o que se chama “viver em negação” de acordo com terminologia da psicologia moderna. Nós temos que Çréla Prabhupäda não tinha a intenção de fazer da ISKCON um tipo de “loteria” ou “roleta russa”, onde se aposta a vida espiritual de alguém. Talvez os membros do GBC devessem parar de rotular gurus até que eles estejam 100% seguros sobre a idoneidade daquelespor eles aprovados. Afinal de contas, cada um de nós está 100% seguro a respeito da idoneidade de Çréla Prabhupäda como um mestre espiritual fidedigno; assim, tal consenso em reconhecer a qualificação pessoal de alguém não é impossível.

A ambivalência do GBC foi recentemente resumida de modo muito sucinto por Jayadvaita Swami:

 “A palavra ‘apontado’ jamais é usada. Mas há ‘candidatos a guru iniciador’, votos são dados, e aqueles que passam neste procedimento se tornam ‘gurus aprovados pela ISKCON’, ou ‘gurus autorizados pela ISKCON’. Para reforçar sua confiança: por um lado o GBC encoraja você a ser iniciado por um guru fidedigno, autorizado pela ISKCON, e adorá-lo  como Deus. Por outro, tem um elaborado sistema de leis a serem aplicadas de tempos em tempos quando o seu guru autorizado pela ISKCON cai. Talvez possa-se perdoaralguém por pensar que com  tantas leis e resoluções, o papel do guru na ISKCON é ainda uma perplexidade mesmo para o GBC.” (Where the Åtvik People are Right, Jayadvaita Swami, 1996)

Quando nós olhamos o apavorante registro dos gurus na ISKCON, não é nada surpreendente que tal desconfiança exista. Citando mais uma vez o texto de Jayadvaita Swami:

“Fato:   gurus da ISKCON se opuseram, oprimiram e mandaram embora muitos dos seus irmãos e irmãs espirituais sinceros.
 Fato:   gurus da ISKCON usurparam e usaram dinheiro de forma imprópria, e exploraram outros recursos da ISKCON para prestígio pessoal e gratificação dos sentidos.
 Fato:   gurus da ISKCON tiveram intercurso sexual tanto com mulheres quanto com homens, epossivelmente com crianças também.
 Fato:  ..... (...etc, etc... )
(Where the Åtvik People are Right, Jayadvaita Swami, 1996)


É dito aos recém-chegados na ISKCON que éresponsabilidade deles examinar cuidadosamente os gurus da ISKCON baseados nas instruções dos livros de Çréla Prabhupäda para assegurarem-se pessoalmente que eles são qualificados para dar iniciação. Contudo, se algum candidato a discípulo chega  à conclusão de que nenhum dos gurus que estão sendo oferecidos “presentes fisicamente” está no padrão, e que em vez deles deseje colocar sua fé em Çréla Prabhupäda como seu dékñä guru, ele é perseguido e afastado da Sociedade. Será isso verdadeiramente justo? Afinal, ele está fazendo o que o GBC disse que ele devia fazer. Deveria ele ser punido por não chegar à conclusão “correta”, especialmente quando existe evidência tão clara e inequívoca que esta escolha é precisamente o que Çréla Prabhupäda sempre quis?

Seria razoável esperar que alguém tenhafé inabalável no presente sistema de gurus quando se vê que mesmo o GBC considera necessário construir um rigoroso sistema penal simplesmente para mantê-los na linha? Um sistema penalque em si mesmo jamais fora sequer uma vez mencionado nos livros e nas instruções nos quais o candidato a discípulo é aconselhado a basear sua decisão. Seria difícil encontrar um caso de incoerência auto-referente mais claro do que este.

Seria mais seguro para todos os interessados senós apenas seguíssemos a ordem clara da Çréla Prabhupäda, mantendo-o como o único iniciador dentro da ISKCON. Quem poderia objetar contra isso?



19. “De acordo com  o Jornal da ISKCON de 1990, alguns irmãos espirituais de Çréla Prabhupäda eram de fato äcäryas.”


Quem disse isso?

Bhaktisiddhänta Saraswati nunca disse ou deu qualquer  documento para que Swamiji (Çréla Prabhupäda) se torna-se guru.” (ISKCON Journal 1990, p.23)
“Mas há um sistema em nossa sampradäya. Então Tirtha Mahäraj, Madhava MahärajÇridhar Mahäraj, nosso Gurudev, Swamiji – Swamiji Bhaktivedanta Swami – todos eles se tornaram äcäryas.” (ISKCON Journal 1990, p.23)

Compare as citações acima com o que Çréla Prabhupäda pensava sobre um destes “äcäryas”...

“Bhakti Viläs Tirtha é muito antagonista à nossa sociedade e não tem uma concepção clara sobre serviço devocional; ele está contaminado.” (Çréla Prabhupäda, carta para Sukadeva, 14/11/1973)

…E comoele se referiu aos demais:

“Entre meus irmãos espirituais nenhum está qualificado para se tornar äcärya.” (Çréla Prabhupäda, carta para Rupanuga, 28/4/1974)

20. “Çréla Prabhupäda algumas vezes falou bem de seus irmãos espirituais.”


É verdade que em diferentes ocasiões Çréla Prabhupäda lidou diplomaticamente com seus irmãos espirituais, referindo-se a Çridhar Mahäräja como seu sikñä-guru, etc. Çréla Prabhupäda era também uma pessoa calorosa, que tinha cuidadoe afeição genuínos por seus irmãos espirituais, sempre tentando um jeito de engajá-los no Movimento de sankirtana. Contudo, nós devemos entender que se eles fossem genuínos äcäryadevas, Çréla Prabhupäda nunca teria falado mal deles, nem sequer uma vez. Falar de dékñä gurus fidedignos como sendo “desobedientes”, “cobras invejosas”, “cães”, “porcos”, “vespas”, etc., em si mesmo seria uma séria ofensa, e portanto algo que Çréla Prabhupäda não teria feito. Para ilustrar o modo no qual Çréla Prabhupäda via seus irmãos espirituais, nós iremos oferecer alguns excertos de uma conversa na qual Bhavananda está lendo um panfleto editado pela matha de Tirtha Mahäräja:


Bhavänanda:
 “Começa com letras grandes: “Äcäryadeva Tridandi Swami Çrila Bhaktiviläsa Tirtha Mahäräja. Todos os homens eruditos estão conscientes de que nos tempos da escuridão na Índia, quando a religião Hindu estava em grande perigo...””
Çréla Prabhupäda: (risadas.) “isso é um besteirol.”

É óbvio qual o tipo de “äcäryadeva” Çréla Prabhupäda considera Tirtha Mahäräja (o mesmo Tirtha que é saudado como um äcärya fidedigno no ISKCON Journal 1990, mencionado anteriormente). Mais adiante, o panfleto descreve como Çrila Bhaktisiddhänta foi tão afortunado em ter uma maravilhosa personalidade para levar adiante a sua missão.


Bhavänanda:
“... no devido tempo, ele (Çrila Bhaktisiddhänta) obteve uma grande personalidade a qual prontamente assumiu o...”
Çréla Prabhupäda:  “Agora veja só ! ‘Ele obteve uma grande personalidade’. Ele é essa personalidade. Ele também irá provar isso.   [...] Ninguém aceita ele. [...] Onde está a sua grandeza? Quem conhece ele? Veja só. Ele está fazendo um plano para declarar a si mesmo uma grande personalidade... (Tirtha Mahäräja) tem muitainveja de nós... estes patifes podem criar problemas.”
(Conversa no quarto, 19/1/1976, Mayapur)

Äcäryas fidedignos jamais poderiam ser descritos como patifes invejosos que apenas querem causar problemas. Infelizmente, mesmo hoje em dia, alguns dos membros da Gaudiya Math ainda causam problemas. Respeito à distância é a política mais segura.



21. “Nós sabemos que os äcäryas fidedignos não têm que ser tão avançados, porque algumas vezes eles caem.”


Çréla Prabhupäda afirma precisamente o oposto:  

“Um mestre espiritual fidedigno está na sucessão discipular eternamente e ele não se desvia de forma alguma das instruções do Senhor Supremo.” (Bg. 4.42, comentário)



22. “Mas äcäryas anteriores inclusive descrevem o que alguém deve fazer quando o mestre espiritual se desvia.”


Aqueles gurus que se desviaram como descrito, por definição nunca poderiam ter sido membros de uma sucessão discipular eterna. Ao contrário, eles não eram liberados, mas apenas membros de famílias de sacerdotes autorizados por si mesmos, apresentando-se como äcäryas iniciadores. Membros fidedignos da sucessão discipular nunca se desviam:


“Deus é sempre Deus,guru é sempre guru.” (A ciência da auto-realização, Cap.  2)

“Bem, se ele é mau, como ele pode se tornar guru?” (A ciência da auto-realização, Cap.  2)

“O devoto puro está sempre livre das garras de maya e de sua influência.” (SB, 5.3.14)

“Não há possibilidade de que um devoto de primeira classe caia.”  (Cc. Madhya-lélä, 22.71)

“Um mestre espiritual é sempre liberado.” (Çréla Prabhupäda, carta para Tamäla Kåñëa, 21/6/1970)

Não há um único exemplo nos livros de Çréla Prabhupäda de um dékñä guru formalmente autorizado em nossa sucessão discipular que alguma vez tenha se desviado do caminho do serviço devocional. A rejeição de Sukräcärya é algumas vezes utilizada para validar o ponto de vista de que äcäryas caem ou podem ser rejeitados, mas este exemplo é altamente enganoso, uma vez que ele jamais foi um membro autorizado na nossa sucessão discipular. O passatempo do Senhor Brahma com sua filha é às vezes mencionado. Mesmo assim, está claramente afirmado no Çrémad-Bhägavatam que estes incidentes ocorreram antes que o Senhor Brahma se tornasse o líder de nossa sampradäya. De fato, quando o discípulo Nitai se referiu a este passatempo como exemplo de que um äcärya pode cair, Çréla Prabhupäda ficou muito descontente:


Akñayänanda: “Recentemente   um devote  me disse  que o  äcärya não precisa ser um devoto puro. [....]”
Çréla Prabhupäda: “Quem é esse patife? [...]”
Akñayänanda: “Ele disse isso. Nitai disse isso. Ele disse isso neste contexto, que Brahma é o äcärya na Brahma-sampradäya, mas ainda assim ele às vezes é aflingido pela paixão. Por isso ele está dizendo que parece que o äcärya não precisa ser um devoto puro. Então não parece correto. [...]”
Çréla Prabhupäda: “Ele inventou sua própria idéia. Por isso ele é um patife. Por isso ele é um patife. Nitai se tornou  uma  autoridade? [...] Ele  pensou  alguma  patifaria  e  está expressando isso. Por isso ele é mais patife. Essas coisas estão acontecendo.”
(Conversa matinal, Våndävana, 10/12/1975)

De acordo com Çréla Prabhupäda, apenas gurus desautorizados podem ser levados por opulência e mulheres.

Apesar de gurus que se desviam não serem mencionados nos livros de Çréla Prabhupäda, o livro do GBC (GII) possui toda uma seção sobre o que o discípulo deve fazer quando seu guru, previamente fidedigno, se desvia. O capítulo inicia enfatizando a importância de se aproximar de um elo corrente, e não “saltar sobre” (GII, p. 27). Porém, os autoresfazem precisamente isso citandonumerosos äcäryas anteriores com a intenção de estabelecer princípios jamais ensinados por Çréla Prabhupäda. Os gurus descritos por aqueles äcäryas anteriores jamais poderiam ter sido membros fidedignos do paramparä:

Närada Muni, Haridasa Öhäkura e outros äcäryas semelhantes especialmente autorizados para propagar  as glórias do Senhor não podem ser rebaixados à plataforma  material.” (SB, 7.7.14, comentário)

O Perigo de “saltar sobre” na maneira feita no texto GII está claramente demonstrado no capítulo sobre “re-iniciação” (em si mesmo um termo jamaisusado por Çréla Prabhupäda nem sequer uma vez, nem por qualquer äcärya anterior). Na seção de perguntas e respostas (GII, pergunta 4, p.35), as condições sobre as quais alguém possa rejeitar um guru e tomar “re-iniciação” são descrita. A “explicação” segue:

“Felizmente, o ponto crucial deste tema foi esclarecido por Çréla Bhaktivinoda Öhäkura em seu Jaiva Dharma e por Çréla  Jiva Goswami em seu Bhakti Sandarbha” (GII, p.35)

A palavra “felizmente” ao contrário infelizmente implica que “uma vez que Çréla Prabhupäda nunca nos disse o que fazer quando um guru se desvia, é justo que nós possamos saltar sobre ele e recorrer a todos estes äcäryas anteriores”. Porém, Çréla Prabhupäda nos disse que tudo que precisamos saber sobrevida espiritual está em seus livros. Por que nós estamos introduzindo sistemas que nunca foram mencionados pelo nosso mestre äcärya?



23. “Mas o que está errado em consultar äcäryas anteriores?”


Nada, enquanto não se tenha a intenção de utilizá-los para adicionar novos princípios que não foram mencionados pelo nosso próprio äcärya. A idéia de que um guru fidedigno pode se desviar é totalmente estranha a qualquer coisa que Çréla Prabhupäda tenha ensinado. Todos os problemas sobre “a origem da jiva” resultam desta propensão de saltar sobre:

“... nós devemos ver os äcäryas anteriores através de Prabhupäda. Nós não podemos pular sobre  Prabhupäda e então olhar para trás através dos olhos dos äcäryas anteriores.” (Our Original Position, GBC Press, p.163)

Como é possível que adotarprincípios filosóficos inteiramente novos jamais mencionados por Çréla Prabhupäda seja a mesma coisa que ver “os äcäryas anteriores através de Prabhupäda”?

Mesmo se a interpretação do GBC em GII sobre os textos de äcäryas anteriores estivesse correta nós mesmo assim não poderíamos usá-la para modificar ou adicionar algo aos ensinamentos de Çréla Prabhupäda. Isso está claramente explicado em dois versos no livro Çré Kåñëa Bhajanämåta de Çréla Narahari Sarakara. O texto GII deveria ter mencionado estes versos como um aviso, uma vez que apóia suas teses com outros versos deste mesmo livro:

Verso 48:

“Um discípulo pode escutar alguma instrução de outro vaisnava avançado, mas após obter aquela boa instrução ele deverá trazê-la e apresentá-la ao seu próprio mestre espiritual. Após apresentá-la ele deverá escutar os mesmos ensinamentos novamente do seu mestre espiritual com  instruções apropriadas.”

Verso 49:


“... um discípulo que escuta as palavras de outros vaisnavas, mesmo que suas instruções sejam apropriadas e verdadeiras, mas não re-confirma aqueles ensinamentos com  seu próprio mestre espiritual e em vez disso aceita direta e pessoalmente aquelas instruções é considerado um mau discípulo e pecador.”

Nós humildemente sugerimos pelo interesse da vida espiritual de todos os membros da ISKCON que o texto GII deve ser revisado de modo harmônico com a injunção acima.



24. “Por que Çréla Prabhupäda não explicou o que fazer quando um guruse desvia?”


De acordo com a ordem final de Çréla Prabhupäda eleseria o iniciador por muito tempo no futuro, e como um elo autorizado na sucessão discipular, está fora de questão que ele se desvie do caminho do serviço devocional puro mesmo por um segundo:

“Um mestre espiritual fidedigno sempre se engaja no serviço devocional puro à Suprema Personalidade de Deus” (Cc. Ädi-lélä, 1.46, comentário)

Çréla Prabhupäda ensinou que um gurucairá somente se não for devidamente autorizado para iniciar:

“... algumas vezes um mestre espiritual não é devidamente autorizado para iniciar, e apenas sob sua própria iniciativa  torna-se um mestre espiritual; ele pode ser levadopor acumular  riquezas e um grande número de discípulos.”  (Néctar da devoção, p.116)

Quando um guru cai, esta é a prova conclusiva de que ele jamais fora devidamente autorizado pelo seu äcärya predecessor. Mesmo se nenhum guru da ISKCON tivesse jamais caído ainda assim alguém poderialegitimamente questionar de onde veio sua autorização para iniciar.

O problema para o GBC é que ao aceitar a simples verdade de citações como esta acima, várias ramificações desagradáveis surgem ameaçadoramente diante deles. Uma vez que todos os gurus da ISKCON afirmam ser autorizados no mesmo nível, como parte de um mesmo pacote (a alegada “ordem” de Çréla Prabhupäda aplicando-se igualmente a todos eles), o próprio fato de que muitos deles caíram visivelmente é prova positiva de que a “ordem” foi mal-entendida. Se eles realmentetivessem recebido uma autorização apropriada, estaria fora de questão que algumdeles caísse. De fato, todos seriam mahä-bhägavatas.

“Um mestre espiritual sempre é liberado.”  (Carta de Çréla Prabhupäda, 21/6/1970)



25. “Assim que os discípulos de Çréla Prabhupäda alcançarem a perfeição, o sistema åtvik se tornará redundante”.


Algumas vezes referida como “soft (suave) åtvik ”, a injunção acima se baseia na premissa de que o sistema åtvik foi estabelecido porque antes da partida de Çréla Prabhupäda não havia discípulos qualificados.

Contudo, esta premissa é uma especulação, uma vez que ela jamais foi expressa por Çréla Prabhupäda. Não há evidência de que o sistema åtvik tenha sido estabelecido apenas o devido à falta de pessoas qualificadas, e que uma vez que haja uma pessoa qualificada nós devemos parar de seguir essesistema. Esta noção causa o desafortunado efeito colateral de fazer o sistema åtvik parecer apenassecundário ou provisório, quando de fato ele é plano perfeito de Kåñëa. Isso também torna possível que no futuro alguma personalidade inescrupulosa e carismática pare o sistema através de alguma falsa exibição de devoção.

Em teoria, mesmo se houvessem discípulos qualificados, uttama-adhikäris, presentes agora, ainda assim eles teriam que seguir o sistema åtvik se quisessem permanecer na ISKCON. Não há nenhuma razão porque uma pessoa não seria mais do que feliz em seguir a ordem de Çréla Prabhupäda, como nós já mencionamos.

Uma possível origem desta concepção errônea pode ser as instruções que Çréla Bhaktisiddhänta deixou para a Gaudiya Matha. Çréla Prabhupäda nos disse que seu Guru Mahäräja tinha pedido que houvesse um GBC, e que no devido decurso do tempo um äcärya auto-refulgente surgiria. Como nós sabemos, a Gaudiya Matha não seguiu isso, para um catastrófico efeito. Alguns devotos crêem que nós também devemos procurar um äcärya auto-refulgente; e que uma vez que ele poderia vir a qualquer momento, o sistema åtvik é apenas uma medida provisória.

A dificuldade com esta teoria é que as instruções que Çrila Bhaktisiddhänta deixou para seus discípulos e aquelas que Çréla Prabhupäda deixou para nós são diferentes. Çréla Prabhupäda certamente deixou instruções que o GBC deveria continuar administrando sua Sociedade, mas ele não disse em lugar algum queum futuro äcärya auto-refulgente iria surgir para a ISKCON. Em vez disso, ele estabeleceu o sistema åtvik pelo qual ele permaneceria sendo o äcärya dali para frente (“henceforward”) Obviamente, como discípulos nós não podemos pular sobre Çréla Prabhupäda e começar a seguir as ordens de Çréla Bhaktisiddhänta.

Se Çréla Prabhupäda tivesse dado alguma injunção de Kåñëa que a sua Sociedade em breve seria liderada por um novo äcärya, então eleteria feito algumas provisões para isso em suas instruções finais. Em vez disso, ele ordenou que apenas seus livros fossem distribuídos, e que eles seriam a lei para os próximos dez mil anos. O que haveria sobrado para ser feito por um futuro äcäryaÇréla Prabhupäda já havia estabelecido o Movimento que irá realizar cada profecia e objetivo da nossa sucessão discipular por toda a duração do Movimento de Sankirtana.

Como será possível para um novo auto-refulgente dékñä guru surgir dentro da ISKCON, quando a única pessoa permitida a dar dékñä é Çréla Prabhupäda?

Alguns argumentam que os äcäryas têm o poder de mudar as coisas, e assim um novo äcärya poderia alterar o sistema åtvik dentro da ISKCON. Mas iria um äcärya autorizado alguma vez contradizer as ordens diretas deixadas pelo äcärya anterior para seus seguidores? Com certeza fazer isso seria arruinar a autoridade do äcärya anterior. Isso certamente causaria confusão e perplexidade ara aqueles seguidores que tivessem que encarar a tortuosa escolha de qual ordem seguir.

Todas estas tais preocupações se dissolvem quando nós lemos a ordem final. Simplesmente não há menção  de uma injunção sobre “soft (suave)” åtvik. A carta apenas diz “henceforward”, daqui para frente. Assim, dizer que isso irá terminar com o surgimento de um novo äcärya, ou discípulo perfeito, é uma especulativa superimposição sobre um pedido perfeitamente claro. A carta apóia somente o entendimento de “hard (rígido)” åtvik, ou seja., que:

Çréla Prabhupäda será o iniciador  dentro  da ISKCON enquanto a Sociedade existir.

Este entendimento é consistente com a idéia que Çréla Prabhupäda sozinho já havia obtido sucesso em sua missão (por favor veja a objeção relacionada, nº 8: “você está dizendo que Çréla Prabhupäda não fez devotos puros?”)

Às vezes é afirmadoque uma vez que a carta do dia 9 de Julho apenas autorizou 11 åtviks originais, o sistema deverá parar assim que as 11 pessoas nomeadas morrerem ou se desviarem.

Este argumento é um tanto extremista. Afinal de contas, a carta do dia 9 de Julho não diz que apenas Çréla Prabhupäda pode escolher åtviks, ou que a lista de åtviks atuantes jamais possa ter adições. Existem outros sistemas de administração estabelecidos por Çréla Prabhupäda, tal como o GBC, ondemembros são livremente adicionados ou subtraídos quando se sinta que isso é necessário. É ilógico isolar um sistema de administração e tratá-lo de modo inteiramente diferente de outrosque são igualmente importantes. Isso é particularmente verdade porque Çréla Prabhupäda jamais nunca sequer indicou que o modo de manter o sistema åtvik deveria ser de alguma forma diferente da manutenção dos outros sistemas que ele pessoalmente estabeleceu.

Este argumento se tornou popular, então nós convidamos o leitor a considerar os seguintes pontos:

1) Nas transcrições da conversa em Topanga Canyon, Tamäla Kåñëa Goswami relata a seguinte pergunta que ele fizera enquanto preparava-se para datilografar a lista de åtviks selecionados:

Tamäla Kåñëa: Çréla Prabhupäda, isso é tudo ou o senhor deseja adicionar mais?”
Çréla Prabhupäda: “Na medida do necessário, outros podem ser adicionados.”
 (Confissões na Pyramid House, Topanga Canyon, 3/12/1980)

Certamente, se alguns ou todos os åtviks morrerem ou se desviarem seriamente, se deve avaliar uma circunstância “necessária” para mais åtviks serem “adicionados”.

2) A carta do dia 9 de Julho define åtvik como “representante do äcärya”. Está perfeitamente dentro da alçada do GBC selecionar ou remover qualquer um para representar Çréla Prabhupäda, sejam eles sannyäsés , presidentes de templo ou mesmo os próprios representantes do GBC. Atualmente, eles aprovam dékñä gurus que são supostamente os representantes diretos do próprio Senhor Supremo. Assimestaria facilmente dentro de sua capacidade selecionar novos sacerdotes para dar nomes e atuar responsavelmenteem nome de Çréla Prabhupäda.

3) A carta do dia 9 de Julho mostra que a intenção de Çréla Prabhupäda era que o sistema åtvik fosse aplicado dali para frente (“henceforward”). Çréla Prabhupäda fez o GBC a última autoridade administrativa com o motivo de que mantivessem e regulassem todos os sistemas que ele estabeleceu. O sistema åtvik foi o seu sistema para a manutenção das iniciações. É o trabalho do GBC manter este sistema, adicionando ou subtraindo o pessoal, da mesma maneira que fazem em outras áreas nas quais eles estão autorizados a dirigir.

4) As cartas assinadas no dia 9, 11 e 21 de Julho indicam que a lista poderia ser aumentada com o uso de tais frases como: “até aqui”, “por hora”, “lista inicial”, etc. Portanto, um mecanismo para adicionar mais åtviks deve ter sido estabelecido, ainda que isso ainda esteja porser exercido.

5) Ao tentar entender uma instrução, deve-se naturalmente considerar o propósito por trás dela. A carta afirma que Çréla Prabhupäda apontou “alguns dos discípulos seniores para atuar como “åtviks” – representantes do äcärya–  com o propósito de executar iniciações...”, e que naquele momento Çréla Prabhupäda tinha “até agora” dado onze nomes. A meta de um discípulo obediente é entender e satisfazer o propósito do sistema. O objetivo da ordem final claramente não era restringir todas as iniciações futuras a um grupo de indivíduos de “elite”(‘alguns...até agora’) que com o tempo morreriam e assim acabaria o processo de iniciação dentro da ISKCON. Ao contrário, o propósito era assegurar que as iniciações continuassem de um modo prático desde então. Portanto este sistema deve permanecer em vigor enquanto houver necessidade de iniciações. Assim, a adição de mais “discípulos seniores” para atuar como “representantes do äcärya”, quando e como seja necessário, asseguraria que o propósito deste sistema continue a ser satisfeito.

6) Tomado junto com o testamento de Çréla Prabhupäda (o qual indica que todos os futuros diretores para as propriedades permanentes na Índia poderiam somente ser selecionados entre seus “discípulos iniciados”), está perfeitamente claro que a intenção de Çréla Prabhupäda era que o sistema andasse indefinidamente, com o GBC simplesmente administrando a coisa toda.

Tendo dito isso, é sempre possível que Çréla Prabhupäda pudesse revogar esta ordem se ele o desejasse. Como afirmamos anteriormente, a contra-instrução teria que ser pelo menos tão clara e inequívoca como a carta assinada pessoalmente, a qual coloca o sistema åtvik em primeiro lugar. Com Kåñëa e seus devotos puros qualquer coisa é possível:

 Repórter do Newsday: “...Agora o senhor é o líder e o Mestre Espiritual. Quem irá tomar o seu lugar?”
Çréla Prabhupäda:  “Isso será Kåñëa que irá dizer, quem irá tomar o meu lugar.”
(Entrevista, 14/7/1976, Nova Iorque)

Portanto, cremos ser mais seguro seguir as instruções que recebemos de nosso äcärya em vez de especular sobre algum äcärya que possa vir ou não no futuro, ou pior que isso, inventar o nosso próprio.



26. “Os proponentes do sistema åtvik apenas não querem se render a um Guru.”


Esta acusação está baseada na concepção errôneaque para render-se a um mestre espiritual, ele deve estar presente fisicamente. Se isso fosse verdade, então nenhum dos discípulos originais de Çréla Prabhupäda poderia atualmente estar se rendendo a ele. Render-se ao mestre espiritual significa seguir suas instruções, e isso pode ser feito esteja ele presente fisicamente ou não. O propósito da ISKCON éprovera todos orientação eentusiasmo adequadosatravés de potencialmente ilimitadas relações sikñä. Uma vez que o próprio GBC atual se renda à ordem de Çréla Prabhupäda, este sistema naturalmente irá inspirar mais e mais pessoas a se renderem, e eventualmente poderá inclusive atrair os mais fanáticos ativistas åtviks ajuntarem-se a eles.

Mesmo se todos os proponentes åtviks fossem obstinadamente relutantes a renderem-se a um guru, ainda assim isso não invalidaria a carta do dia 9 de Julho. O fato de que os åtviks supostamente não são rendidos deveria fazer o GBC ainda mais ansioso para seguir a ordem final de Çréla Prabhupäda, se não houver outra razão para fazerem contraste.



27. “Mas quem  irá oferecer orientação e dar serviço para os devotos se não houver dékñä gurus?”


Haverá um dékñä guru: Çréla Prabhupäda, orientação e serviço serão dados exatamente da mesma maneira comoquando ele estava presente: através da leitura de seus livros e do relacionamento sikñä com outros devotos. Antes de 1977, quando algumas pessoas se juntavam ao templo, elas eram instruídas pelo líder dos bhaktas, líder do Sankirtana, sannyäsés  visitantes, Cozinheiro, Pujari, presidente do templo, etc. Era extremamente raro receber orientação pessoal diretamente de Çréla Prabhupäda; de fato, ele constantemente desencorajava tal interação, uma vez que se concentrava emescrever. Nós sugerimos que as coisas devam seguir da mesma forma como Çréla Prabhupäda as estabeleceu.



28. “Em três ocasiões Çréla Prabhupäda disse que você precisa de um guru físico, e ainda assim toda a sua posição baseia-se da idéia de que não.”


“Portanto, tão logo nos tornamos um pouco inclinados em direção a Kåñëa, então de dentro  de nossos corações Ele nos dá instruções favoráveis para que nós possamos gradualmente fazer progresso, gradualmente. Kåñëa é o primeiro mestre espiritual, e quando nos tornamos mais interessados, então nós temos que ir a um mestre espiritual físico.” (Çréla Prabhupäda, aula do Bg. 14/8/1966, Nova Iorque)

“Porque Kåñëa está situado no coração de cada  um. De fato, Ele é o mestre espiritual, caitya-guru. Então, a fim de nos ajudar, Ele vem como um mestre espiritual físico.”
(Çréla Prabhupäda, aula do SB, 28/5/1974, Roma)

“Portanto, Deus é chamado caitya-guru, o mestre espiritual no interior do coração. E o mestre espiritual físico é misericórdia de Deus [...] Ele irá ajudarvocêdentro efora,fora na forma física do mestre espiritual, e por dentro  como mestre espiritual no interior do coração.” 
(Çréla Prabhupäda, conversa no quarto, 23/5/1974)

Çréla Prabhupäda usou o termo “guru físico” quando explicou que no estágio condicionado nós não podemos contar somente com a orientação do caitya-guru ou Superalma. É imperativo que nós nos rendamos à manifestação externa da Superalma. Este é o dékñä guru. Tal mestre espiritual, que é considerado um residente do mundo espiritual e um íntimo associado do Senhor Kåñëa aparece fisicamente apenas para guiar as almas condicionadas caídas. Em muitos casos, tal mestre espiritualescreverá livros físicos; eledará palestrasque podem ser escutadas por ouvidos físicos, e ser gravadas em máquinas físicas; ele pode deixar murtis físicas, e mesmo um GBC físico para continuar a administrar tudo uma vez que tenha partido fisicamente.

No entanto, o que Çréla Prabhupäda jamais ensinou foi que este guru físico deve também estar fisicamente presente a fim de atuar como guru. Como nósapontamos, se este fosse o caso, então presentemente ninguém poderia ser consideradodiscípulo de Çréla Prabhupäda. Se o guru deve sempre estar fisicamente presente a fim de que o conhecimento transcendental ser difundido, então uma vez que Çréla Prabhupäda deixou o planeta, todos os seus discípulos deveriam ter tomado “reiniciação”. Além disso, milhares de discípulos de Çréla Prabhupäda foram iniciados sem ter contato com o corpo físico de Çréla Prabhupäda. Mesmo assim, é aceito que eles se aproximaram, inquiriram, renderam-se, serviram e receberam iniciaçãodo mestre espiritual físico. Ninguém está argumentando que suas iniciações foram nulasdevido às três citações acima.



29. “Não pode o dékñä guru ser uma alma condicionada?”


Como nós já mencionamos, há apenas um lugar em todos os ensinamentos de Çréla Prabhupäda onde a qualificação de um dékñä guru é especificamente mencionada (Cc. Madhya-lélä, 24.330).  Isso é na seção do Caitanya-Caritämrita que lida especificamente com dékñä. A citação estabelece claramente que o dékñä guru deve ser um mahä-bhägavata. O ponto pertinente a ser notado é que Çréla Prabhupäda usa as palavras “deve (must)” e “somente (only)”. Não é possível ser mais enfático. Não há citações que afirmem que o dékñä guru pode ser uma alma condicionada. Isso não é surpreendente, pois de outra forma Çréla Prabhupäda estaria pregando uma contradição no guru-tattva. Há citações que podem dar a impressão de que estão apoiando a idéia de um guru não liberado, mas eles usualmente caemdentro de duas categorias:

1) Citações que lidam com a qualificação para um sikñä guru:Estas citações en fatizam como é fácil atuar como guru, como até mesmo uma criança pode fazê-lo, e está usualmente ligada ao verso do Senhor Caitanya, “ämära ajñaya”.

2) Citações que descrevem o processo para obter a posição de guru:Estas citações usualmentetêm a palavra “tornar-se (become)” nelas. Isso é porque por “rigorosamente seguindo” o processo delineado uma pessoa irá avançar e qualificar-se para a posição de guru. Deste modo, ela se tornará guru. As citações jamais dizem que a qualificação do guru resultante será menor do que a de um mahä-bhägavata. Elas usualmente apenas descrevem o processo.

Nós mantivemos isso resumidamente, já que é um tema sobre o qual outro texto poderia ser escrito; o mais importante é que este é um tópico que não é diretamente relevante ao tema em pauta, ou seja, o que foi que Çréla Prabhupäda de fato ordenou. Apenas porque o dékñä guru deve ser um mahä-bhägavata isso não significa que nós temos que ter um sistema åtvik, ou que Çréla Prabhupäda estabeleceu tal sistema. Pelo contrário, mesmo se a qualificação de um dékñä guru fosse mínima, isso não significa que Çréla Prabhupäda não ordenou o sistema åtvik. Nós simplesmente precisamos examinar o que Çréla Prabhupäda fez e então seguir, e não o que Çréla Prabhupäda poderia ou deveria ter feito. Este texto lida exclusivamente com o as verdadeiras instruções finais de Çréla Prabhupäda.



30. “Çréla Prabhupäda colocou o GBC na cabeça da Sociedade para administrar tudo e essa é a forma que eles escolheram para as iniciações .”



“Resolvido: O GBC (Comissão do Corpo Governante) foi estabelecido por Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupäda para representá-lo em executar a responsabilidade da administração da Sociedade Internacional da Consciência de Kåñëa, da qual ele é o fundador-äcärya  e a autoridade suprema. O GBC aceita como vida e alma as suas divinas instruções e reconhece que é completamente dependente de sua misericórdia em todos os aspectos. O GBC não tem outra função ou propósito senão executar as instruções assim bondosamente dadas por Sua Divina Graça, preservar e difundir seus ensinamentos para o mundo na sua forma pura”.
(Definição do GBC, resolução 1, notas do GBC, 1975)

“O sistema de administração irá continuar como é agora  e não há necessidade de mudar nada.”
(Testamento de Çréla Prabhupäda, 4 de Julho de 1977)
“Eu já dei os padrões para vocês, agora  tentem mantê-los o tempo todo  sob procedimento padrão. Não tentem inovar, criarou inventar algo; isso irá arruinar tudo.”
(Çréla Prabhupäda, carta para Bali Mardan e Pusta Kåñëa, 18/9/1972)

“Agora eu estabeleci o GBC para manter o padrão  de nossa Sociedade para a Consciência de Kåñëa, então mantenha o GBC bem vigilante. Eu já dei para vocês plenas instruções em meus livros.” (Çréla Prabhupäda, carta para Satsvarupa, 13/9/1970)

“Eu apontei originalmente 12 membros do GBC e dei a eles 12 zonas para sua administração, mas apenas por acordo vocês mudaram tudo, então eu não sei o quê é isso.”
(Çréla Prabhupäda, carta para Rupanuga, 4/4/1972)

“O que irá acontecer quando eu não estiver aqui, será tudo estragado pelo  GBC?” (Çréla Prabhupäda, carta para Hamsaduta, 11/4/1972)

O GBC deve atuar somente dentro dos parâmetros que foram estabelecidos por Çréla Prabhupäda. Causa-nos dor vero corpo representante de Çréla Prabhupäda comprometido de alguma forma, já que era o seu desejoque todos cooperassem sob sua direção.

Vamos todos cooperar sob a instrução
da ordem final de 
Çréla Prabhupäda
.



Conclusão


Nós esperamos que o leitor agora tenhaapreciação mais profunda pela importante ordem final de Çréla Prabhupäda sobre o futuro das iniciações dentro da ISKCON. Nós pedimos desculpas se em qualquer parte de nossa apresentação tenhamos ofendido a alguém; essa não foi nossa intenção; então por favor perdoem nossas imperfeições.

Nós começamos este texto enfatizando que estamos seguros de que se quaisquer erros foram cometidos, eles não foram propositais, e portanto não seria necessário perseguirou utilizar energia desnecessária para culpar alguém. É um fato que quando o äcärya parte, automaticamente vem alguma confusão. Quando consideramos que o Movimento está destinado a continuar pelo menos por mais 9500 anos, dezenove anos de confusão de fato é muito pouco tempo. Agora é tempo de assimilar o que foi feito de errado, aprender com os erros e então colocar nosso passado para trás, e trabalharmos juntos para construir uma ISKCON melhor.

Pode ser considerado necessário iniciar o sistema åtvik de um modo suave, talvezemfases. Talvez ele possa até mesmo correr ao mesmo tempo com o M.A.S.S. por um curto período de tempo pré- especificado a fim de não criartensão desnecessária e perturbação. Tais pontos necessitarão de cuidadosa consideração e discussão. Tão logo nossa meta seja restabelecer a ordem final de Çréla Prabhupäda, então dentro disso deve haver suficiente espaço para tratar-se cuidadosamente com os sentimentos de cada um. Nós devemos tratar os devotos com cuidado e consideração, permitindo-os tempo para que se ajustem. Se um programa extensivo puder ser introduzido, pelo qual os ensinamentos e instruções Çréla Prabhupäda sobre o guru e iniciação forem apresentados sistematicamente, nós estamos confiantes que tudo poderá restabelecer-se muito rapidamente e com um mínimo de perturbação e indisposição.

Uma vez que se chegue ao consenso que o sistema åtvik é o caminho a seguir, haverá a necessidade de um período para refrescar e deixar a inimizade que foi construída em ambos os ladosdissipar-se. Deverão ser organizados retiros onde ambos os lados possam unir-se e se tornar amigos. Infelizmente, existe uma considerável imaturidade no momento atual, tanto da parte dos que defendem o sistema åtvik quanto dos demais. No que nos diz respeito, certamente não cremos que se tivéssemos sido discípulos antigos no momento da partida de Çréla Prabhupäda teríamos agido de um modo diferente ou melhor. Provavelmente teríamos feito tudo ainda pior.

Em nossa experiência, muitos devotos na ISKCON, mesmo os mais antigos, jamais tiveram a chance  de examinar de perto a matéria sobre o sistema åtvik em detalhes. Infelizmente, a forma como a literatura åtvik é exposta é suficiente para decepcionar a qualquer um, uma vez que está cheia de ataques pessoais e muito pouco de filosofia. A melhor solução que podemos ver é que o GBC resolva este assunto por si mesmo. Com a informação correta diante deles nós estamos confiantes de que tudo será devida e corretamente ajustado com o tempo. Isso certamente seria mais desejável do que estar constantemente pressionado por um bando de devotos amargurados e decepcionados para que haja mudanças, alguns dos quais podem ter motivações pessoais completamente desalinhadas com a ordem final de Çréla Prabhupäda.

Certamente, nós também estamos sujeitos aos quatro defeitos, e assim calorosamente damos boas vindas a quaisquer comentários ou críticas. Nossa maior esperança ao escrever este livreto é que a discussão por ele inspirada possa de algum modo levar à solução de uma das mais difíceis e prolongadas controvérsias na ISKCON desde a partida de Sua Divina Graça. Por favor perdoem nossas ofensas. Todas as glórias a Çréla Prabhupäda.


Apenas Çréla Prabhupäda pode nos unir.

O Que é Um Åtvik?


Os åtviks são freqüentemente definidos de um ou dois modos incorretos:

1) Como sacerdotes insignificantes, meros funcionários que simplesmente distribuem nomes espirituais de forma robotizada.

2) Como dékñä gurus aprendizes que estão atuando como åtviks apenas até que eles estejam plenamente qualificados, quando eles iniciarão por conta própria.

Nós iremos comparar estas definições com o papel de um åtvik, como foi dado por Çréla Prabhupäda.

Considerando primeiro a definição 1). o posto de åtvik é uma posição de grande responsabilidade. Isso deve ser óbvio, uma vez que Çréla Prabhupäda especificamente escolheu 11 devotos quem tinham demonstrado serem capazes de tomar responsabilidades maduras dentro de sua Missão. Não é que ele simplesmente retirou os nomes de dentro de um chapéu. Assim, ainda que a maior parte de sua função fosse somente de rotina, eles deveriam ser os primeiros a identificardesvios dos padrões estritos necessários para iniciação. Assim como o trabalho de um policial geralmente é rotina, uma vez que a maioria dos cidadãos obedecem a lei, ainda assim ele frequentemente será é a primeira pessoa a saber quando algum delito está sendo cometido. Çréla Prabhupäda muitas vezes expressou a preocupaçãoque as iniciações deveriam apenas acontecer quando um estudante fosse testado por pelo menos uns seis meses, e que pudesse cantar 16 voltas por dia, seguisse os quatro princípios regulativos, lesse seus livros, etc. Se um presidente do templo começasse a enviar a um åtvik recomendações para estudantes que tivessem falhado em alguma destas áreas essenciais, o åtvik teriapoder para recusar a iniciação. Deste modo, o åtvik asseguraria que os padrões dentro da ISKCON manteriam-se os mesmos como no dia em que Çréla Prabhupäda deixou o planeta.

Certamente um åtvik pessoalmente teria que seguir de forma estrita, e por conseguinte ser um sikñä-guru qualificado. O fato de que o åtvik teria ou não uma relação de sikñä com a pessoa que se iniciaé um assunto separado. Ele poderia ounão. Para um devoto que aceita esta posição, seu ministério como åtvik é separado e distinto do seu ministério como sikñä-guru, apesar de que algumas vezes os dois sobreponham-se. Quando Çréla Prabhupäda estava presente, os novos iniciados nem sequer precisavam necessariamente encontrar-se com o åtvik atuando na sua zona. Freqüentemente a cerimônia de iniciação deveria ser executada pelo presidente de templo e o nome do iniciado chegava pelo correio, enviado pelo åtvik designado. Porém, ao mesmo tempo não podemos ver nenhuma razão pela qual um åtvik não possa conhecer os novos iniciados, e inclusive executar a cerimônia, se tal arranjo for adequado ao nível do templo local.

Agora examinaremos a definição 2). Como já mencionamos muitas vezes, a fim de aceitar discípulos, alguém deve ser um mahä-bhägavata plenamente autorizado. Antes que Çréla Prabhupäda partisse, ele estabeleceu um sistema no qual qualquer um que iniciasse na ISKCON além dele mesmo seria ilegal. Assim, não houve autorização para ninguém, em momento algum no futuro da ISKCON, para dar iniciação em seu próprio nome em vez de no nome de Çréla Prabhupäda. Desta forma, mesmo se um åtvik, ou de fato qualquer outra pessoa, alcançasse o nível de um mahä-bhägavata, ele ainda assim teria que seguir o sistema åtvik se ele desejasse permanecer dentro da ISKCON. Çréla Prabhupäda nos deu uma ordem no dia 9 de Julho, e ela não diz nada sobre åtviks tornarem-se dékñä gurus.

O que eles fazem e como eles são selecionados:

(a)
O åtvik aceita o discípulo, dá um nome espiritual para o novo iniciado, canta nas contas, e para a segunda iniciação dá o Mantra Gayatri – tudo em nome de Çréla Prabhupäda (por favor leia a carta do dia 9 de Julho no Apêndice, p.113). Este foi o método que Çréla Prabhupäda escolheu para ter devotos responsáveis supervisando o processo de iniciação e o padrão dentro da ISKCON. O åtvik irá examinar todas as recomendações enviadas pelos presidentes de templos para garantir-se que o futuro discípulo possui o padrão requerido para a prática devocional.


(b) Um åtvik é um sacerdote e assim deve ser um brahmana qualificado. Quando selecionou os åtviksÇréla Prabhupäda primeiramente sugeriu os “sannyäsés  seniores”, apesar de ele também ter escolhido pessoas que não eram sannyäsés  (por favor veja a conversação do dia 7 de Julho no Apêndice, p.132). Os åtviks escolhidos eramhomens seniores responsáveis para garantir que o processo de iniciação continuasse sem percalços através do mundo todo.


(c) Os futuros åtviks podem ser selecionados pelo GBC. O método no qual os åtviks seriam selecionados, repreendidos ou dispensados seria praticamente idêntico ao método no qual os dékñä gurus são correntemente administrados pelo GBC dentro da ISKCON. Isso está definitivamente dentro do âmbito do poder concedido ao GBC por Çréla Prabhupäda, uma vez que eles têm a autoridade de selecionar e examinar muitas pessoas seniores como os sannyäsés, administradores, secretários regionais, etc. Que mais åtviks poderiam ser adicionados pelo GBC foi também admitido por Tamäla Kåñëa Goswami na conversa em “Topanga Canyon”  (Apêndice, p.138).

Então, em resumo, o sistema funcionaria exatamente como quando Çréla Prabhupäda estava no planeta. O modo, a atitude, o relacionamento entre as diversas partes, etc., irá continuar sem mudanças, tal como foi por um breve período de quatro meses em 1977. Como Çréla Prabhupäda disse enfaticamente no segundo parágrafo do seu testamento:

“O sistema de administração irá continuar como é agora,  e não há necessidade de nenhuma mudança.”



Dékñä

Dékñä é o processo pelo  qual alguém pode despertar seu conhecimento transcendental e aniquilar todas as reações causadas por atividades pecaminosas. Uma pessoa perita no estudo das escrituras reveladas conhece este processo como dékñä.(Cc, Madhya-lélä, 15.108)









O Guru Deve Estar Fisicamente Presente?

“ A presença física não é importante. A presença do som transcendental recebido domestre espiritual deve ser a orientação para a vida. Que você faça a sua vida espiritual um sucesso. Se você sentir muito fortemente a minha ausência você pode colocar uma foto minha no meu assento e isso será uma fonte de inspiração para você.”
(Çréla Prabhupäda Carta para Brahmananda e outros estudantes, 19/1/1967 )

“Mas sempre se lembre que eu estou sempre com você. Como você está sempre pensando em mim, eu também estousempre pensando em você. Apesar de não estarmos fisicamente juntos, nós não estamos separados espiritualmente. Então nós devemos sempre nos preocupar unicamente com esta conexão espiritual.”
 (Çréla Prabhupäda Carta para Gaurasundara, 13/11/1969)

“Então nós devemos nos associar pela vibração, e não pela presença física. Esta é a verdadeira associação.”
(
Çréla Prabhupäda aula do SB, 18/8/1968)

“Há dois conceitos: o conceito físico e o conceito vibracional. O conceito físico é temporário; o conceito vibracional é eterno [...] Quando nós sentimos separação de Kåñëa ou do Mestre Espiritual nós devemos apenas tentar nos lembrar de suas palavras ou instruções, e não sentiremos mais separação. Tal associação com Kåñëa e com o Mestre Espiritual deve ser uma associação pela vibração, não pela presença física. Está averdadeira associação.”
(Elevação à Consciência de to Kåñëa, Capítulo 4)

“Embora, de acordo com a visão material, Sua Divina Graça Çréla Bhaktisiddhänta Sarasvati Öhäkura Prabhupäda deixou este mundo material no último dia de dezembro de 1936, ainda assim eu considero Sua Divina Graça estando sempre presente comigo pelo seu väëé, suas palavras. Há dois modos de associação: por väëé ou por vapuh. Väëé significa palavras e vapuh significa presença física. A presença física é algumas vezes perceptívele algumas vezes não, mas väëé  continua a existir eternamente. Portanto, deve-se obter benefício de väëé, não da presença física.”
(
Cc. Antya-lélä, conclusão)

“Portanto, nós devemos obter benefício de väëé , não da presença física.”
 (
Çréla Prabhupäda Carta para Suci-devi dasi , 4/11/1975)

“Eu irei sempre permanecer como seu guia pessoal, esteja presente fisicamente ou não; assim como estou sempre recebendo a orientação de meu Guru Mahäräja.”
(
Çréla Prabhupäda Conversa no Quarto, Våndävana, 14/7/1977)

“Algumas vezes é mal-entendidoque se alguém está engajado em serviço devocional ele não será capaz de resolver o problema econômico. Para responder a este argumento, é descrito aqui que devemos associar-nos com pessoas liberadas, não direta e fisicamente, mas pelo entendimento dos problemas da vida através de filosofia elógica.”
(SB, 3.31.48, comentário)

“Eu sempre estou com você. Não importa se eu estou fisicamente ausente.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Jayananda, 16/9/1967)


Paramänanda:  “Nós estamos sempre sentido fortemente a sua presença, Çréla Prabhupäda, simplesmente por suas instruções e seus ensinamentos. Nós estamos sempre meditando nos seus ensinamentos.”
Çréla Prabhupäda: “Obrigado. Esta é a verdadeira presença. A presença física não é importante.” 
(Conversa no Quarto, 6/10/1977, Våndävana)

“Você me escreveu que tem vontade de ter a minha associação, mas por que você se esquece de que você está sempre em associação comigo? Quando você está ajudando na minha atividade missionária eu estou sempre pensando em você, e você está sempre pensando em mim. Esta é a verdadeira associação. Assim como eu sempre estou pensando em meu Guru Mahäräja a cada momento, apesar de ele não estar presente fisicamente, e porque eu estou tentando o melhor que posso para servi-lo, eu estou certo de que ele está me ajudando com suas bênçãos espirituais. Então, aqui tem dois tipos de associação: física e preceptoral. A associação física não é tão importante quanto a associação preceptoral.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Govinda  Dasi, 17/8/1969)


“No que diz respeito às minhas bênçãos, a minha presença física não é necessária. Se você está cantando Hare Kåñëa aí, e seguindo minhas instruções, lendo os livros, comendo apenas Kåñëa Prasadam, etc., então está fora de questãonão receber as bênçãos do Senhor Caitanya, cuja missão eu estou humildemente tentando levar adiante.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Bal Kåñëa, 30/6/1974)


“Qualquer um que tenha desenvolvido fé inabalável no Senhor e no Mestre Espiritual pode entender as escrituras reveladas, que se abrirão diante dele. Então, continue com asua atitude presente e você irá ter sucesso no seu progresso espiritual. Eu estou certo que mesmo se não estiver fisicamente presente diante de você, ainda assim você será capaz de executar todos os deveres espirituais da Consciência de Kåñëa, se você seguir os princípios acima.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Subala, 29/9/1967)


“Então, apesar do corpo físico não estar presente, a vibração deve ser aceita como a presença do mestre espiritual; vibração. Oque nós ouvimos do mestre espiritual, isso está vivo.”
 (
Çréla Prabhupäda Palestra, 13/1/1969, Los Angeles)


Revati-nandana: “... então algumas vezes o mestre espiritual está distante. Ele pode estar em Los Angeles.  Alguém está vindo ao templo de Hamburgo.  Ele pensa: ‘como o Mestre espiritual será agradado?’”
Çréla Prabhupäda: “apenas siga a sua ordem, o mestre espiritual está junto com você pelas suas palavras.  Assim como meu mestre espiritual não está fisicamente presente, mas eu estou em associação com ele pelas suas palavras.” 
(Çréla Prabhupäda Palestra, 18/8/1971)

“Assimcomo eu estou trabalhando, então meu Guru Mahäräja está aqui, Bhaktisiddhänta Saraswati. Fisicamente ele pode não estar, mas em cada ação ele está aqui. Servir às palavras do mestre espiritual é mais importante do que servi-lo fisicamente.”
(
Çréla Prabhupäda Conversa no Quarto, 27/5/1977, Våndävana)

“Então, isso é chamado prakata, fisicamente presente. Ehá outra fase,é chamada aprakata, ausente fisicamente. Mas isso não significa que Kåñëa ou Deus está morto. Este não é o significado, prakata ou aprakata, fisicamente presente ou não, isso não importa.”
(
Çréla Prabhupäda Palestra, 11/12/1973, Los Angeles)

“Assim, espiritualmente separação está fora de questão, mesmo fisicamente nós podemos estar em locais distantes.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Syama-dasi, 30/08/1968)

“Eu fui até o seu país difundir esta informação da Consciência de Kåñëa, e você está me ajudando em minha missão, apesar de eu não estar fisicamente presente, mas espiritualmente eu sempre estou com você.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Nandarani, Kåñëa Devi, Subala e Uddava, 3/10/1967)

“Na realidade nós não estamos separados. Há dois tipos: väëé  ou vapuh, então vapuh é a presença física, e väëé  a presença vibracional, mas são a mesma coisa.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Hamsadutta, 22/6/1970)

“Assim, na ausênciafísica do mestre espiritual, väëé-seva é mais importante. Meu mestre espiritual, Sarasvati Goswami, pode aparecer ausente fisicamente, mas apesar disso eu tento servir as suas instruções; eu jamais me sinto separado dele.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Karandhara, 22/8/1970)

“Eutambémnão sinto separação de meu Guru Mahäräja. Quando estou engajado no seu serviço, suas fotos me dão força suficiente. Servir as palavras do Mestre Espiritual é mais importante do que servi-lo fisicamente.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Syamasundara, 19/7/1970)



Siga As Instruções, Não o Corpo 


 
“No que diz respeito à associação pessoal com o guru, eu estive com Guru Mahäräjaaumas 4 ou 5 vezes, mas eu nunca abandonei a sua associação, nem mesmo por um momento. Porque eu estou seguindo suas instruções, eu jamais sentiseparação. Há alguns de meus irmãos espirituais aqui na Índia que tinham constante associação espiritual com Guru Mahäräja, mas estão negligenciando suas ordens. É assim como um percevejo sentado no colo do rei. Ele talvez esteja muito inflado pela sua posição, mas tudo o que pode fazer é picar o rei. Associação pessoal não étão importante quanto associação através do serviço.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Satadhanya, 20/2/1972)

“Então, espiritualmente aparecimento ou desaparecimento, não há diferença... espiritualmente não há diferença, aparecimento ou desaparecimento. Apesar de que hoje é o dia do desaparecimento de Om Visnupada Çri Çrimad Bhaktisiddhänta Sarasvati Öhäkura, não há nada para ser lamentado, apesar de sentirmos separação...”
(Çréla Prabhupäda Palestra, Los Angeles, 13/12/1973)

“Assim, Meu Guru Mahäräja será muito, muito satisfeito com você [...] não é que ele tenha morrido ese foi. Isso não é um entendimento espiritual [...] Ele está vendo. Eu jamais me senti sozinho.” (Çréla Prabhupäda Palestra, 2/3/1975, Atlanta)

Väëé  é mais importante do que vapuh.
(
Çréla Prabhupäda Carta paraTuñöa Kåñëa Dasa, 14/12/1972)

“Sim, eu estou muito feliz que seu centro está indo muito bem e que todos os devotos estão apreciando a presença do Mestre Espiritual seguindo as suas instruções, apesar de ele não estar fisicamente presente. Este é o espírito correto.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Karandhara, 13/9/1970)

“Por suas palavras, o mestre espiritual pode penetrar dentro do coração da pessoa sofredora e injetar o conhecimento transcendental, que sozinho pode extinguir o fogo da existência material.”
(SB, 1.7.22, comentário )

“Há duas palavras: väëévapuh. Väëé significa palavras, e vapuh significa o corpo físico. [...] Vapuh irá ter um fim. Este corpo material terá um fim, esta é a natureza. Mas se nós permanecemos com väëé, as palavras do mestre espiritual, então permanecemos muitos firmes [...] se você se mantiver sempre intacto, em ligação com as palavras e instruções elevadas, então você estará sempre novo. Isto é entendimento espiritual.”
(
Çréla Prabhupäda Palestra, 2/3/1975, Atlanta)

“Então, nós devemos dar mais ênfase à vibração do som, seja ela de Kåñëa ou do mestre espiritual.”
(
Çréla Prabhupäda Palestra, 18/8/1968, Montreal)

“Jamais pense que eu estou separado de você; presença por minha mensagem (ou por ouvir) é o verdadeiro toque.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para estudantes, 2/8/1967)

“O recebimento de conhecimento espiritual nunca é bloqueado por qualquer condição material.”
 (SB, 7.7.1, comentário)

“A potência do som transcendental nunca é minimizada porque aquele que ovibrou está aparentemente ausente.”
(SB, 2.9.8, comentário)

“O discípulo e o mestre espiritual jamais estão separados porque o mestre espiritual sempre está na companhia de seu discípulo enquanto o discípulo seguir estritamente as instruções do mestre espiritual. Isso é chamado de associação por väëé. A presença física é chamada vapuh. Enquanto o mestre espiritual estiverpresente, o discípulo deve servir o corpo físico do mestre espiritual, e quando o mestre espiritualnão mais estiver fisicamente presente, o discípulo deve servir as instruções do mestre espiritual.”
(SB, 4.28.47, comentário)

“Se não há oportunidadepara servir o mestre espiritual diretamente, o devoto deve servi-lolembrando-se de suas instruções. Não há diferença entre as instruções do mestre espiritual e o próprio mestre espiritual . Portanto, na sua ausência, suas palavras de instrução devem ser o orgulho do discípulo.”
(Cc. 
Ädi-lélä 1.35, comentário)

“Ele vive para sempre pelas suas instruções divinas, e os seguidores vivem com ele.”
(SB, prefácio)

“Raciocina mal quem diz quevaishnavas morrem, pois vósainda viveis no som.”
 (Bhaktivinoda Öhäkura, Songs of the Vaisnava Acaryas, Edição de 1972)

“Sim, o êxtase da separação do mestre espiritual é um êxtase ainda maior do que encontrar-se com ele.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Jadurani, 13/1/1968)

Kåñëa e seu representante são o mesmo. Similarmente, o mestre espiritual pode estar presente quando quer que o discípulo deseje. O mestre espiritual é o princípio, não no corpo. Assim como a televisão pode ser vista em milhares de lugares pelo dispositivo eletrônico de transmissão de sinais.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Malati, 28/5/1968)

“É melhor servir a Kåñëa e o mestre espiritual em sentimento de separação; algumas vezes há um risco emserviço direto.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Madhusudana, 30/12/1967)


Os Livros São o Suficiente


Devoto:  Çréla Prabhupäda,  quando o senhor não mais estiver presente entre nós, como será possível receber instruções? Por exemplo, em questões que possam surgir... ”
Çréla Prabhupäda:   “Bem, as questões estão respon... as respostas estão em meus livros.”
(Caminhada matinal, 13/5/1973, Los Angeles)


“Portanto, utilize  qualquer tempo que você obter  para fazer um completo estudo dos meus livros. Então, todas as sua questões serão respondidas.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Upendra, 7/1/1976)

“Se for possível ir ao templo, então  se beneficie do tempo. Um templo é um local onde é dada a oportunidade para se prestar serviço devocional direto ao Senhor Çri Kåñëa. Junto com isso, você deve sempre ler os meus livros diariamente, e todas as suas perguntas serão respondidas, e você terá uma base firme da Consciência de Kåñëa. Deste modo sua vida será perfeita.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Hugo Salemon, 22/11/1974)

“Cada um de vocês deve ler regularmente nossos livros, pelo menos duas vezes, pela manhã e ao anoitecer, e automaticamente todas as suas perguntas serão respondidas.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Randhir, 24/01/1970)

“Nos meus livros a filosofia da Consciência de Kåñëa é explicada plenamente, se houver qualquer coisa que vocês não entendam, então simplesmente leiam de novo e de novo. Por ler diariamente, o conhecimento será revelado para vocês, e por este processo, sua vida espiritual irá se desenvolver.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Bahurupa Dasa, 22/11/1974)


Çréla Prabhupäda: “‘mesmo um momento de associação espiritual com um devoto puro é pleno sucesso!’” [...]
Revaté-nandana: “isso se aplica a  ler as palavras de um devoto puro.”
Çréla Prabhupäda: “Sim.”
Revaté-nandana: “mesmo uma pequena associação com seus livros tem o mesmo efeito?”
Çréla Prabhupäda: “Efeito. Claro, isso requer ambas as coisas. Deve-se estar muito ansioso para receber.”
(Conversa no quarto, 13/12/1970)

 Paramahaàsa: “Minha pergunta é- um devoto puro, quando ele comenta sobre o Bhagavad-gétä, alguém que jamais o vê  fisicamente, mas ele apenas teve contato com seu comentário, explicação, isso é a mesma coisa?”
 Çréla Prabhupäda: “Sim. Você pode associar-se com Krna por ler o Bhagavad-gétä. E estas pessoas santas, elas irão dar as explicações e comentários.  Então onde está a dificuldade?” 
(Caminhada  matinal, 11/6/1974, Paris)


“Não há de novo para ser dito. O que quer que eu tinha para dizer, eu já disse em meus livros. Agora vocês devem tentar entender e continuar com os seus esforços. Esteja eu presente ou não, isso não importa.”
(
Çréla Prabhupäda Chegada Conversa , 17/5/1977, Våndävana)


O Çréla Prabhupäda é o Nosso Guru Eterno


Repórter: “O que irá acontecer ao Movimento nos Estados Unidos quando o senhor morrer?”
Çréla Prabhupäda: “Eu jamais morrerei.”
Devotos: “Jaya! Haribol!” (risadas.)
Çréla Prabhupäda: “Eu viverei para sempre em meus livros e vocês os utilizarão.”
(Çréla Prabhupäda Entrevista em São Francisco, 16/7/1975)

Senhora Indiana: “... o mestre espiritual permanecerá nos guiando depois da morte?”
Çréla Prabhupäda: “Sim, sim. Assim como Kåñëa está nos guiando do mesmo modo o mestre espiritual irá nos guiar.”
(Çréla Prabhupäda Palestra, 3/9/1971, London)

“A aliança eterna entre o mestre espiritual e o discípulo começa  no dia que ele o escuta.”
(
Çréla Prabhupäda Carta para Jadurani, 4/9/1972)

“A influência do devoto puro é tal que,  se alguém vem associar-se com ele com um pouquinho de fé, ele tem a chance  de escutar sobre o Senhor das escrituras autorizadas como o Çrémad-Bhägavatam e o Bhagavad-gétä. Este é o primeiro estágio da associação com o devoto puro.”
(Néctar de Devoção, Capítulo 19, [Pre-1977 Ed.])

“Estes não livros comuns. São cantos gravados;  aquele que os lê está escutando.”
(Carta para Rupanuga Dasa, 19/10/1974)

“A respeito do sistema de parampara não há nada para se maravilhar quando se vê grandes espaços de tempo [...] Nós temos que aceitar o äcärya proeminente e segui-lo.”
(Carta para to Dayananda, 12/4/1968)


Näräyana: “Então, aqueles discípulos que não têm a oportunidade de ver ou falar com o senhor...”
Çréla Prabhupäda: “Ele estava falando sobre isso, väëé ou vapuh. Mesmo se você não ver o seu corpo, você aceita suas palavras,  väëé.
Näräyana: “Mas como eles sabem que estão agradando o senhor?
Çréla Prabhupäda: “Se você de fato segue as palavras do guru, isso significa que ele está satisfeito. E se você não segue, como ele pode estar satisfeito?
Sudäma: “Não somente isso, mas sua misericórdia está espalhada em todos  lugares, e se nós nos beneficiarmos, como o senhor nos disse uma vez, então iremos sentir os resultados.”
Çréla Prabhupäda: “Sim.”
             Jayadvaita: “E se nós tivermos fé no que o Guru diz, então nós faremos isso automaticamente.”
Çréla Prabhupäda: “Sim. Meu Guru-mahäräja abandonou o corpo em 1936, e eu iniciei este movimento em 1965, 30 anos depois. Então? Eu estou recebendo a misericórdia do Guru. Isto é väëé. Mesmo se o Guru não estiver fisicamente presente, se você seguir väëé, então você está recebendo auxílio.”
Sudäma: “Então  separação está fora de questão enquanto o discípulo seguir as instruções do Guru.”
Çréla Prabhupäda: “Não. Cakhu-dän dilo jei. o que vem depois?”
                 Sudäma: Cakhu-dän dilo jei, janme janme prabhu sei.”
Çréla Prabhupäda: janme janme prabhu sei. Então, onde está a separação? Aquele que abre seus olhos, ele é seu  prabhu  nascimento após nascimento.”
(Caminhada matinal, 21/7/1975, São Francisco)


      Madhudviña: “Existe alguma forma para um cristão alcançar o céu espiritual , sem a ajuda de um mestre espiritual, crendo nas palavras de Jesus Cristo e tentando seguir seus ensinamentos?”
Çréla Prabhupäda: “Eu não compreendo.”
Tamäla Kåñëa: “Pode um cristão nesta era, sem um mestre espiritual, mas lendo a Bíblia, e seguindo as palavras de Jesus, alcançar o...”
Çréla Prabhupäda: “Quando você lê a Bíblia, você segue o mestre espiritual. Como pode você dizer ‘sem mestre espiritual’? Tão logo você leia a Bíblia, isso significa que você está seguindo as instruções do senhor Jesus Cristo, o que significa seguir o mestre espiritual. Então, onde está a chance  de estar sem mestre espiritual?
Madhudviña: Eu estou me referindo a um mestre espiritual vivo.”
Çréla Prabhupäda: Mestre espiritual não se trata de...  O mestre espiritual é eterno. O mestre espiritual é eterno. Então, a sua pergunta é: “sem um mestre espiritual”. Sem um mestre espiritual você não pode estar em fase alguma da vida. Você pode aceitar este mestre espiritual ou aquele. Isso é outra coisa. Mas você deve aceitar. Como você disse que “lendo a Bíblia”, quando você lê a Bíblia isso quer dizer que você está seguindo o mestre espiritual representado por algum sacerdote ou membro do clero na linha do Senhor Jesus Cristo.
(Çréla Prabhupäda Palestra, 2/10/1968, Seattle)

“Você perguntou se o Mestre Espiritual permanece no universo até que o discípulo seja transferido para o céu espiritual. A resposta é sim, esta é a regra.”
(Çréla Prabhupäda Carta para Jayapataka, 11/7/1969)


APÊNDICES

09 de Julho, 1977 Carta: “Para Todos GBC e Presidentes de Templo

A cópia da a atual carta



A atual matéria da a carta




10 de Julho, 1977 Carta 

A cópia da a atual carta


A atual matéria da a carta



11 de Julho, 1977 Carta 

A cópia da a atual carta


A atual matéria da a carta


21 de Julho, 1977 Carta 

A cópia da a atual carta


A atual matéria da a carta



31 de Julho, 1977 Carta

A cópia da a atual carta


A atual matéria da a carta



Declaração de testamento de Çréla Prabhupäda (4 de Junho, 1977) & Codicilo (5 de Novembro, 1977)

A atual Testamento 




A matéria no Testamento






Conversa no Quarto, dia 22 de Abril, 1977, Bombay

 Çréla Prabhupäda: “Eu disse a ele que ‘você não pode fazer assim independentemente. Você está indo bem, mas não faça isso na revista.’ (pausa) As pessoas se queixaram de Hamsadutta. Você sabia disso?””
Tamäla Kåñëa: “Eu não tenho certeza sobre incidentes particulares, mas tenho escutado no geral...”
 Çréla Prabhupäda:  “Na Alemanha. Na Alemanha.”
    Tamäla Kåñëa: “Os devotos  lá.”
Çréla Prabhupäda: “Muitas queixas.”
Tamäla Kåñëa: “Portanto, mudar é bom.”
 Çréla Prabhupäda: “Você se torna guru, mas você deve estar qualificado primeiro. Então você se torna.”
    Tamäla Kåñëa: “Ó, era este tipo de queixa.”
Çréla Prabhupäda: “Você  sabia disso?”
  Tamäla Kåñëa: “Sim, eu escutei isso, sim.”
Çréla Prabhupäda: “De que vale produzir um guru patife?”
Tamäla Kåñëa: “Bem, eu tenho estudado a mim mesmo e todos os seus discípulos, e está claro o fato de que nós todos somos almas condicionadas, então não podemos ser gurus. Talvez um dia isso seja possível...”
Çréla Prabhupäda: “Hm.”
   Tamäla Kåñëa: “...mas não agora.”
 Çréla Prabhupäda: “Sim. Eu produzirei alguns gurus. Eu direi quem é guru, ‘agora você se torna äcärya. Você se torna autorizado’. Eu estou esperando por isso. Vocês todos se tornam äcäryas. Eu me aposento completamente. Mas o treinamento deve ser completo.”
    Tamäla Kåñëa: “Deve haver um processo de purificação.”
Çréla Prabhupäda: “Ó sim, deve haver. Caitanya Mahäprabhu deseja: Ämära äjïäya guru haïä [Cc. Madhya 7.128]. “Você se torna guru.” (risos) Mas deve estar qualificado. Uma pequena coisa; seguidor estrito.”
    Tamäla Kåñëa: “Sem carimbos.”
Çréla Prabhupäda: “Assim vocês não serão efetivos. Poderão enganar, mas isso não será efetivo. Veja a nossa Gaudiya Math. Cada um queria se tornar guru,  um pequeno templo e “guru.” Que tipo de guru? Nenhuma publicação, nem pregação, simplesmente trazendo alguma comida... meu Guru Mahäräja costumava dizer: “bagunça aglomerada”, um lugar para comer e dormir. Amar amar ara takana: “bagunça aglomerada”. Ele disse isso.”



Conversa no Quarto, dia 27 de Maio, 1977, Våndävana

Bhavänanda: “Haverá homens, eu sei. Haverá homens que tentarão se apresentar como gurus.”
 Tamäla Kåñëa:  “Isso estava acontecendo muitos anos atrás. Os seus irmãos espirituais foram pensando assim. Madhava Mahäräja...”
Bhavänanda: “Ó, sim. Ó, preparados para pular.”
Çréla Prabhupäda: “É preciso uma administração muito forte e observação vigilante.”


Conversa no Quarto, dia 28 de Maio, 1977, Våndävana*

Satsvarupa dasa Goswami: “Então, nossa próxima pergunta diz respeito às iniciações no futuro, particularmente quando o senhor não estiver mais conosco. Nós queremos saber como  a primeira e segunda iniciações deverão ser conduzidas.”
Çréla Prabhupäda: “Sim. Eu irei recomendar alguns de vocês. Depois que isso estiver estabelecido eu irei recomendar alguns de vocês para agir como  äcäryas representante(s).”
Tamäla Kåñëa Mahäräja: “Isso é chamado åtvik äcärya?”
Çréla Prabhupäda: Åtvik. Sim.” 
Satsvarupa dasa Goswami: “Qual é a relação daquela pessoa que dá a iniciação e...”
Çréla Prabhupäda: “Ele é guru. Ele é guru.”
Satsvarupa dasa Goswami: “Mas  ele age em seu nome.”
Çréla Prabhupäda: “Sim. Isso é formalidade. Porque na minha presença ninguém deve se tornar guru, então, em meu nome, sob minha ordem, ämära äjïäya guru (haïä), seja realmente guru, mas sob minha ordem.”
Satsvarupa dasa Goswami: “Então eles podem ser considerados seus discípulos?”
Çréla Prabhupäda: “Sim, eles são discípulos, mas considere... quem...”
Tamäla Kåñëa Mahäräja: “Não. Ele está perguntando que esses åtvik äcäryas, eles estarão atuando, dando dékñä, as pessoas para quem eles dão dékñä são discípulos de quem?” 
Çréla Prabhupäda: “Eles são seus discípulos.”
Tamäla Kåñëa Mahäräja: “Eles são seus discípulos.”
Çréla Prabhupäda: “Quem inicia ... discípulo de seu discípulo...”
Satsvarupa dasa Goswami: (Sim)
Tamäla Kåñëa Mahäräja: (Isso está claro) (Vamos continuar) 
Satsvarupa dasa Goswami: “Então nós temos uma pergunta a respeito...”
Çréla Prabhupäda: “Quando eu ordenar vocês se torna guru; ele se torna guru regular. Isso é tudo. Ele se torna discípulo de meu discípulo. (É isso aí) (Veja só).”
* O conversação acima é composto por quatro históricos diferentes providenciados por GBC nas seguintes publicações.
1983: Çréla Prabhupäda-Lélämåta, Vol. 6 (Satsvarupa dasa Goswami, BBT)
1985: Under My Order (Ravindra-svarupa dasa)
1990: ISKCON Journal (GBC)
1995: Gurus and Initiation in ISKCON (GBC)

Conversa no Quarto, dia 7 de Julho, 1977, Våndävana


 Tamäla Kåñëa:  “Çréla Prabhupäda? nós estamos recebendo um grande número de cartas agora. Estas  são pessoas que querem ser iniciadas. Então, até agora, uma vez que o senhor está ficando doente, nós pedimos para que esperem.”
Çréla Prabhupäda: “O sannyäsés sénior no local pode fazer.”
 Tamäla Kåñëa: “É o que estávamos fazendo. Quero dizer, previamente nós estávamos  ... os sannyäsés GBC do local estavam cantando nas contas deles, e estavam escrevendo para Sua Divina Graça, e o senhor dava um nome espiritual. Então, devemos continuar com este processo, ou devemos... quero dizer, uma coisa é que se diz que o mestre espiritual aceita... o senhor sabe, ele aceita...  e tem que limpar o discípulo... então, nós não queremos que o senhor tenha que... já que sua saúde não está muito boa, para que não haja... é por isso que estamos pedindo a todo mundo que espere. Simplesmente quero saber se devemos continuar esperando um pouco mais.”
Çréla Prabhupäda: “Não, os sannyäsés seniores...”
Tamäla Kåñëa: “Então eles devem continuar a...”
Çréla Prabhupäda: “Você pode dar-me a lista de sannyäsés, eu irei selecioná-los...”
Tamäla Kåñëa: “Ok.”
Çréla Prabhupäda: “Você pode fazer. Kirtanananda pode fazer. Satsvarupa pode fazer. Estes três podem fazer.”
Tamäla Kåñëa: “Então, supondo alguém está na América, eles simplesmente deverão escrever para Kirtanananda ou Satsvarupa?”
Çréla Prabhupäda: “O mais próximo. Jayatirtha pode fazer.”
Tamäla Kåñëa: “Jayatirtha.”
Çréla Prabhupäda: “Bhavanan..., er, Bhagavän.”
Tamäla Kåñëa: “Bhagavän.”
Çréla Prabhupäda: “Ele também pode fazer...Harikesa.”
Tamäla Kåñëa: “Harikesa Mahäräja.”
Çréla Prabhupäda: “Cinco, seis homens podem se dividir; quem estiver mais próximo.”
Tamäla Kåñëa: “Quem estiver mais próximo. Então as pessoas não têm que escrever para Sua Divina Graça. Eles poderão escrever diretamente para aquela pessoa?”
Çréla Prabhupäda: “Hmm.”
Tamäla Kåñëa: “Atualmente eles estão iniciando no nome de Sua Divina Graça. As pessoas serão iniciadas ainda por Sua...”
Çréla Prabhupäda: “Segunda  iniciação, nós temos que pensar na segunda.”
Tamäla Kåñëa: “Isso é para a primeira iniciação. Ok, e para a segunda iniciação, por enquanto eles deveriam...”
Çréla Prabhupäda: “Novamente, eles devem esperar. A segunda iniciação, esta deve ser dada...”
Tamäla Kåñëa: “Há alguns devotos que estão escrevendo ao senhor pedindo segunda iniciação, e eu estou lhes escrevendo dizendo-lhes que esperem um pouco, porque o senhor  não está bem. Devo continuar dizendo isso?”
Çréla Prabhupäda: “Eles podem receber a segunda iniciação.”
Tamäla Kåñëa:  “Escrevendo ao senhor.”
Çréla Prabhupäda: “Não, a estes homens.”
Tamäla Kåñëa: “Estes homens, eles também podem fazer a segunda iniciação. Não há necessidade de que os devotos escrevam ao senhor pedindo a primeira e segunda iniciação. Eles podem escrever para aquele mais próximo deles. Porém todas estas pessoas ainda assim são seus discípulos. Qualquer pessoa que dê iniciação o fará em seu nome.”
Çréla Prabhupäda: “Sim.”
Tamäla Kåñëa: “O senhor sabe aquele livro que eu mantenho com os nomes de todos os seus discípulos?”
Çréla Prabhupäda:  “Hmm.”
Tamäla Kåñëa: “Então se alguém der iniciações, como Harikesa Mahäräja, ele deve enviar- nos os nomes das pessoas e eu farei seu registro no livro. OK. Há alguém na Índia que o senhor gostaria que fizesse isso?”
Çréla Prabhupäda: “Índia? Eu estou aqui. Nós veremos. Na Índia, Jayapataka.”
Tamäla Kåñëa: “Jayapataka Mahäräja.”
Çréla Prabhupäda: “Você também está na Índia.”
Tamäla Kåñëa: “Sim.”
Çréla Prabhupäda: “Você pode anotar estes nomes.”
Tamäla Kåñëa: “Sim, eu os tenho.”
Çréla Prabhupäda: “Quem são eles?”
Tamäla Kåñëa: “Kirtanananda Mahäräja, Satsvarupa Mahäräja, Jayatirtha Prabhu, Bhagavän Prabhu, Harikesa Mahäräja, Jayapataka Mahäräja and Tamäla Kåñëa Mahäräja.”
Çréla Prabhupäda: “Está certo.  Agora distribua.”
Tamäla Kåñëa: “Sete. Há sete nomes.”
Çréla Prabhupäda: “Por enquanto sete nomes. Suficiente. (Um pouco depois) Você pode escrever, Rameçvara.
Tamäla Kåñëa: Rameçvara Mahäräja.”
Çréla Prabhupäda: “E Hådayananda.
Tamäla Kåñëa: “Ó, América do Sul.”
Çréla Prabhupäda: “Então sem esperar por mim, quem quer que você considere que mereça. Isso dependerá de discrição.”
Tamäla Kåñëa: “Com discrição.”
Çréla Prabhupäda: “Sim.”
Tamäla Kåñëa: “Isso é para primeira e segunda iniciações.”
Çréla Prabhupäda: “Hmm.”
Tamäla Kåñëa: “Devo enviar o grupo de kértana, Çréla Prabhupäda?”

Conversa no Quarto, dia 19 de Julho, 1977, Våndävana

 Tamäla Kåñëa: “Upendra e eu podemos ver que... (interrompido).”
Çréla Prabhupäda: “E ninguém irá  perturbar você lá. Faça seu próprio campo e continue sendo um åtvik, e atue sob minha ordem. As pessoas estão se tornando simpatizantes aqui. O lugar é muito bom.”
Tamäla Kåñëa: “Sim. Ele diz: ‘a introdução do Bhagavad-gétä está sendo traduzida em Tamil, e terei o segundo capítulo feito em seguida, então publicarei um pequeno livreto para distribuição.’”

Conversa no Quarto, dia 18 de Outubro, 1977, Våndävana

Çréla Prabhupäda: “Hare Kåñëa. Um cavalheiro bengali veio de Nova Iorque?” (um homem havia viajado de Nova Iorque para ser iniciado por Çréla Prabhupäda).
Tamäla Kåñëa: Sim. O Sr. Sukamal Roy Chowdury.”
Çréla Prabhupäda: “Então, eu apontei alguns de vocês para iniciar? Hmm?”
Tamäla Kåñëa: “Sim. Na verdade... Sim, Çréla Prabhupäda.”
Çréla Prabhupäda: “Então,  eu penso que Jayapataka pode fazer isso se você quiser. Eu já fiz as nomeações. Diga à ele.” 
Tamäla Kåñëa: “Sim.”
Çréla Prabhupäda: “Que alguns foram nomeados; o nome de Jayapataka está lá? ”
Bhagavän: “Ele já está lá, Çréla Prabhupäda. Eu nome estava nessa lista.”
Çréla Prabhupäda: “Então, eu o apontei para fazer isso em Mayapur e ele pode ir com ele. Eu parei por enquanto. Está certo?”
Tamäla Kåñëa:  “O quê, Çréla Prabhupäda?”
Çréla Prabhupäda: “Esta iniciação; eu apontei alguns dos meus discípulos, está claro ou não?”
Giriräja: “Está claro.” 
Çréla Prabhupäda: “Você tem a lista de nomes?”
Tamäla Kåñëa: “Sim, Çréla Prabhupäda.
Çréla Prabhupäda: “E se pela misericórdia de Kåñëa eu me recuperar desta condição, então eu começarei ou não, mas nesta condição iniciar não é bom.”

Conversa no Quarto, dia 2 de Novembro, 1977, Våndävana

(Çréla Prabhupäda está explicando o que foi discutido com os convidados)
Çréla Prabhupäda: “... então, “depois de você, quem tomará a liderança?” e “(eu disse) cada um tomará. Todos meus discípulos; se você quiser você  também pode tomar (risos). Mas se você seguir. Eles estão preparados para sacrificar tudo. Eles irão tomar a liderança. Eu posso partir. Mas haverá centenas. Centenas irão pregar. Se você quiser você  também pode ser líder. Nós não temos tal coisa como ‘aqui está o líder’. Qualquer um que seguir o líder anterior, ele é líder”
Tamäla Kåñëa: “Hmm.”
Çréla Prabhupäda: “‘Indiano! Nós não temos tal distinção. ‘Indiano’, ‘Europeu.’”
                   Devoto: “Eles querem um líder indiano?”
Çréla Prabhupäda: “Sim. Todos, todos meus discípulos são líderes. Uma vez que seguem genuinamente, eles se tornam líderes. Se você  seguir, você pode se tornar líder. Mas você não segue. Eu disse isso. (pausa).” 
      Tamäla Kåñëa: “Sim, eles provavelmente queriam propor alguém que iria tomar o  nosso Movimento”
Çréla Prabhupäda: “Sim. líderes. Tudo bobagem.  Líder significa que alguém se tornou um discípulo de primeira classe. Ele é líder, Evaà paramparä präpta..., aquele que segue de forma perfeita... Nossa instrução é  ära nä kariha mane äçä. Você conhece isso? O que é isso? Guru-mukha-padma-väkya, cittete kariyä aikya, ära nä kariha mane äçä. Quem é o líder? um líder..., tornar-se líder não é muito difícil, contanto que se esteja preparado para seguir as instruções de um guru fidedigno.”

Confissões de Tamäla Kåñëa na Casa da Pirâmide, 3 de Dezembro de 1980

Tamäla Kåñëa Mahäräja: “Eu tive uma certa realização há uns poucos dias atrás. [...] Existem obviamente muitas afirmações feitas por Çréla Prabhupäda que seu Guru- Mahäräja não nomeou ninguém como sucessor [...] mesmo em seus livros Çréla Prabhupäda disse que guru significa por qualificação.

A inspiração veio porque eu tinha uma pergunta pessoal, então Kåñëa falou. Realmente,  Prabhupäda jamais apontou nenhum guru. Ele apontou onze åtviks; ele jamais os apontou como gurus. Eu e os outros membros do GBC causamos um grande dano a este Movimento nestes últimos três anos, porque nós interpretamos o apontamento de åtviks como sendo apontamento de gurus.

Eu irei explicar o que de fato aconteceu. Eu havia explicado, mas a interpretação estava errada. O que aconteceu realmente foi que  Prabhupäda mencionou que iria apontar alguns åtviks, então o GBC se reuniu por várias razões, e eles foram até  Prabhupäda, cinco ou seis de nós (isso se refere à reunião de maio de 1977); nós perguntamos: ‘Çréla Prabhupäda, após a sua partida, se nós aceitarmos discípulos, de quem eles serão discípulos, seus ou nossos?’

Mais tarde havia uma lista de pessoas para receber iniciação, e era grande. Eu disse: ‘Çréla Prabhupäda, certa vez o senhor mencionou sobre åtviks. Eu não sei o que fazer. Nós não queremos abordá-lo, mas há milhares de devotos listados, e eu estou apenas segurando todas estas cartas. Eu não sei o que o senhor quer fazer’.


Çréla Prabhupäda disse: ‘tudo certo, eu irei apontar alguns...’, e ele começou  a nomeá-los [...] Ele deixou bem claro que eles seriam discípulos dele. Neste ponto estava muito claro em minha mente que eles eram discípulos dele. Mais tarde, eu fiz duas perguntas a ele, uma: ‘sobre Brahmananda Swami?’ eu perguntei isso a ele porque eu tinha afeição por Brahmananda Swami. [...] Então Çréla Prabhupäda disse: ‘Não, não a menos que ele seja qualificado’. Antes de ir datilografar a carta, eu perguntei a Çréla Prabhupäda, dois: ‘Çréla Prabhupäda, isso é tudo ou o senhor deseja adicionar mais?’. Ele disse: ‘na medida do necessário, outros mais podem ser adicionados’. Agora eu entendo que o que ele fez foi muito claro. Ele estava fisicamente incapaz de executar a função de iniciação; portanto, ele apontou sacerdotes representantes para iniciar  em seu nome. Ele apontou onze, e  disse muito claramente: ‘Quem quer  esteja mais próximo pode iniciar’. Isso é muito importante, porque quando se trata de iniciação, não é uma questão de quem está mais próximo, e sim de quem está em seu coração. A pessoa na qual você põe sua fé, você se inicia com ele. Porém, quando se trata de formalidade, é simplesmente quem  estiver mais próximo, e isto estava muito claro. Ele nomeou- os. Eles estavam espalhados ao redor de todo o mundo, e ele disse: ‘Quem quer que esteja mais próximo, você deve se aproximar dessa pessoa, e eles irão examiná-lo. Então, em meu nome, eles irão dar iniciar.’

Não é uma questão de ter fé nessa pessoa, nada. Esta é a função do guru. Prabhupäda falou: ‘A fim de administrar este Movimento, eu tenho que formar um GBC, e eu irei nomear as seguintes pessoas. A fim de continuar o processo para que as pessoas juntem-se ao nosso Movimento e  sejam iniciadas, eu tenho que nomear alguns sacerdotes para me ajudar [...] porque eu não posso lidar fisicamente  com todos’.

E isso foi tudo , e nunca foi mais do que isso, você pode apostar seu último dólar que Prabhupäda esteve falando por dias, horas e semanas a fio, sobre como configurar esta coisa com os gurus, porque ele já havia de fato dito isso um milhão de vezes. Ele disse: ‘Meu Guru-Mahäräja não apontou ninguém. Isso é por qualificação’. Nós cometemos um grande erro. Após a partida de  Prabhupäda qual é a posição destas onze pessoas?” [...]

Prabhupäda  mostrou que isso não era  apenas para sannyäsés. Ele nomeou duas pessoas que eram grihastas, que poderiam pelo menos ser åtviks, mostrando que eles eram iguais a qualquer sannyäsé. Então, qualquer um que seja espiritualmente qualificado – é sempre  entendido que você não pode aceitar discípulos na presença de seu guru, mas quando o guru desaparece você pode aceitar discípulos se você for qualificado e alguém pode pôr sua fé. Certamente, eles (os candidatos a discípulo) deveriam avaliar plenamente para poder distinguir quem é um guru apropriado. Mas se você é um guru apropriado, e seu guru não está mais presente, este é o seu direito. Assim como um homem pode procriar [...] Infelizmente o GBC não reconhece este ponto. Imediatamente eles (assumiram, decidiram) que essas onze pessoas eram os gurus selecionados. Por mim mesmo eu posso dizer definitivamente, e pelo qual eu humildemente peço perdão para todo mundo,  que havia definitivamente um certo desejo de tentar controlar [...] Essa é a natureza condicionada, e ela apareceu na mais alta posição para todos: “Guru, ó, maravilhoso! Agora eu sou guru, e há apenas onze de nós”[...] Eu sinto que esta realização ou este entendimento é essencial se nós queremos evitar  que mais incidentes futuramente aconteçam, porque, creiam-me, isso irá se repetir. Isso é uma questão de tempo, até que as coisas tenham desbotado um pouco, e novamente outro incidente irá acontecer, seja aqui em L.A., ou em algum outro local. Isso irá acontecer continuamente até que vocês permitam que a verdadeira força espiritual de Kåñëa seja exibida sem restrições. [...] Eu sinto que o GBC, se eles não adotarem este ponto muito rapidamente, se eles não adotarem esta verdade:  Vocês não podem me mostrar qualquer gravação ou um escrito onde  Prabhupäda diga: “Eu apontei este onze gurus”. Isso não existe porque ele jamais apontou nenhum guru. Isso é um mito [...] No dia que você recebe a iniciação você obtém o direito de se tornar um pai quando seu pai desaparecer, se você for qualificado. Nenhum apontamento. Isso não requer uma nomeação, porque não existe uma.”